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- Podcast Empreendendo na Periferia - ep. 1: Vagner Pinheiro
O Podcast Empreendendo na Periferia é um espaço onde histórias reais e dicas práticas se encontram para fortalecer o empreendedorismo que nasce das periferias do Brasil. É uma produção da Aventura de Construir, a AdC, ONG que atua no apoio ao crescimento pessoal e a transformação socioeconômica desse público, os microempreendedores das periferias , promovendo sua formação e fortalecimento. A cada episódio, traremos convidados especiais que compartilham suas experiências, desafios e sucessos no mundo do empreendedorismo . São verdadeiros protagonistas de suas vidas, seus negócios e suas comunidades. No episódio de hoje, Leonardo Alqualo , coordenador do nosso projeto Lamberti Fortalece, conversa com Vagner Pinheiro , um cuteleiro de Nova Odessa, São Paulo. Nos siga nas plataformas de áudio e nas redes sociais para não perder nenhum episódio. Produção de Leonardo Alqualo, Vinicius Dutra e Sofia Missiato Edição de Vinicius Dutra
- Um Caminho para a Inovação Social e Impacto Sistêmico: Entrevista com Monica Pasqualin
Por Sofia Missiato As transformações digitais e inovações tecnológicas estão remodelando o trabalho e o acesso à renda, educação e saúde. No entanto, com a pandemia, conflitos globais e a polarização política, essas mudanças têm intensificado a desigualdade no mundo. Ainda assim, existem caminhos para mitigar retrocessos e impulsionar o desenvolvimento sustentável. Para apontar soluções às consequências negativas e impulsionar os processos positivos desse novo quadro, no Rio de Janeiro, o Festival ODS 2024 reuniu líderes, especialistas e entusiastas para discutir as estratégias e desafios na busca pelo cumprimento das metas estabelecidas pela Agenda 2030 da ONU. O evento, em sua quarta edição, foi organizado pela Agenda Pública em parceria com a Prefeitura de Niterói e com o apoio da Fundação Grupo Volkswagen. O objetivo central foi debater e propor soluções para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um compromisso firmado por 193 Estados-membros da ONU, incluindo o Brasil. Desafios na Concretização dos ODS Monica Pasqualin, chefe executiva do Catalyst 2030, participou do evento e destacou a importância da inovação pública e social na aceleração do cumprimento das metas da Agenda 2030. Em entrevista à Aventura de Construir , Pasqualin apontou que, embora a meta global seja alcançar os ODS até 2030, apenas 15% das metas foram atingidas globalmente, com o Brasil ainda mais atrasado, conforme indicado pelo Relatório Luz , que monitora o progresso das metas no país. Durante o Festival, Pasqualin mediou uma mesa de diálogo sobre o Futuro do Trabalho e a inclusão intergeracional . O debate abordou a dificuldade de inclusão tanto de profissionais com mais de 50 anos quanto de jovens que estão ingressando no mercado de trabalho. O empreendedorismo foi apontado como uma solução viável para essas populações, especialmente em contextos vulneráveis, alinhando-se com a atuação da Aventura de Construir, que apoia o desenvolvimento de empreendimentos em áreas periféricas. State of the Future: Inovação Social no Palco Global Monica Pasqualin também contou sobre um evento internacional paralelo realizado também no Rio de Janeiro. Organizado pelo Ministério de Gestão e Inovação e Serviços Públicos, em colaboração com outros ministérios brasileiros, o evento reuniu especialistas para discutir temas como inovação pública e social . Pasqualin ressaltou a participação de Jeroo Billimoria, fundadora da One Family Foundation , que compartilhou sua vasta experiência em mudança de sistemas colaborativos. Durante o evento, foi anunciada a iniciativa Government Champions, secretariada pelo Catalyst 2030, que visa promover a troca de experiências entre governos de todo o mundo para desenvolver ambientes de negócios mais favoráveis e impulsionar a economia de impacto. Países como Brasil, Alemanha, Portugal, Espanha e França estão entre os participantes dessa iniciativa. A discussão também explorou a importância da convivência intergeracional nas empresas, enfatizando que abordagens que integram diferentes gerações podem gerar resultados mais ricos e diversos. "As empresas que promovem mentorias cruzadas, onde tanto os mais velhos quanto os jovens aprendem uns com os outros, tendem a ter uma maior adaptabilidade e sucesso" , destacou Pasqualin. Outro ponto de destaque foi a fala de Pedro Nery , diretor de assuntos internacionais da Vice-Presidência da República, que discutiu o impacto econômico das políticas públicas voltadas para jovens e para a população com mais de 50 anos. Ele argumentou que a convergência intergeracional pode ser uma estratégia eficaz para enfrentar os desafios econômicos atuais. "O empreendedorismo não é apenas uma resposta ao desemprego, mas também uma forma de gerar renda e promover a sustentabilidade" Pasqualin destacou a importância de integrar a sustentabilidade no planejamento dos empreendimentos desde o início, especialmente em um contexto de mudanças climáticas. "Mesmo que pequeno, um negócio que já nasce com critérios de sustentabilidade estará mais preparado para enfrentar os desafios futuros". O Papel do Catalyst 2030 na Promoção da Economia de Impacto O Catalyst 2030, movimento global criado em 2019, nasceu da necessidade de unir empreendedores sociais de diversos países para alcançar os ODS. O capítulo brasileiro do Catalyst, que conta com 203 membros e impacta cerca de 2 bilhões de pessoas globalmente, tem se destacado na promoção da economia de impacto, apesar dos desafios enfrentados na colaboração prática entre seus membros. Pasqualin enfatizou a importância das coalizões globais, como o Catalyst, na promoção de uma economia mais equitativa e sustentável. Essas coalizões permitem uma representação mais forte das necessidades dos empreendedores sociais e facilitam o diálogo com tomadores de decisão para a criação de políticas públicas mais eficazes. Relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2024
- Construindo Pontes - Esperança
Ei pessoal, que tal embarcarmos juntos numa história inspiradora? Hoje, vou te levar para o dia 23 de agosto de 2023, uma quarta-feira cheia de construção e conexões na Aventura de Construir (AdC). Sabe esse blog incrível de sustentabilidade que a gente ama? Pois é, a cada mês ele nos mostra um panorama dos projetos que estão fazendo a diferença. Mas dessa vez, quero te contar algo especial, algo que vai além. Vou te mostrar as pontes que estão sendo construídas entre a AdC e aqueles que estão sendo beneficiados por ela. Participei de uma visita que transformou tudo. Levei Gianluca Remondini, membro fundador do assembleia da AdC, para conhecer o projeto que coordeno atualmente, o ProtagonizaAqui. Este incrível projeto beneficia migrantes latinos em São Paulo , fruto da parceria entre AdC , Casa Venezuela e Missão Paz , com apoio da IAF . Seu objetivo é integrar migrantes na sociedade brasileira por meio de formação integral, culinária e empreendedorismo, desenvolvidos em quatro etapas ao longo de mais de um ano. Mas, calma aí, que as pontes estão só começando. Imagina essa cena: Gianluca . um italiano e uma venezuelana chamada Milagros, todos sentados lado a lado, trocando ideias e histórias. Milagros veio da Venezuela há pouco mais de 15 meses para trazer seus netos à guarda de seu filho, que reside aqui há quase 4 anos. A situação lá era complicada; ela era fazendeira de gado e administrava um hotel, mas com a crise, as coisas se tornaram muito difíceis. Agora ela vive em um barraco em São Paulo com seus netos e filhos. Após conhecer a AdC, participou do projeto e trouxe um prato autoral, a "batata louca" . Quando Milagros chegou ao Brasil, sua primeira ocupação foi como faxineira. Embora esse trabalho permitisse que ela pagasse suas contas, demandava esforço físico extenuante e a afastava de seus netos. Em maio, quando começou a participar do projeto "ProtagonizAqui", teve a oportunidade de aprender sobre educação financeira e gradualmente se aproximou de seus colegas. As aulas, todas em português, a incentivaram a aprimorar seu domínio do idioma, superando a timidez inicial. Ao longo do projeto, seu interesse na trilha do empreendedorismo cresceu. Participando das aulas práticas, Milagros absorveu conhecimentos valiosos, como boas práticas de higiene e manipulação de alimentos com a nutricionista Juliana Calia . Além disso, as aulas com o renomado chef Sumito Estévez não apenas forneceram conhecimentos técnicos, mas também a reconectaram com as tradições e aromas de sua terra natal. Com apoio da equipe, Milagros preparou sua candidatura para um edital e recebeu um capital semente. Com esse investimento, adquiriu um carrinho para vender sua criação culinária exclusiva, a "batata louca", na comunidade. Essa oportunidade permitiu que ela deixasse o trabalho de faxineira e ficasse mais próxima de seus netos. Seu prato cativou o público, e atualmente ela atende cerca de cinco bairros, com mais de 60 clientes fiéis . É importante ressaltar que Milagros enfrentou desafios significativos na comunicação, no entanto, seu comprometimento a impulsionou a aprimorar seu domínio do português e ganhar cada vez mais confiança, tanto nos processos culinários quanto na gestão de seu empreendimento. Sua transformação foi tão inspiradora que ela se tornou a protagonista de uma reportagem que narra sua incrível história. Para acessar, basta clicar aqui . Agora voltamos para a visita! Imagina esse encontro: o Gianluca comanda na América Latina uma empresa multinacional. Parece improvável, né? Mas ali estávamos nós, todos