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- Livros que Transformam: Um convite para enxergar com o coração
23 de abril, Dia Mundial do Livro Por Marli Pirozelli Livros são objetos mágicos , capazes de nos transportar a lugares e tempos distantes. Por meio deles, percorremos paisagens desconhecidas, contemplamos sua beleza ou enfrentamos a aridez de territórios inóspitos. Vagamos por ruas estreitas de pequenas cidades ou nos deixamos levar pelo ritmo frenético das avenidas em grandes metrópoles. Com eles mergulhamos nos mares de pensamentos, compartilhamos os segredos que habitam as consciências e que dão vida às pequenas ações e às decisões mais importantes. Muitas vezes, viajamos no tempo, sendo transportados para épocas longínquas e, ao vencermos o primeiro estranhamento, começamos a compreender modos de vida até então indecifráveis. E o mais importante: os livros promovem encontros. Eles nos apresentam pessoas — algumas, antes desconhecidas, tornam-se amigas, conselheiras e companheiras de jornada. Todos os livros nos trazem conhecimento, mas alguns carregam um brilho especial: são aqueles que nos apresentam histórias de vida diante das quais é impossível permanecer indiferente. É nesta categoria que se insere o livro Brilhos da Periferia , uma coletânea de relatos de 18 microempreendedores das periferias, acompanhados ao longo do tempo pela Aventura de Construir. São testemunhos de mulheres e homens que, nas periferias do país, mobilizaram seus talentos, criatividade e coragem e, com muito trabalho, deram forma aos seus sonhos, iniciando pequenos negócios que se tornaram fonte de sustento para suas famílias. O livro não apresenta meros cases de sucesso, nem se detém em fórmulas prontas de como empreender, mas nos oferece histórias de vidas transformadas. Entramos em contato com pessoas que, diante de realidades adversas, resolveram trilhar o caminho do empreendedorismo — uma trilha árdua, repleta de obstáculos, mas também de aprendizados. Com coragem, empenho e uma admirável persistência, começaram a estruturar seus negócios e a fortalecê-los dia após dia, gerando verdadeiras transformações pessoais, econômicas e estimulando o desenvolvimento local. Seguimos encantados pelas histórias que acompanham as roupas, geleias, doces, jóias, o cultivo de alimentos, o preparo cuidadoso das refeições e os diversos serviços prestados por esses empreendedores. São homens e mulheres de diversas regiões do país — alguns, imigrantes — atuando em diferentes áreas, cada um com sua trajetória única, mas todos marcados por um ponto em comum: enfrentam, diariamente, inúmeros desafios para manter seus negócios em funcionamento. Para superá-los, contaram com o acompanhamento atento, competente e personalizado da AdC, que caminha lado a lado com esses protagonistas, oferecendo apoio, escuta e orientação. Obras como Brilhos da Periferia não apenas ampliam horizontes, mas também revelam realidades muitas vezes desconhecidas por nós. Apresentam os caminhos percorridos por empreendedores das periferias e nos convidam a descobrir a riqueza, a criatividade e a força existente nestes locais. Mais do que relatos, são sementes de mudança. Compreendemos, então, que por trás de cada peça, cada sabor, cada detalhe, há uma trajetória marcada por luta, perseverança e esperança. Convido você a conhecer esses grandes empreendedores. Gente que faz, que sonha, que transforma.