ouvidos, todos compartilhando. E tem mais! Outra visita, outro encontro. Agora com o Manuel , um peruano que não entendia nada de culinária, mas tinha uma paixão : instalações elétricas . Ele juntou isso com a ajuda da AdC e formulou um prato culinário elétrico que surpreendeu a todos. Ele conseguiu o suporte financeiro para começar seu negócio de "Marido de Aluguel". E olha, não foi fácil. Ele veio para o Brasil em 2020 para visitar a filha, mas a pandemia mudou tudo. Com um sorriso, ele nos contou como a AdC mudou sua vida: desde o começo do projeto, ele se sentiu muito acolhido pela equipe, e aos poucos, foi criando um laço afetivo com os colegas, que se firmou ainda mais durante as aulas presenciais . Mais tarde, quando chegou o momento de se candidatar ao edital, Manuel contou com um apoio muito próximo da equipe para criar e adaptar seu plano de negócios Para ele, esse conhecimento não apenas foi fundamental para efetuar sua inscrição no edital, mas também impulsionou sua confiança e autoestima. Manuel passou a acreditar ainda mais em si mesmo e nas suas capacidades. O empreendedor compartilha que antes de ingressar no projeto "ProtagonizAqui", ele fazia alguns trabalhos temporários, mas de forma irregular. Ele sempre teve muitas ideias, mas encontrava dificuldades em organizá-las e gerenciar seu tempo de maneira eficaz. No entanto, com os conhecimentos adquiridos no curso, conseguiu reestruturar sua rotina, estabelecendo prioridades para suas tarefas. Atualmente, ele utiliza a Agenda Google para organizar seus clientes e também suas atividades. O capital semente permitiu que ele investisse em seu negócio, adquirindo equipamentos como parafusadeira, furadeira martelete e multímetro amperímetro. De acordo com suas palavras: "Antes, eu levava cerca de 3,5 a 4 horas para montar um armário. Agora, com a parafusadeira, consigo fazer em 2,5 a 3 horas, no máximo. Além disso, posso oferecer serviços de instalação de armários na parede , já que tenho uma furadeira martelete. Com o amperímetro, posso garantir serviços de alta qualidade em instalações elétricas e reparos de eletrodomésticos." Hoje em dia, ele conseguiu aumentar sua base de clientes em 20% e aumentar em 50% a contratação de seus serviços . Para além de economizar aproximadamente 25% do tempo total. Manuel também adquiriu um notebook , que possibilitou a ele realizar cursos online, como por exemplo o de “conserto de eletrodomésticos da linha branca”, e pesquisas. Nas palavras dele: "Estou aprendendo a usar o Canva para melhorar meu cartão de visita e a divulgação dos meus serviços." Hoje, ele é a base de sua família, a cultivando com muito amor: cuidando da esposa, da filha e até do sogro que infelizmente ficou doente. Sua jornada empreendedora não apenas transformou sua vida profissional, mas também o capacitou a enfrentar os desafios pessoais com determinação e coragem . No dia de hoje, ganhei uma valiosa lição através de uma conversa com Gianluca. Logo após a visita, perguntei a ele sobre o impacto dessas visitas, do projeto e das pessoas envolvidas. Sua resposta foi reveladora: "Estar presente lá faz toda a diferença. Observar essas histórias de indivíduos que vieram de tão longe nos conecta a algo grandioso. Essa experiência nos proporciona um crescimento conjunto." A lição do dia? Dê uma olhada ao redor. Um simples gesto, uma conversa sincera podem transformar vidas. E que tal se tornar uma ponte? Seja parte dos nossos projetos como beneficiário, voluntário, apoiador ou, acredite, a melhor parte é ser uma ponte entre as pessoas. Vamos juntos construir um mundo melhor. Até a próxima aventura, Caique Caetano Coordenador de Projetos na AdC
- Avaliação de Impacto Socioambiental para Negócios de Periferia
A jornada de sustentabilidade deste mês destaca a importância do monitoramento contínuo e da avaliação de impacto socioambiental para consolidação e sustentabilidade dos empreendimentos periféricos incubados, acelerados e acompanhados pela Aventura de Construir. Confira. Mais do que apenas um modismo passageiro, acreditamos que a busca por propósito e por impacto social positivo por parte dos empreendimentos de periferia é uma tendência que veio para ficar, e que se consolidou ao longo dos últimos anos. Assim como a produtividade, qualidade, competitividade e tecnologias digitais que surgiram no passado e mantiveram-se relevantes até os dias atuais, trata-se de um tema imprescindível e de extrema importância, inclusive por conta do elevado risco de ampliação da desigualdade social e do agravamento das condições ambientais em todo o planeta. No Brasil não foi diferente, o ecossistema de negócios de impacto cresceu muito nos últimos anos , não só com empreendedores sociais surgindo em todos os extremos territoriais do país, mas fundos de investimento e aceleradoras dedicados ao setor. Com capacidade de uma rápida adaptação e inovação frente aos novos desafios econômicos, políticos e sociais, os negócios de impacto social estão sendo implementados e posicionados para encontrar soluções tendo em vista o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030. Os pequenos negócios periféricos desempenham um papel vital para promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável , o emprego e o trabalho decente , bem como impulsionar a produção sustentável e fomentar a inovaçã o. Neste contexto, a Aventura de Construir tem como objetivo dar luz e foco ao desenvolvimento de negócios de impacto social nas periferias do Brasil , que são negócios que almejam ao mesmo tempo um impacto socioambiental positivo e retornos financeiros. Para isso, a instituição vem ao longo dos anos desenvolvendo e consolidando metodologias de avaliações de impacto e de monitoramento contínuos, as quais permitem a compreensão de como os projetos que são atendidos pela instituição estão, ou não, cumprindo com os objetivos propostos. A percepção de que a realidade de um negócio de impacto social de periferia não estaria contemplada pela avaliação tradicional levou a aplicação da Teoria da Mudança, para mapearmos aquilo que buscamos alcançar e identificando o que deveria ser mensurado. O resultado foi um sistema de avaliação de impacto para negócios de impacto social, composto por 5 categorias e 13 métricas genéricas a serem complementadas com métricas específicas de acordo com o propósito de cada empreendimento. O “Painel de Indicadores” é composto por treze variáveis complementares , que passam por questões de meio ambiente ; captação de recursos ; relacionamentos institucionais; sustentabilidade financeira e impacto na rede . Esse conjunto de variáveis foi elaborado buscando observar os pontos mais relevantes para a atuação prolongada desses negócios a fim de potencializar os impactos que cada um deles pode gerar para sua cadeia e para a sociedade como um todo. Assim, a avaliação é realizada a cada seis meses para identificar a trajetória dos empreendimentos e a importância de examinar as estratégias subjacentes aos resultados e explorar maneiras de aprimorar ainda mais as iniciativas e seus impactos. Na última avaliação de Impacto Socioambiental que teve início em novembro de 2022 e foi finalizada em março deste ano (P5) em síntese, os dados mostram um pequeno aumento das ações ambientais , com especial atenção à redução do uso do plástico (embalagens), do consumo de água e avanço da logística reversa, com iniciativas de reuso de garrafas de vidro e a separação do material reciclável pelos empreendedores que os destinam às cooperativas. Além disso, houve um aumento de 55% das organizações inseridas e ativas em suas redes , um aumento de 50% no número de empregados na rede , com um aumento de 48% no número de mulheres e o aumento de 42% de pessoas formalizadas . Adicionalmente, os números indicam um aumento de 25% das receitas, o que mais uma vez demonstra o quanto é importante consolidar e traçar estratégias a partir do monitoramento contínuo e sistemático e da avaliação de impacto. Esses dados indicam, portanto, que o processo de formalização dos trabalhadores teve como protagonistas as mulheres , sobretudo no que diz respeito à criação de MEIs, o que indica um aumento expressivo de mulheres retornando ao mercado de trabalho formal, mas não via CLT, demonstrando como o empreendedorismo é uma alternativa viável de sobrevivência dentro dos territórios que vivem, associando vida pessoal e profissional . Agora, vamos à alguns exemplos concretos , que demonstram mais uma vez como o monitoramento contínuo é uma ferramenta necessária para ajuste de rotas e para potencialização dos impactos e da sustentabilidade dos empreendimentos periféricos. Diego, dono da empresa Okê Aventura , aumentou sua margem de lucro em 17.96%, mantendo seus resultados financeiros saudáveis. Além disso, conseguiu uma evolução em sua captação de recursos , com recursos advindos do Fundo Periferia Empreendedora. Portanto, manter-se em dia com as finanças, realizando a previsão de gastos e receitas, foi uma prática fundamental para garantir sua estabilidade e a saúde financeira de seu negócio, que, claro, só pôde ser identificada com as pesquisas realizadas de forma comparativa ao longo do tempo. Leidson, dono da empresa Velho Chico , assim como Diego, é um empreendedor que com base nos dados de receita e lucro fornecidos nas pesquisas, obteve um crescimento significativo em seu faturamento, tendo aumentos consideráveis tanto na receita quanto no lucro . Contudo, a partir da aplicação das pesquisas, também foi possível observar que existe um fator fundamental para seu negócio, que é a questão da sazonalidade das atividades turísticas da região (Peruaçu, MG) onde está inserido, em consequência aos padrões climáticos. Para ele, entender como os fatores climáticos afetam seus resultados foi fundamental para tomar decisões estratégicas e potencializar seu nicho de atuação com o ecoturismo . Embora a sazonalidade seja um desafio, também pode ser uma oportunidade para inovação e crescimento sustentável . Melissa, dona da empresa Cerveja Corisca , é uma empreendedora que apostou em um mercado majoritariamente e tradicionalmente voltado para o público masculino, porém, ela teve uma iniciativa inovadora de pensar no público de mulheres e ter sua produção feita exclusivamente por mulheres de periferia , em sintonia com os princípios da economia solidária e da valorização da comunidade local , o que reflete seu compromisso genuíno com a sustentabilidade em suas várias dimensões . Com a avaliação de impacto realizada ao longo do tempo, foi possível mensurar que a formação de parcerias foi um ponto fundamental e uma estratégia vital para impulsionar o crescimento e a visibilidade de seu negócio, e para a Cerva Corisca, isso tem se mostrado eficaz em seu compromisso com o desenvolvimento local, a economia solidária e a valorização das mulheres. Fica nítido como a coleta de dados e sua sistematização pode ser um desafio, mas também possui um significado profundo por trás, não é apenas uma atividade, mas sim uma ferramenta poderosa para impulsionar o crescimento do seu empreendimento , mergulhar nas suas nuances e identificar oportunidades de evolução . Através do seu trabalho, não apenas oferece produtos excepcionais, mas também desafia os paradigmas estabelecidos, promovendo o impacto social e a igualdade de gênero . Desta forma, com o auxílio da AdC para implementar um sistema de gestão de indicadores de monitoramento socioambiental , com sua metodologia consolidada, coletando os dados periodicamente, analisando e apresentando para cada empreendedor os resultados, tornou-se possível dar suporte às suas tomadas de decisões , permitindo um melhor acompanhamento da gestão interna de seus negócios e, sobretudo, ensinando-os o uso dessa ferramenta simples e ágil para medir seus resultados. Por isso acreditamos que somente através do monitoramento contínuo e da avaliação de impacto, levando em consideração o que deve ser medido através desses indicadores quantitativos e qualitativos categóricos , que se torna possível propor correções e consolidar mudanças de rotas em cada projeto executado, crescendo junto com os negócios de impacto socioambiental e contribuindo ainda mais no ecossistema de impacto no Brasil ! Quer saber mais sobre a importância da avaliação de impacto? Entre em contato com a gente!
- O Método da Tomada de Decisão aplicada aos negócios periféricos do Projeto Decisão Empreendedora
A jornada de sustentabilidade deste mês destaca a importância da estruturação da tomada de decisão como metodologia para a consolidação e crescimento dos empreendimentos periféricos incubados, acelerados e acompanhados pela Aventura de Construir, no Projeto Decisão Empreendedora, financiado pelo Instituto SYN . Confira. O Projeto Decisão Empreendedora que teve início em fevereiro de 2023, teve como objetivo central o fortalecimento do processo de tomada de decisão dos empreendedores participantes. A trilha foi percorrida iniciando com um ciclo básico com os temas iniciais de planejamento estratégico, controle financeiro e processo de tomada de decisão e, posteriormente, oito eixos temáticos foram aprofundados, perpassando temas de extrema importância como finanças, fluxo de caixa, precificação, planejamento, marketing, vendas e pós-vendas, logística e ESG. No ciclo básico do projeto, a Análise SWOT proporcionou um mergulho no mapeamento dos seus empreendimentos, consolidando um raio X estratégico e fornecendo uma visão geral dos negócios que estabeleceu as bases para o percurso que se seguiria , com uma equipe extremamente especializada e competente. Essa análise foi considerada um dos marcos fundamentais do projeto e não é à toa que os relatos sobre essa metodologia foram super potentes, sendo considerada um divisor de águas tanto dentro do curso , como na vida deles , atuando como um farol que lança luz sobre seus caminhos profissionais e pessoais e proporcionando uma base sólida para suas escolhas estratégicas. Com o decorrer do projeto, a equipe teve contato com o livro “Rápido e Devagar: duas formas de pensar”, de Daniel Kahneman, obra que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2002 e que passou a fazer parte do método utilizado , por ser uma literatura que inspira e sistematiza todos os passos para uma boa tomada de decisão , seja com objetivo de definir uma questão simples do cotidiano , até as decisões mais complexas e que terão consequência para diversas pessoas , ou até mesmo para o mundo, como no caso de chefes de estado. Nesta obra, a equipe encontrou um campo fértil de análise e de inspiração que emergiram nas aulas, levando em consideração que o processo de tomada de decisão é uma habilidade fundamental para a prosperidade dos negócios , mas pode ser desafiador implementar como parte de um processo eficaz. Equívocos comuns e diversos podem ser evitados com a coleta do máximo de informações e sua sistematização e análise constante , garantindo, desta forma, sua independência, um processo que Daniel Kahneman denomina “higiene de decisão”. Foi assim que, a partir dessas assessorias, capacitações e todo o trajeto trilhado no projeto, os objetivos foram definidos e o conhecimento tornou-se mais sólido e prático. Com as ferramentas estabelecidas , os dados sistematizados e analisados constantemente , caminhos e planos foram traçados e, com isso, decisões precisas foram tomadas a partir de uma lição clara: nunca deixe de praticar seu poder de decisão de forma ponderada e racional! Toda essa importância do caminho trilhado exposto acima, fica evidente em suas experiências e nos relatos que seguem, que são indicadores qualitativos de extrema importância para todos nós! Alexsandro Nascimento É um empreendedor que tinha um mercadinho em um bairro de Santana do Parnaíba, mas na região onde atuava o público estava acostumado com o fiado, o que prejudicava muito seu desenvolvimento. Com isso, o empreendedor não conseguia crescer, muito menos fazer novas aquisições com o que ganhava. Após a realização da análise FOFA e da participação ao longo do Projeto, resolveu tomar uma grande decisão : fechar seu mercadinho no local que estava e procurou outro bairro na mesma região. Analisou, sistematizou dados, mapeou clientes e fornecedores e resolveu mudar tudo. Mudou de casa, mudou a escola dos filhos e o ponto do mercadinho . Após dois meses da mudança já consegue perceber e sistematizar o quanto foi importante essa decisão racional e planejada, o que fica claro nos resultados orçamentários do seu negócio. Claudia Botelho É uma empreendedora que já tinha tido um negócio, mas infelizmente fechou por falta de planejamento . Com a análise FOFA e a realização de seu Planejamento Estratégico , tomou uma decisão importante : resolveu retomar seu negócio de petiscos baianos agora inovando com as entregas via delivery . Com esse objetivo, alugou uma casa e a reformou, apostando novamente que seu sonho era possível. Agora com um bom planejamento, está estruturando todos os pontos do negócio e vai abrir novamente seu empreendimento no mês de novembro. Shirlei Roberta Taquariano Nunes É uma empreendedora que vende semi-jóias. Como ela mesma relata, sempre trabalhou como microempreendedora, mas não fazia nenhum tipo de acompanhamento financeiro e muitas vezes ficava com pena das revendedoras. Com isto elas iam demorando muito para pagar as mercadorias e muitas vezes algumas até “deram o cano”. Através do Projeto, Shirlei começou a fazer o acompanhamento financeiro do seu negócio e tomou uma decisão importante : encerrou o repasse com algumas revendedoras, assim como incluiu outras mais profissionais e responsáveis que já possuíam negócios mais consolidados, como salão de beleza, mercearias e outros pequenos negócios. O resultado é nítido, agora ela consegue perceber o quanto essas estratégias e decisões tomadas de forma racional possibilitaram uma mudança extrema em seus ganhos. Rennan Gonçalves É um empreendedor de Taipa, Zona Oeste de São Paulo, que possui um negócio de jogos que leva conhecimento, empoderamento e representatividade para jovens, negros e periféricos nos mais diversos cantos da cidade de São Paulo. Para ele, “ Tomar decisões conscientes no âmbito das parcerias envolve uma avaliação profunda e abrangente . Não se trata apenas de números; vai além, considerando a sintonia com a cultura da empresa e os objetivos de longo prazo . Cada parceria é cuidadosamente ponderada para assegurar um alinhamento completo em todas as áreas, promovendo uma colaboração que vai além do aspecto financeiro . A comunicação desempenha um papel crucial nesse processo. Valorizamos uma comunicação aberta e transparente, estabelecendo canais claros para interações com nossos parceiros. Essa abordagem não apenas previne mal-entendidos, mas também constrói relacionamentos fundamentados na confiança mútua e compreensão mútua. É a base sólida sobre a qual todas as nossas decisões colaborativas são construídas ”. A experiência e resultados obtidos com o projeto Decisão Empreendedora, e o método estruturado de tomada de decisão, foram tão gratificantes e potentes que a AdC entendeu a possibilidade de levar toda essa experiência e metodologia para aplicar em outros projetos que realizamos! Portanto, fica mais uma vez evidente para todos nós: é incrível como uma decisão bem pensada pode mudar tudo para melhor !