- Uma visão humanista do direito coletivo
ESG - O caminho da transformação, uma série da Aventura de Construir Por Ana Luiza Mahlmeister Empresas que fazem a gestão de iniciativas ESG (políticas ambientais, sociais e de governança) nas organizações ainda são relativamente raras no mercado brasileiro. Uma das pioneiras, a Transforma.aí , com uma trajetória de 20 anos, foi criada com a missão de desenvolver projetos para mitigar riscos ambientais. Com metodologia própria e seguindo padrões de mercado como o Balanced Scorecard (BSC), criou métricas e linhas de ação para que os clientes alcancem seus objetivos: a promoção de impactos socioambientais positivos. Essa trajetória pode ser mensurada por inúmeras realizações: são mais de 390 mil pessoas beneficiadas, R$ 75 milhões gerenciados em programas como investimento social em diversos setores, 400 projetos executados diretamente, 350 tecnologias sociais e ambientais implantadas ao longo dos anos. Foram mais de 2 mil pessoas mobilizadas ou que passaram por algum tipo de capacitação da Transforma.aí, e 200 cadeias produtivas fortalecidas na área de coco, mandioca, produtos orgânicos e acesso a água para aumentar a produtividade dos produtores rurais principalmente no Nordeste, Sudeste e Rio Grande do Sul. Esses números impressionantes têm por trás os sócios Samuel Protetti e a advogada Camila Sabella e uma equipe altamente especializada. A trajetória de Camila, convidada a se juntar à Transforma.aí em 2018, ilustra o despertar para as diretrizes ESG de toda uma geração. “Comecei a me interessar pelo direito coletivo desde a universidade, que me levou a aprofundar o tema do direito social, além do interesse por questões socioambientais que afetam o planeta”, afirma Camila. Ela explica que o direito individual trata de questões específicas de família e indivíduo. Já o coletivo é difuso, não determina quem são as pessoas, mas a coletividade, e em última instância, a humanidade. Em 1998 fez um trabalho de conclusão de curso sobre a Lei de Crimes Ambientais, onde estudou a despersonalização jurídica, isto é, a responsabilidade criminal que recai sobre administradores e gerentes que tomaram decisões sobre questões ambientais. Esse foi um dos “gatilhos” do interesse socioambiental, quando ainda nem pensava em se juntar à Transforma.aí. Formada em direito em 2001, Camila não tinha ideia de toda a amplitude que esse tema iria tomar nos próximos anos. Pautada na relação interesses coletivos e difusos, Camila atuou na área criminal e de família em um escritório no Rio de Janeiro, e migrou para direito ambiental quando foi trabalhar na área jurídica da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) oferecendo consultoria em licenciamento ambiental e pareceres jurídicos para o agronegócio e empresas de energia com foco em certificações internacionais. Com essa bagagem, aceitou o convite de Samuel Protetti, e se tornou sócia diretora da Transforma.aí encarando novos desafios como as decisões sobre produtos, parceiros, clientes e criação de equipe. Uma das principais motivações para se juntar à iniciativa, foi trabalhar com o terceiro setor e diferentes empresas em múltiplos lugares, atuando na área ambiental, social e de governança, suas paixões ao deixar a universidade. Durante a pandemia as políticas de ESG tiveram destaque, quando grandes empresas passaram a olhar a questão social, ambiental e governança de forma mais atenta. “De início essas políticas tiveram mais apelo para o público jovem, com questões ligadas à sustentabilidade como critério para as decisões coletivas”, diz Camila. Na Transforma.aí Camila se propôs a olhar além das questões legais, abrangendo as realidades nos territórios onde as empresas estão inseridas, buscando uma linguagem comum entre dois mundos – a empresa e o entorno ou a comunidade – que precisam trabalhar juntos. “A meta é unir as duas pontas em projetos que dialoguem com o social e meio ambiente a partir da governança”. O formato decisório horizontal da Transforma.aí facilita o trabalho nas empresas, além da equipe trabalhar em diferentes projetos, ao contrário de um ambiente corporativo mais fechado. Segundo Camila, a metodologia criada pela Transforma.aí é fruto de um trabalho de 20 anos. Ao longo desse processo desenvolveu critérios que levam em conta o retorno financeiro do negócio, minimiza riscos ambientais e gera impactos positivos. Um exemplo é a metodologia Due Diligence social, uma auditoria baseada na ferramenta Balanced Scorecard (BSC), sistema de planejamento e gestão estratégica que ajuda as organizações a comunicar seus objetivos, alinhar atividades e medir o progresso em direção a metas, considerando perspectivas financeiras, de clientes, de processos internos, de aprendizado e crescimento. A partir da metodologia BSC, a Transforma.aí faz uma classificação dos objetivos, seguindo critérios customizados pela empresa cliente, conforme seu território e estratégia. “Fazemos um mapeamento de risco, mostrando oportunidades sociais e ambientais, além da análise dos agentes financeiros nacionais e internacionais”, explica Camila. O Duo Diligence