- Avançando rumo ao futuro: os passos marcantes em 2023
“ Olhar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro ”. A jornada de sustentabilidade deste mês inicia-se com a famosa frase do filósofo grego Heródoto , destacando a importância de compreender o passado e quais foram os principais passos dados enquanto organização neste ano que se finda, para idealizarmos aquilo que queremos para o novo ano que se aproxima. Após serem provocados em responder à questão: “ qual o passo mais significativo que a AdC deu enquanto instituição em 2023 ”, a diretoria e os gestores de cada área deram suas contribuições, para um tema que gera inquietação e inspiração, pois quando estamos observando o passado temos que ter um olhar mais estratégico, sensato e claro sobre aquilo que foi importante e que deve fazer parte de todos os passos futuros, sendo um guia para o ano de 2024. Os relatos e contribuições mostram como o ano de 2023 foi marcante para todos nós. Assim, convidamos você leitor (a), a seguir com a gente e mergulhar nessa última jornada de sustentabilidade do ano, agora, com uma perspectiva um pouco diferente, falando sobre nossa organização! Confira. 1. Consolidação do corpo institucional. Diante dos desafios do mundo do trabalho ( turnover , volatilidade) a AdC ao longo deste ano foi consolidando e construindo o significado de pertencimento a esse corpo institucional , focamos mais na ideia da cooperação , do trabalhar junto , do pertencer . Ponto fundamental foi a compreensão que o trabalho conjunto é importante ser consolidado e incorporado por todas as áreas, diariamente, desde a governança ao nível operacional, todos entendendo-se enquanto corpo que deve movimentar-se na mesma direção , e percebemos que, diante disso, se constrói com maior integração, compartilhamento, entendendo e destacando o valor do nosso trabalho dia-a-dia com todos aqueles que se relacionam com a organização. Ascender a consciência do fazer parte , se sentir parte , o pertencer que tanto os microempreendedores vivem e relatam . O trabalho realizado foi com objetivo de criar significado nesse processo de pertencimento institucional: integrar foi a palavra da vez , que proporcionou uma visão institucional mais holística e integral. 2. Mudança na estrutura organizacional Institucionalmente fizemos ajustes na estrutura organizacional. Com a reestruturação e desenho de um novo organograma, a partir dos conhecimentos adquiridos - com uma visão estratégica institucional e com o crescimento da área de projetos -, nasceu a necessidade da criação do cargo de Gerente Operacional , com atuação estratégica entre, principalmente, o setor de projetos e o administrativo. Assim, foi possível remanejar as atividades da Coordenação Geral, possibilitando-a a focar mais no desenvolvimento dos aspectos institucionais e estratégicos para a continuidade da captação de recursos da instituição, sejam eles privados ou públicos, nacionais ou internacionais. 3. Capacitações e padronização de processos e aprendizados Na área de projetos realizamos um trabalho contínuo de padronização dos processos , de compreensão da metodologia por todos os coordenadores de projetos e o mapeamento e desenvolvimento pessoal e profissional de cada um. Com a sistematização das potencialidades e dificuldades dos coordenadores trouxemos uma reflexão profunda sobre o que poderia ser melhorado. Tendo como ponto de partida um documento de sistematização das funções dos coordenadores, refletimos conjuntamente sobre habilidades , facilidades e dificuldades , que culminou na capacitação dos coordenadores realizada entre os pares, com objetivo de potencializar e desenvolver cada vez mais o setor de projetos e, consequentemente, nossa instituição. Mantivemos a responsabilidade e o compromisso com o nosso público-alvo , seguimos realizando projetos financiados por diferentes tipos de parceiros , alcançamos metas com muito profissionalismo e competência e demos visibilidade às nossas ações , todos esses elementos que nos ajudaram a entender cada vez mais o valor que temos aqui . Crescemos em números ; materializamos o trabalho em documentos , como o Plano de Comunicação , o Código de Ética e Conduta , a Cartilha LGPD , o Livro de Receitas ProtagonizAqui , o Manual de Tomada de Decisão , o Plano de Negócios e a consolidação da Jornada de Desenvolvimento dos Prestadores de Serviços . Alguns desses, que reúnem elementos que são desenvolvidos desde, pelo menos, 2020. 4. Governança e Voluntariado Além disso, nossa governança permaneceu ativa , por meio de diferentes grupos que apoiam o trabalho da AdC e por meio de voluntários comprometidos e atuantes do mais alto nível , que perceberam o significado para suas vidas em apoiar a AdC e, com isso, apoiar nossos beneficiários, em vista da possibilidade de agir e contribuir para um mundo melhor. 5. Prêmio Impactos Positivos 2023 e Auditoria KPMG Parte dos resultados dessa consolidação do trabalho resultou no reconhecimento e na visibilidade que tivemos através do Prêmio Impactos Positivos 2023 , na categoria Ecossistemas de Impacto – Comunidades. Outro aspecto fundamental que permeia esse reconhecimento e trabalho consolidado neste ano, é termos ganhado a auditoria KPMG pro bono , que para todos nós, é mais um sinal de que os passos estão na direção certa e que podemos seguir confiantes. Encerramos, portanto, esse ano, compreendendo como todo esse processo de conscientização desenvolvido ao longo de 2023, nos ajuda a fortalecer mais nossa ação cotidiana com todas as categorias de stakeholders e, com isso, nossa instituição. Assim, temos clareza para onde queremos remar no próximo ano ! A mensagem que fica é: abrace cada desafio como oportunidade para um novo passo a ser dado firmemente. Este é o caminho para a realização de novas conquistas !
- Capacitação Sistêmica na Aventura de Construir: Construindo Juntos um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável
Por Pedro Menezes. Em um ambiente dinâmico e comprometido com a transformação social, nós, da Aventura de Construir, promovemos recentemente uma atividade muito bacana de desenvolvimento da área de Projetos - o coração da ONG! A abordagem adotada foi pensada, apesar de fluida, para envolver todos os integrantes da área (cada coordenador de projeto e o coordenador da área, como um todo) de maneira sistemática e sistêmica na construção de uma experiência rica, em aprendizado e significado. A premissa foi a seguinte: a posição de ser responsável pelo andamento de um projeto estruturado, em suas mais variadas frentes, é desafiadora. E da mesma forma que, ao longo destes, incentivamos os empreendedores a compartilharem informações entre si e a criarem redes, maximizando os pontos de aprendizado, também podemos (e devemos!) aplicar isso internamente. Assim nasceu a ideia da capacitação transversal de projetos, "de nós para nós mesmos". Tal atividade foi co-construída e foi resultado de um processo longo e potente de conversas, reflexões e dinâmicas - partindo da identificação das características e atividades demandadas para o cargo de Coordenador de Projetos - na ótica de quem a realiza diariamente. Esse exercício colaborativo não apenas definiu claramente as expectativas e o dia a dia do cargo, mas também estabeleceu uma base sólida para a compreensão coletiva das habilidades e conhecimentos necessários. Posteriormente, uma dinâmica foi conduzida para entender quem se sentia mais seguro com cada uma dessas características e atividades específicas, elencando pontos concretos. Isso não apenas reconheceu a diversidade de habilidades presentes na equipe, mas também estabeleceu uma compreensão clara de quem poderia ser um ponto focal para cada macro-responsabilidade da área - e uma autoavaliação dos pontos de melhoria. Entende-se que, quando esse processo parte do indivíduo, sendo um protagonista de sua vida e com real desejo de desenvolvimento, os resultados são muito mais notáveis. Definidos os pontos que geram dúvidas e que são igualmente fundamentais para o bom desenvolvimento do projeto, elaboramos, em conjunto, o sumário de possíveis capacitações que abrangeriam todas elas - depois a correlacionando com quem se sentiria mais pronto para prepará-la e oferecê-la. A fase seguinte consistiu, então, na preparação de uma capacitação sistemática, na qual cada membro da equipe era encarregado de liderar uma dinâmica sobre um tema específico. Essa abordagem não apenas compartilhou conhecimento de maneira eficiente, mas também atribuiu responsabilidades individuais, promovendo uma cultura de liderança distribuída. Algum dos temas tratados foram: Engajamento e comunicação atenta e efetiva com os empreendedores; Relatórios e sistematização; Ferramentas de Gestão; Ferramentas de controle e organização; Organização de Eventos; Metodologia e processo da Avaliação de Impacto. A construção da atividade foi guiada por uma abordagem sistemática, onde cada voz foi ouvida e considerada, tentando e aplicando um ambiente seguro para que pudéssemos expor, a partir da teoria, experiências práticas que passa-se em projetos. Isso não apenas promoveu a inclusão, mas também enriqueceu o conteúdo da capacitação com uma diversidade de perspectivas e experiências - outro ponto de método que aplicamos para com os beneficiários . A metodologia adotada reflete não apenas a busca pela eficiência, mas também a valorização do processo coletivo como uma parte integral do sucesso. Além de gerar aprendizado prático e relevante, promoveu-se a criação de conteúdos padronizados que podem ser aplicados em diversos projetos, assim fortalecendo a forma pela qual a AdC trabalha, independente de quem a aplica. A expectativa é que isso aumente eficiência operacional e contribua para a consistência e qualidade do trabalho desenvolvido pela ONG - sempre buscando o impacto real na vida de cada empreendedor ou empreendedora que passa pelo nosso caminho. E porque tudo isso? Relacionando essa iniciativa aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), destaca-se ainda mais a relevância de aplicar a Teoria da Mudança , tão reconhecida em nosso trabalho de ponta e com altos indicadores de eficiência, também para nós mesmos a nível institucional e gerencial. Sendo o objetivo focal e a missão da ONG promover o desenvolvimento econômico e territorial local para empreendedores de periferia (alinhado com o ODS 8 e tantos outros), essa abordagem e esse trabalho de base contribui diretamente para o fortalecimento da nossa comunidade e para a promoção de ambientes de trabalho inclusivos, sustentáveis e, principalmente, de excelência. Seremos, nós mesmos, antes de mais nada, multiplicadores de conhecimento. A metodologia, então, centrada na realidade de cada beneficiário, incentivando a participação ativa e transformando-os em protagonistas de seus negócios e suas vidas, reforça o compromisso da ONG com a construção de um desenvolvimento sustentável de fato - não apenas agindo como um conceito abstrato, mas como uma prática incorporada em cada ação e projeto. Essa atividade não foi apenas uma capacitação; foi um passo estratégico em direção a um futuro mais promissor e equitativo para todos aqueles envolvidos - a Aventura de Construir, seus beneficiários, seus financiadores e demais stakeholders. Aproveito para agradecer à "Turma do Fundão", apelido carinhoso para a Equipe de Projetos, por toda dedicação, empenho e esmero na atividade descrita.