ordena os critérios e agenda vistorias junto à comunidade, em uma visão completa que ajuda nas decisões dos gestores. Camila ressalta que esta é uma metodologia viva seguindo evidências, a partir de entrevistas com todos os envolvidos no projeto feitas no local e que define critérios de ação. “Oferecemos uma visão completa de todo o pessoal, com a colaboração da liderança, a partir de entrevistas com fornecedores, membros da comunidade do entorno e minorias”, afirma. No início a Transforma.aí trabalhavam com múltiplas planilhas que evoluíram para um sistema próprio integrado com indicadores de investimento social privado, monitoramento e avaliação dos critérios ESG customizados por empresa, facilitando a avaliação. “A plataforma acompanha projetos unindo gestão e monitoramento”, diz Camila. Esse acompanhamento dos projetos, aprimora a transparência e dá eficácia à avaliação dos resultados, facilitando o trabalho dos gestores. Conforme a necessidade, os projetos vão sendo ajustados para alcançar metas de impacto, definidas pela empresa cliente. O próximo passo da Transforma.aí, segundo Camila, é o fortalecimento dos negócios fora do Brasil: já presentes em Portugal, pretendem expandir para a Espanha. “A atuação do Brasil em ESG é reconhecida mundialmente e é referência no investimento social privado, a frente de outros países”, diz Camila. A Transforma.aí continua crescendo, reconhecida pelos bons serviços prestados para as empresas. A melhor forma de publicidade, segundo Camila, é a entrega pontual. “Somos indicados e solicitados pelas empresas após o término dos projetos para fazermos mais; essa é a melhor propaganda”, afirma. Entre os clientes estão empresas como a Votorantim, CESP, Elera, Suzano, CPFL, Statkraft, Brookfield, Basf, Neoenergia e Instituto Embraer. Camila participou de um dos eventos de lançamento do livro “Brilhos da Periferia” , da Aventura de Construir (AdC), no final do ano passado, na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) em São Paulo, que promoveu um diálogo entre os empreendedores, universidade, bancos e empresas. “Essa troca em um ambiente diversificado é fundamental para encontrar soluções criativas para os desafios ambientais, sociais e econômicos”, afirma Camila. O que mais chamou sua atenção, foi que todos os envolvidos estavam naquele ambiente em pé de igualdade. Em sua opinião, a nova conjuntura internacional – com um novo mandato do governo Trump nos Estados Unidos – pode significar recuos em pautas socioambientais e vai influenciar o ritmo e o andamento das mudanças nas políticas ESG. “O ambiente conturbado tem impacto negativo gerando crise econômica e consequentes ajustes na agenda socioambiental principalmente nas políticas públicas que têm papel crucial no avanço dessas pautas”. Para ela, eventos do clima, a sociedade e o mercado financeiro continuarão pressionando pela manutenção das políticas ESG, pois o desafio do crescimento com sustentabilidade continua. “As empresas já avançaram bastante no redesenho de seus negócios levando em conta não só os custos, mas a vantagem competitiva, seguindo métricas financeiras, quantificando a redução dos riscos, e esse processo educativo deve continuar, pois a mudança de perspectiva do investidor tem se mantido”. ESG gera economia, fidelização do cliente e hoje temos mais instrumentos para a mensuração de riscos e resultados. “Estamos em um momento de transição do capitalismo financeiro para um capitalismo social, ambiental e humano, nessa perspectiva, sou otimista”, destaca Camila. Para ela a parceria entre a Transforma.aí e a AdC tem potencial para impulsionar o capital social privado nas organizações. Há sinergia na realização de projetos, alinhado às demandas sociais de empreendimentos da periferia. A AdC apoia empreendimentos da periferia, enquanto a Transforma.ai tem expertise em projetos agrícolas. Segundo Camila, essa complementariedade deve gerar soluções criativas em metodologias e capacitação. “Esse trabalho conjunto poderá impulsionar novos programas nas empresas”, prevê Camila.
- Soluções tecnológicas: Parceria transformadora com alunos IBMEC - Podcast Empreendendo na Periferia #8
Neste episódio, exploramos como a parceria entre o IBMEC e a Aventura de Construir tem impulsionado a inovação no microempreendedorismo. Alunos da instituição mergulharam nos desafios enfrentados por pequenos negócios e desenvolveram soluções tecnológicas para aprimorar sua gestão e fortalecer seu crescimento. Acesse pelo link O Podcast Empreendendo na Periferia é um espaço onde histórias reais e dicas práticas se encontram para fortalecer o empreendedorismo que nasce das periferias do Brasil. É uma produção da Aventura de Construir, a AdC, ONG que atua no apoio ao crescimento pessoal e à transformação socioeconômica desse público, os microempreendedores das periferias , promovendo sua formação e fortalecimento. A cada episódio, traremos convidados especiais que compartilham suas experiências, desafios e sucessos no mundo do empreendedorismo . São verdadeiros protagonistas de suas vidas, seus negócios e suas comunidades. Não perca esse episódio! Nos siga nas plataformas de áudio e nas redes sociais. Apresentação de Leonardo Alqualo Produção de Pedro Menezes e Leonardo Alqualo Edição de Vinicius Dutra