- Empreendedorismo feminino: as mulheres partem do mesmo lugar?
Nesta jornada de sustentabilidade iremos contar a história de duas empreendedoras que fizeram parte do projeto Lamberti Acelera . Este projeto, realizado ao longo do ano de 2023, teve o objetivo de acelerar negócios existentes através de estratégias, ferramentas e tecnologias que alavancassem o desenvolvimento dos empreendimentos , culminando na entrega de um Plano de Negócio robusto de cada empreendedora. A Aventura de Construir (AdC) realiza seus projetos levando em consideração os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) determinados pela ONU. Ademais, o mês de março é conhecido internacionalmente como o mês da mulher e, por conta disso, optamos por contar histórias de duas mulheres que inspiram suas comunidades locais, parceiros de projetos e nós, da AdC. Vale ressaltar que ambas foram premiadas com um capital semente no ano passado, após terem seus planos de negócio escolhidos como 2 dos 3 melhores projetos realizados pela turma do projeto Lamberti Acelera. Ligia Marta Lígia, 58 anos, mulher preta e mãe de três filhos , começou a empreender por necessidade após ser demitida da empresa que trabalhou por 11 anos. Depois de realizar pesquisas e reflexões, optou por fazer um negócio sobre algo que ela sentia necessidade e partindo da problemática de que não se via representada em grandes lojas: a pouca representatividade da cultura negra . Assim, criou o “Mundo Negro Afro”, que produz peças de roupas para a moda afro com o intuito de renovar a arte negra. A empreendedora começou com um maquinário doado e aprendendo a tecer e costurar tecidos de forma autônoma, na base de tentativa e erro. Com todo seu conhecimento, talento e apoio da AdC, conseguiu se profissionalizar no ramo e está tomando novos passos em seu negócio. Vanderly Loureiro Vanderly, mulher preta e mãe de um filho PCD , foi criada em uma família que sempre foi muito ligada à música e à moda. Por conta disso, sempre gostou de criar e desenhar, inclusive fazendo, enquanto criança, suas bonecas com retalhos dos materiais que a mãe utilizava para costurar. Depois de realizar cursos e graduação de moda, fez pós-graduação em audiovisual, cultura e criação e MBA em Empreendedorismo Social e Negócios de Impacto. Foi em meio a estudos, pesquisas e trabalhos que resolveu criar seu próprio negócio, da sua maneira, com sua filosofia: “À la van”, voltado à moda feita com material reciclável , peças de roupas dispensadas, elementos de reuso ou que foram considerados de vida útil finalizada. Ela tem o intuito de aproveitar diversos materiais que são descartados no dia-a-dia e trazer a importância da conscientização ambiental. Histórias que se cruzam As histórias das duas empreendedoras cruzam-se dentro da AdC, após ambas se depararem com o projeto através de conhecidas e amigas. Nós entramos em contato para apresentar o escopo do projeto e iniciou-se, aí, uma grande jornada a nível pessoal e profissional. A Aventura de Construir possui um método próprio desenvolvido a partir de anos de experiência atuando com a causa do empreendedorismo periférico , co-construindo o aprendizado em conjunto com os próprios empreendedores. Nós acreditamos que é possível promover o desenvolvimento territorial inclusivo por meio do apoio oferecido a microempreendedoras da periferia. Isso, no entanto, só é possível partindo da realidade e contexto de cada pessoa, impulsionando o protagonismo, realizando um acompanhamento próximo e incentivando o trabalho em rede, para termos, de fato, uma formação humana integral. Logo, nossos projetos vão muito além de capacitações, ferramentas e dinâmicas. Entendemos que uma empreendedora confiante e segura é a melhor pessoa para tomar as decisões de seu negócio de forma autônoma, pois é a que melhor sabe objetivos e aonde quer chegar. Neste sentido, as duas entrevistadas trouxeram falas que mostram o impacto deste método e a importância de olharmos para a pessoa, para o ser humano. “Eu engatinhava e vocês me ensinaram a correr”, disse Lígia . “É importante acreditar que alguém acredita em nós, na gente”, disse Vanderly. As duas empreendedoras trouxeram exemplos práticos dos ganhos após realização das capacitações e do projeto, como a profissionalização do negócio, a possibilidade de expandi-los de forma estruturada, a importância de colocar as ideias no papel (Plano de Negócios), o aumento da organização em outras frentes da vida com a formalização do planejamento e a abertura de oportunidades. Dificuldades Para além dos problemas práticos já citados ao longo do texto, como: começar a empreender por necessidade, o excesso de tarefas por terem começado sozinhas, a falta de disponibilidade para cuidar da família e a falta de tempo para estudar e tocar um negócio, existem dificuldades estruturais que permeiam a trajetória de ambas. Sabemos que vivemos em um país com questões relacionadas ao machismo e ao racismo - onde micro agressões e repressões dificultam ainda mais o crescimento e desenvolvimento de negócios de mulheres pardas e pretas. Para além do negócio em si, a questão psicológica é fundamental de ser levada em consideração, pois além de impactar o ser humano, tais situações podem gerar dificuldades de confiança e na tomada de decisões de forma autônoma. Ao conversar com a Lígia e a Vanderly, fica claro como elas tiveram que desenvolver uma imensa resiliência ao longo de toda vida para chegarem onde estão atualmente. Dentre várias histórias e exemplos mencionados, estão histórias como segurança de lojas olhando de perto, vendedores citando inúmeras vezes o preço duvidando da capacidade de compra delas, lojas onde não eram nem atendidas e pessoas questionando se elas não estariam “sonhando alto demais”. “Ser uma mulher negra da periferia no Brasil, já é um desafio gigantesco, quem dirá ser uma empreendedora?”... “Desafiador pessoas lhe levarem a sério pela sua competência, ao invés de sua aparência”, disse Vanderly. “ Racismo e machismo é estrutural e cultural”... “Tive que aprender a lidar com a situação”, disse Lígia. Planos Futuros Lígia e Vanderly preparam-se, neste momento, para dar novos passos em seus negócios, principalmente depois de terem ganho a premiação de capital semente por destaque em seus Planos de Negócios. A primeira, após ter começado com maquinário doado, conseguiu comprar equipamentos próprios que possibilitaram o aumento da produção de peças de roupa. Em um futuro próximo, Lígia pretende comprar mais uma nova máquina e desenvolver novos produtos como canecas e chinelos com desenhos afro. Já a segunda conseguiu estruturar o negócio com a premiação, achou uma sócia e, após realizar diversos desfiles (foi destaque no Osasco Fashion Week com um desfile inclusivo), pretende começar a vender mais produtos que permitam a consolidação de sua marca. Em um futuro próximo, pretende acabar de fazer seu site próprio, montar lojas online, colocar produtos em lojas físicas específicas e ter mais duas pessoas trabalhando com ela. Ademais, gostaria de formar pessoas em condições de vulnerabilidade para gerar impacto e retorno, como dar capacitações para mães de crianças PCD. Trabalho no território O método da AdC, como citado anteriormente, acredita e incentiva o desenvolvimento territorial por acreditar que o impacto gerado pode ser estrutural - carregado do micro para o macro e ajudando mais pessoas a terem oportunidades e desenvolverem seus próprios negócios. Ao longo das capacitações e das conversas dos participantes do Lamberti Acelera , tanto a Lígia quanto a Vanderly tiveram a ideia de empreender em conjunto, dado que ambas trabalham com moda e os propósitos têm muita conexão entre si. A metodologia de criação de redes de cooperação é vital para o desenvolvimento territorial - geradora de impacto para a sociedade. Nós incentivamos a cooperação de forma sistêmica, e esperamos que mais projetos assim aconteçam para seguirmos gerando impacto em escala nos territórios vulneráveis. Conclusão As dificuldades das microempreendedoras são inúmeras no Brasil, como podemos explorar ao longo do texto. Ao mesmo tempo, como no caso da Lígia e da Vanderly, vemos que mesmo diante de cenários complexos é possível que seus negócios sejam estruturados e acelerados - e que ideias inovadores, de impacto, aconteçam. Logo, questiona-se: O que é necessário para que tenhamos uma expansão do investimento em projetos de impacto social? Será que o custo de fornecer oportunidade para as pessoas crescerem é alto? É muito difícil termos um impacto nos territórios? Como podemos agir para não desincentivar negócios de pessoas que sofrem com os preconceitos enraizados em nossa sociedade e como uma escuta atenta e carinhosa pode minimizar tais danos? São perguntas que devem ser refletidas por todo ecossistema de impacto e que devemos refletir como sociedade brasileira, sobretudo neste mês para que não passe sem gerar uma transformação. Por fim, seguem trechos dos relatos das empreendedoras sobre o que sentem em relação ao trabalho realizado em conjunto com a AdC e a importância de fomentarmos o setor: “A AdC representa um passo muito grande para desenterrar grandes, anônimos e invisíveis artistas das comunidades”, disse Lígia. “ As vezes acreditar em um ou uma empresária, pode gerar impacto imenso na comunidade, estimula o local”, disse Vanderly. Apoie a mais Ligias e Vanderlys neste mês de março, investindo na nossa causa! Apoie o Fundo Patrimonial Aventura e Construir . Já, Devagar e Sempre!
- Linha de Base do projeto AIPÊ e a ODS 4 - Educação de qualidade
Por Luiz Sette A Jornada de Sustentabilidade de abril destaca o início do projeto Da Periferia, a Resposta, financiado pela AIPÊ, e aplicação da Linha de Base para os mais de 200 microempreendedores inscritos no projeto, ressaltando a sua importância para que a nossa atuação siga sempre alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4: Educação de qualidade. O que é a Linha de Base? A Linha de Base é um procedimento padrão de todos os projetos da AdC. Trata-se de um encontro inicial com os empreendedores, em que um consultor da organização reúne-se individualmente com cada empreendedor, de forma online ou presencial. O encontro é utilizado para estabelecer uma conexão mais próxima e criar um vínculo com as pessoas que irão participar do projeto, conhecendo a realidade do indivíduo e do seu negócio. Outro objetivo desse processo é coletar dados importantes, utilizados para analisar o perfil dos empreendedores e avaliar o impacto da nossa atuação sobre a realidade deles. Para coletar esses dados, aplicamos um questionário estruturado pela Aventura de Construir em parceria com a ALTIS (Alta Escola de Negócios da Universidade Católica de Milão-Itália) e o Kellogg Institute (Estados Unidos) e consultoria de Ana M. Pelliano e dos professores Sérgio Lazzarini (Insper Metricis) e Edgard Barki (FGV). O questionário, já bem consolidado através da experiência da AdC em outros projetos, recebeu a validação e o aperfeiçoamento da Catálise Social, organização parceira no projeto AIPÊ - Da Periferia, a Resposta . No Da Periferia, a Resposta , enfrentamos o grande desafio de aplicar a Linha de Base para mais de 218 microempreendedores, número recorde em um só projeto, sem perder a nossa principal característica: o atendimento individualizado e centralizado em cada uma das pessoas envolvidas no projeto. A importância da Linha de Base na nossa forma de atuação: partir da realidade do empreendedor e do seu contexto. A Aventura de Construir desenvolve o seu trabalho a partir de um método baseado em 7 pilares . Destacamos aqui 3 deles: Partir da realidade - Entender a realidade do empreendedor e do seu contexto é o ponto de partida para identificar as necessidades e responder de forma mais adequada. Gerar protagonismo acreditando na centralidade da pessoa - O fator humano é o motor do desenvolvimento. Para que a mudança seja alcançada e possa ser sustentável, é fundamental que as pessoas tomem consciência das próprias necessidades e riquezas, pois assim tornam-se protagonistas do seu desenvolvimento. Acompanhar o beneficiário - A AdC realiza seu trabalho acompanhando individualmente seus beneficiários, acreditando em sua liberdade, ajudando a enxergar a solução de problemas e orientando nas tomadas de decisões. Esse processo é um diferencial em relação às demais instituições que ofertam serviços similares a microempreendedores. Considerando esses pilares, entendemos que a Linha de Base é parte fundamental desta metodologia. Com um encontro individual, os empreendedores têm espaço para falar e serem escutados. Neste espaço, somos capazes de compreender o contexto do qual eles estão partindo e também identificar as suas principais necessidades . E isso não é feito sem propósito. No projeto Da Periferia, a Resposta , por exemplo, a Trilha de Fortalecimento (etapa do projeto em que realizamos capacitações coletivas sobre temas relevantes ao empreendedorismo) é desenhada e adaptada às principais necessidades mapeadas durante os encontros de Linha de Base. O encontro de Linha de Base, ainda, reforça outros dois pilares do método sobre o qual atuamos: a centralidade da pessoa , que deve ser a protagonista do próprio negócio, e o acompanhamento individual dos beneficiários. É já neste primeiro momento, de início do projeto, que os empreendedores percebem que conosco terão uma jornada diferenciada. O projeto é um lugar onde eles poderão falar, trocar e construir conhecimento e não apenas recebê-lo de forma passiva. A importância da Linha de Base na nossa forma de atuação: a mensuração do impacto. Para além dos objetivos de estabelecer uma conexão entre a organização e os empreendedores, de se aproximar da realidade de cada participante do projeto e de conhecer os negócios de cada um, a Linha de Base contém outra função fundamental: coletar dados. A coleta de dados tem algumas funções fundamentais para todos os projetos. A primeira delas é conhecer o perfil socioeconômico das pessoas que atendemos. A outra é que nos permite mensurar e avaliar o impacto do nosso projeto sobre os beneficiários envolvidos e sobre os negócios. Dessa forma, podemos ponderar se os recursos empenhados estão, de fato, gerando os resultados objetivados. Para a coleta dos dados, é necessária a definição de indicadores de desempenho claros e mensuráveis. Ao medir resultados específicos, como aumento da receita dos empreendedores, melhoria nas habilidades de gestão ou aumento do número de clientes, podemos avaliar se estamos realmente fazendo a diferença nas vidas e nos negócios dos participantes do projeto. Isso não apenas valida o trabalho que estamos realizando, mas também nos ajuda a comunicar de forma mais eficaz o valor do projeto para os stakeholders e a comunidade em geral. A Linha de Base como ferramenta para uma educação de qualidade. A Linha de Base é como um mapa que desenhamos para nos guiar pelos caminhos mais adequados para os empreendedores. Ao nos conectarmos individualmente com eles, entendemos suas realidades, seus principais desafios e aspirações. Essa compreensão nos permite desenhar nossas aulas, capacitações e consultoria sob medida, garantindo que o ensino seja relevante e eficaz. Assim, a Linha de Base se torna uma ferramenta essencial para manter um alto padrão de qualidade de ensino, pois nos ajuda a adaptar nossas abordagens às necessidades específicas de cada empreendedor, promovendo uma educação mais inclusiva e eficiente, através de uma formação humanizada e integrada. Ao personalizarmos nossa intervenção educacional com base nas informações coletadas durante a Linha de Base, estamos contribuindo diretamente para o alcance do ODS 4.4: "Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente e empreendedorismo." Compreendendo as demandas individuais dos empreendedores, podemos auxiliá-los não apenas com conhecimentos genéricos, mas com habilidades específicas que lhes permitirão prosperar em seus negócios e contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável de suas comunidades. Ana Paula, Yannoula e Alessandra, participantes do projeto As histórias por trás dos dados. À medida que coletamos dados quantitativos na Linha de Base, é crucial lembrar que por trás de cada número, há uma história rica e singular. É nessa interseção entre os dados objetivos e as narrativas pessoais que surge o valor que vai direcionar a nossa jornada empreendedora. Nos nossos encontros, as experiências dos microempreendedores e microempreendedoras ganham destaque e eles revelam os principais desafios que enfrentam, os sonhos que alimentam e as trajetórias de resiliência de suas vidas e de seus negócios. Vamos a algumas delas! Ana Laila, de Salvador - BA , é confeiteira há 18 anos e no seu negócio vende bolos e tortas. Para ela, uma das grandes motivações de ter criado um empreendimento é acreditar que “a favela também tem que comer bem” . Além disso, nos conta que ultimamente tem passado por muitas dificuldades e viu o projeto como uma luz, pois ela precisa de uma mão que a puxe, pois, sozinha, ela não acredita que pode conseguir. Geanice, de São Paulo , tem um negócio de moda plus size, onde costura roupas de “tamanhos especiais para mulheres especiais” . Ela conta que decidiu começar a fazer roupas quando foi em uma loja e se sentiu muito mal atendida devido ao seu peso e tamanho. Ela, então, foi embora e decidiu fazer a sua própria saia para a festa. A roupa foi um sucesso e todos adoraram e ali ela viu que tinha uma oportunidade de negócio. Foi assim que criou o Ateliê Filhas do Sol. Agora, participando do projeto, ela pretende expandir o seu negócio e melhorar principalmente na área do marketing e das redes sociais, onde sente que tem mais dificuldades. Nide, de Osasco-SP , tem um quintal orgânico na sua casa, onde planta diversas hortaliças e vende produtos como geleias, licores e sucos feitos com essas hortaliças. Muito criativa, ela se inscreveu no projeto com o objetivo de melhorar o seu foco, o controle financeiro do seu negócio e a sua precificação. Evanio, de Cascavel, na região metropolitana de Fortaleza - CE , é pescador de lagostas e também artesão: trabalha com barro, cipó e também pinta quadros. Criou uma associação na cidade, com a participação de várias comunidades, para ajudar outros artesãos, que não tem muito conhecimento e passam por dificuldades. Na sua casa, tem um espaço onde expõe as peças dos outros artesãos, junto com as suas e de sua esposa. O seu objetivo é levar o conhecimento dos direitos de cada um, criar um selo de garantia para que as peças não sejam copiadas e dificultar o acesso dos atravessadores. Aline faz marmitas congeladas para o dia a dia, não usa conservantes e nem temperos prontos. Está preocupada com o bem estar e a saúde do próximo e a qualidade da comida, mas não consegue aumentar sua produção. Com o projeto pretende adquirir conhecimento para fazer o seu negócio prosperar. Já Antônio tem um boteco há 18 anos, uma clientela fiel e petiscos muito elogiados. Abre de quinta a domingo a partir das 17h e agora quer começar a abrir diariamente como restaurante, mas não sabe nada do controle financeiro. Precisa e quer muito aprender e por isso ficou muito contente com a oportunidade de participar do projeto. Deisi, por sua vez, tem um negócio social. Ela e a sua empresa assessoram famílias da região de Porto Alegre que estão em áreas de ocupação, para ajudá-las a regularizarem sua situação. Respectivamente as empreendedoras Geanice, Nide e Deisi. Conclusão A Linha de Base é mais do que um ponto de partida. É um mergulho nas histórias das pessoas, revelando seus desafios, sonhos e aspirações, que representa o cerne da nossa abordagem centrada no empreendedor. Essas narrativas fornecem uma compreensão genuína do contexto em que eles operam, informando não apenas nossas estratégias de capacitação, mas também nosso compromisso em manter um alto padrão de qualidade de ensino, alinhado ao ODS 4. Por meio da Linha de Base, coletamos dados, mas sobretudo construímos conexões humanas e empáticas que impulsionam o sucesso e o crescimento sustentável dos empreendedores e de suas comunidades, promovendo uma mudança duradoura e significativa em suas vidas.
- Novos modelos de negócios pautados em sustentabilidade
por Camila Tiburcio A integração do ODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima, aos princípios do ESG (Environmental, Social, and Governance) dão um rumo para que empresas e organizações alcancem um futuro mais justo, equitativo e ambientalmente sustentável. Não apenas para um modelo de negócios responsável, mas também uma chamada para que instituições de setores públicos e privados de governança, contribuam e se responsabilizem de forma significativa para metas globais previstas na agenda 2030. A sociedade, consumidores e investidores, em geral, priorizam empresas e marcas que demonstram compromisso com práticas responsáveis em relação ao meio ambiente, questões sociais e governança corporativa - tornando-se uma exigência por produtos mais naturais, que tenham propósito e com responsabilidade ambiental na geração de emprego. A crescente importância da sustentabilidade no mundo corporativo tem levado à adoção de diversos sistemas de medição e relato de desempenho ambiental, social e de governança. Entre esses sistemas, destacam-se o GRI (Global Reporting Initiative), o Sistema B e o CDP (Carbon Disclosure Project). Cada um desses frameworks possui características únicas e desempenha um papel crucial na promoção da transparência e responsabilidade corporativa. De alguma forma, nós, da Aventura de Construir, através de nosso método e atuação na ponta, somos um conector entre tais demandas e pautas de ESG com empresas e financiadores que desejam, ou necessitam, se atrelar a algum ODS. Atualmente, investir em empresas vai muito além de observar lucros e receitas, dívidas e passivos - as ações de uma empresa que possuem medidas em prol ao meio ambiente são cada vez mais importantes e vistas como um diferencial competitivo. Assim sendo, a metodologia de Análise de Impacto que implementamos nos nossos projetos, assim como foi feito no "Protagonistas que Plantam Sustentabilidade", são referentes a indicadores de sustentabilidade diversos. Alguns exemplos tratados neste projeto foram: O manejo da água ; A pegada de carbono ; A responsabilidade sobre seus resíduos ; O quanto o negócio produz e recicla ; O quanto o negócio pensa nos seus fornecedores e de toda a cadeia de sua matéria prima e quanto a empresa se responsabiliza pela coleta e destino deste produto de descarte , que envolve um ecossistema de resíduos; Logística reversa. Nesse contexto, a partir do protagonismo de cada empreendedor ou empreendedora, atuando na individualidade de cada um e partindo da realidade, pode-se observar impactos de ordem ambiental - onde, de acordo com o método, é a única forma de impactar o macro através da multiplicidade. O termo ESG , amplamente abordado no contexto empresarial e também no projeto através de um eixo temático, os preparou para estratégias de comunicação, de planejamento e, principalmente, de entendimento geral do produto que oferece. Em suma, o Protagonistas que Plantam Sustentabilidade - que foi finalizado em maio - teve objetivo de fortalecer o empreendedorismo orgânico, com desenvolvimento das habilidades empreendedoras , estruturação de plano de negócios, análise e controle das finanças, conhecimento em marketing e logística - fortalecendo também redes e parcerias através do associativismo ou cooperativismo , garantindo uma sustentabilidade concreta na cadeia produtiva. Todos estes princípios estão diretamente relacionados aos princípios do ESG e de segurança alimentar junto a princípios de preservação do meio ambiente. O mercado de orgânicos cresce expressivamente pela procura de alimentos mais saudáveis, e a segurança alimentar e agricultura familiar fazem parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável e dos princípios da ESG: um modelo de negócio que incentiva agricultura orgânica e regenerativa, com a eliminação do uso de agrotóxicos e preservando recursos hídricos, acompanhamento da pegada ambiental em toda a cadeia de valor, está baseada em práticas sustentáveis que preservam os recursos naturais e a biodiversidade. Para além dos temas acima listados, outros pontos de atuação social ou ambiental observados e implementados na prática , ao longo do projeto, foram: Utilização de embalagens compostáveis, retornáveis e recicláveis ; Estabelecimento de relações de trabalho e comerciais éticas; Incentivo ao comércio local ou de curta distância , demonstrando seu compromisso com o bem-estar social e a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que protege a saúde e confiança dos consumidores. Em geral, a agricultura orgânica busca criar um equilíbrio sustentável entre a produção de alimentos, a proteção ambiental e a saúde humana , levando em consideração o impacto global das práticas agrícolas no ecossistema. Agradecemos aos financiadores ( Carrefour , Lamberti e funcionários do Banco ABC) e a todas as empreendedoras e empreendedores deste projeto financiado via Lei de Incentivo à Cultura , o qual, por mais de um ano, pudemos desenvolver territórios e continuar perseguindo a nossa missão. A partir deste projeto, foi produzido o documentário Laços da Terra: Cultivando Caminhos Orgânicos , o qual ilustra melhor todo o tema abordado. Confira abaixo a versão institucional do documentário. Seguiremos cultivando histórias e impactos!
- As mudanças climáticas e as comunidades locais do Velho Chico
Neste mês de Julho, nós da Aventura de Construir, estaremos aprofundando o ODS 13 estabelecido pela ONU - Ação Contra a Mudança Global do Clima: “Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos” . Ademais, iremos contar a história de um de nossos empreendedores que possui um modelo de negócio inspirador, unindo valor ao desenvolvimento sustentável. O objetivo do desenvolvimento sustentável 13, como abordado em sua definição, é limitar e adaptar-se às mudanças climáticas que fazem parte da realidade do mundo moderno. Para alcançar tal objetivo, foram estabelecidas 5 metas específicas para os países signatários da ONU (existem as metas gerais e as metas adaptadas por país). No Brasil elas se desdobram em 4, sendo: Ampliar a resiliência e a capacidade adaptativa a riscos e impactos resultantes da mudança do clima e a desastres naturais; Integrar a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) às políticas, estratégias e planejamentos nacionais; Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mudança do clima, seus riscos, mitigação, adaptação, impactos, e alerta precoce; Estimular a ampliação da cooperação internacional em suas dimensões tecnológica e educacional objetivando fortalecer capacidades para o planejamento relacionado à mudança do clima e à gestão eficaz, nos países menos desenvolvidos, inclusive com foco em mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas. Vale ressaltar que estas metas, como pode ser visto, deveriam estar diretamente relacionadas a articulações, políticas e ações do poder público de forma geral, pois abordam questões macro e que dependem da vontade dos governos. Entretanto, a sociedade civil tem papel fundamental na cobrança aos governos e também precisa desenvolver essa conscientização sócio-ambiental, para que cada vez mais tenhamos iniciativas que valorizem o desenvolvimento sustentável, combatam as mudanças climáticas, mudem nossas atitudes e valorizem nossa cultura. Enfim, uma ação que nasce de uma concepção G-LOCAL: pensar Global e atuar localmente , construindo do micro para o macro! Logo, gostaríamos de trazer a história do Leidson Nunes , criador e dono de uma agência de ecoturismo e turismo receptivo, que chama-se Roteiros Velho Chico (RVC). O negócio atua nas regiões Norte e Noroeste de Minas Gerais, principalmente em parques nacionais (como o Parque Nacional Grande Sertão Veredas e o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu), reservas e parques estaduais. O negócio surgiu de uma necessidade do Leidson de desenvolvimento pessoal e de atuar de alguma maneira com trabalhos sociais voltados para meio ambiente na região, valorizando a experiência de conhecer as maravilhas naturais enquanto imerso na cultura local. A articulação em torno do potencial turístico da região vem da paixão dele pela região e seus encantos, que é muito diferente da imagem que persiste no imaginário geral de que seria uma região estéril e de pessoas em situação de miséria. A criação de um negócio de turismo receptivo foi inovador na região que Leidson ama e atua. Ele basicamente oferece roteiros já estabelecidos ou personalizados para quem tem interesse em conhecer a região, além de fazer palestras em escolas, eventos, para divulgar e também orientar pessoas sobre turismo e educação ambiental. A forma de atuação da agência chama a atenção pela consciência de sustentabilidade que promove e desenvolve nas redes locais onde atua. Antes de fechar os roteiros, Leidson chega nas comunidades locais, vê se tem abertura e interesse das pessoas em fazer alguma atividade turística e, caso a resposta seja positiva, fazem uma formação de base com as pessoas (pontos positivos e negativos do turismo, como desenvolver atividades, orientações de prestação de serviços, o que pode ser feito de experiência com os turistas, roteiros…). Ele atua com comunidades tradicionais quilombolas, ribeirinhas, indígenas, vazanteiros e geraizeiros. Ao ser questionado sobre qual é sua percepção em relação a valorização ou não do ecoturismo por parte dos brasileiros, ele disse: “ Eu entendo que o público brasileiro ainda precisa ampliar ou aguçar mais a percepção do valor que o ecoturismo tem no Brasil, até pelo potencial que temos em nosso país. Eu percebo que as pessoas precisam ser educadas para que entendam o valor e sustentabilidade do ecoturismo, bem como profissionalizadas, para que os profissionais do ramo consigam agregar mais valor no trabalho deles”. Entretanto, também vê que muitas pessoas procuram eles atualmente pelos aspectos ecológicos e valor cultural agregado que os serviços oferecem. Também perguntamos para o Leidson como ele vê as comunidades locais enxergando o trabalho de sua agência. Na percepção dele, a forma como eles desenvolvem o trabalho deixa as ações turísticas interessantes para a população, pois sempre antes de fechar um roteiro eles conversam com a comunidade (como abordado anteriormente), entendem quem tem interesse em desenvolver essa atividade, capacitam essas pessoas, orientam elas em relação a valores também. Leidson trouxe que muitas pessoas destes povos locais cobram valores muito baixos de serviço, estadia, alimentação, e que eles treinam e orientam essas pessoas agregando valor, por exemplo, mostrando como fazer pratos típicos pode resultar em um valor cobrado maior, fazem equiparação de preços de mercado. Algo extremamente interessante e de grande impacto de rede é que a agência troca as pessoas que oferecem serviços a cada roteiro, para o “dinheiro circular na mão de mais pessoas”. Logo, se uma família ofertou estadia em uma viagem, outra será treinada e oferecerá o mesmo serviço na viagem subsequente. A agência acredita nos valores da geração de renda, geração de conhecimento, informação, aumento da autoestima, valorização da cultura local, capacitação, para que elas possam prestar melhores serviços. Como pode-se perceber, Leidson exerce um papel enorme de desenvolvimento local, consciência ambiental, geração de renda, entre outros - se lembramos das metas mencionadas, o negócio faz ações em relação a: “Integrar a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) às políticas, estratégias e planejamentos nacionais” e “Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mudança do clima, seus riscos, mitigação, adaptação, impactos, e alerta precoce”. Logo questionamos o dono da RVC sobre apoio do poder público nas comunidades, com seu negócio e com o setor de ecoturismo e turismo receptivo. Ele disse que teve apoio ao longo dos anos- Já fomos convidados a dar palestras sobre turismo, participar de espaços e eventos… Chegamos a participar de projetos de nível nacional e programas do Governo estadual à convite do Estado. Ademais, existiam iniciativas de indicação de sua agência e das demais por parte do Governo… Atualmente sua maior dificuldade é conciliar o crescimento de seu negócio com o desenvolvimento das comunidades locais, que exige tempo, investimento, formação, entre outras características. Isso faz com que seu desenvolvimento seja mais lento do que poderia ser, mas em contrapartida, o impacto gerado é muito maior para toda rede envolvida em suas ações. Vê-se a necessidade e importância de discutirmos mais o tema e valorizarmos iniciativas de desenvolvimento sustentável , para que possamos ampliar o impacto positivo que negócios como o de Leidson trazem. Ademais, o empreendedor serve de inspiração e prova que é possível fazermos negócios rentáveis, sustentáveis e colaborativos em rede.
- Práticas sustentáveis simples para implementar no seu negócio
Por Verônica dos Santos Silva Aqui no Blog da AdC a importância da ODS 13 – Ação contra a Mudança Global do Clima – e sustentabilidade segue sendo assunto no mês de julho, tema importantíssimo para o seu negócio . Quer saber o porquê? Vem comigo! É inegável que a sustentabilidade se tornou um dos temas do século e tem afetado a sociedade de diversas formas, sendo assim, quem empreende não pode ficar por fora desse assunto, visto que hábitos de consumo, práticas e estratégias empresariais também são influenciados por essa, não tão recente, preocupação Global. Não se pode mais adiar a responsabilidade ambiental que todo negócio possui, sendo ele pequeno ou micro, colaborar com uma sociedade mais sustentável é imprescindível . Os pequenos negócios são uma parte importante da economia do nosso país, em 2021, segundo dados do Sebrae, os pequenos negócios foram responsáveis por 70% das novas vagas de trabalho e por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, trazendo consigo um poder de impacto importante em nossa sociedade atual. É necessário atentar-se aos danos de curto de longo prazo que as práticas não sustentáveis do seu negócio podem causar na natureza. Além disso, a pressão e exigência vinda dos consumidores por posicionamento referente as práticas relacionadas a ESG (Estratégias de governança, responsabilidade social e meio ambiente) e produtos sustentáveis existe e é crescente . Os consumidores se preocupam com a sustentabilidade e a respaldam com o bolso. Dar um passo rumo a responsabilidade ambiental pode trazer uma imagem positiva ao seu negócio, facilidade no acesso ao crédito e financiamento e fidelização de clientes! Por isso, desenvolver atividades sustentáveis, baseadas na ética e respeito ambiental, também se torna uma maneira válida de fortalecer o seu negócio e de todos que se relacionam com ele. Diante disso, se você deseja não mais adiar a responsabilidade ambiental que o seu negócio carrega, vem conferir práticas sustentáveis simples para começar antes mesmo que julho acabe! Você pode começar por: - Investir, promover ou participar ativamente de ações de responsabilidade ambiental; - Se conscientizar sobre o desperdício de água e uso excessivo de energia elétrica; - Se informar e respeitar a legislação ambiental; - Eliminar o uso de itens descartáveis optando pelo uso de itens duradouros; - Gestão dos resíduos sólidos e reciclagem. Com planejamento e intencionalidade, é possível adaptar essas práticas à sua realidade econômica e ainda gerar um impacto positivo no bairro em que seu negócio está inserido.