- Reflexões Sobre Liderança, Sororidade e Transformação
O que faz uma mulher se manter firme diante dos desafios? Por Verônica dos Santos Para muitas, a resposta está na rede de apoio que constroem ao longo da vida. O Dia das Mulheres não deve ser apenas uma celebração, mas um momento de reflexão sobre como fortalecer essas redes. No empreendedorismo, essa rede de suporte pode ser construída por meio de parcerias, mentorias e espaços que fomentem o protagonismo feminino. Nesse contexto, conversamos com Grasiela Caldeira Marques da Silva , coordenadora de responsabilidade social do Instituto SYN , que compartilha sua trajetória e visão sobre liderança, equidade de gênero e o impacto do empreendedorismo feminino. Sua experiência na condução de projetos sociais voltados para microempreendedoras reforça a importância da colaboração e da construção conjunta de oportunidades. A partir dessa conversa, exploramos como parcerias estratégicas podem transformar vidas e fortalecer mulheres em suas jornadas. Uma Mulher em Liderança Para ela, a presença de mulheres em cargos de liderança é essencial por diversos motivos. "Ter mulheres em posições de liderança ajuda a diversificar as perspectivas nas empresas e é um passo importante em direção à diversidade e inclusão nas organizações. É uma gratidão estar há 10 anos na SYN e ter crescido profissionalmente como cresci aqui e, com toda certeza, posso dizer que aprendo muito todos os dias e isso me transforma", destaca. O Instituto SYN, braço social da SYN PROP & TECH , tem um compromisso claro: impulsionar o empreendedorismo, empregabilidade e desenvolvimento social no entorno de seus empreendimentos. A parceria com a Aventura de Construir começou de forma tímida, mas se consolidou com o tempo em iniciativas estruturadas como o projeto Realidade Empreendedora e, mais recentemente, o Decidindo para Crescer . Esses projetos não apenas capacitam tecnicamente as empreendedoras, mas as incentivam a tomar decisões mais assertivas e a enxergar novas possibilidades para seus negócios. O Impacto do Empreendedorismo Feminino O protagonismo das mulheres empreendedoras vai muito além da geração de renda. Ele impacta diretamente suas famílias e comunidades, transformando também as relações sociais. Como ela mesma destaca: "Não só como projeto social, mas como apoio diário a estas empreendedoras, desperta e nos traz a reflexão de que contribuímos para o crescimento da economia e para a criação de empregos. O empreendedorismo feminino transforma também as relações sociais. Quando mulheres alcançam a autonomia financeira, não precisam mais se submeter a relacionamentos abusivos e violentos, pois não dependem mais de terceiros para se sustentar", diz. Foto: Evento de finalização do projeto O relatório Ideafix , que avaliou os impactos do Decidindo para Crescer, trouxe reflexões importantes sobre esse protagonismo. Ele destacou como as participantes, ao longo do projeto, evoluíram tanto na gestão de seus negócios quanto na autoconfiança para tomar decisões estratégicas. Esse amadurecimento reforça a necessidade de ampliar o alcance desses programas para que mais empreendedoras possam se beneficiar. Como enfatiza Grasiela: "A maior marca foi a evolução de como elas iniciam e de como saem e nos deixa uma grande lição de que precisamos ampliar nossos horizontes para receber mais e mais empreendedoras dentro do projeto. Queremos escalar cada vez mais, transformando a vida das beneficiárias", comentou. Liderança e Maternidade: Dois Pilares de Transformação Além de sua atuação no Instituto SYN, Grasiela também compartilha como a maternidade influencia sua forma de liderar e tomar decisões. Para ela, cada projeto social é como um filho: exige planejamento, cuidado e dedicação diária. "A maternidade traz mudanças positivas para a vida, proporcionando amadurecimento, maior responsabilidade e paciência para vivenciar quaisquer momentos da nossa vida. É um olhar amplo sobre tudo. Todo projeto é um filho que você precisa pensar nos detalhes, planejar tudo o que almeja para ele e colocar em prática um pouco todo dia", diz. Essa perspectiva reforça a importância de lideranças que compreendam a complexidade e as demandas da vida das empreendedoras, criando redes de apoio que permitam que elas cresçam de forma sustentável. Juntas, Construindo Novos Horizontes A parceria entre o Instituto SYN e a Aventura de Construir não é apenas uma iniciativa de capacitação. Ela representa um compromisso com a equidade e com a construção de um ambiente em que mulheres possam se apoiar mutuamente. Grasiela reforça esse papel ao enxergar que cada projeto não é apenas uma ação isolada, mas um passo em direção a um mercado mais justo e inclusivo. Se queremos uma sociedade onde as mulheres tenham mais espaço para crescer e prosperar, iniciativas como essa precisam ser incentivadas e multiplicadas. A equidade de gênero não é apenas uma questão social; é uma estratégia para o desenvolvimento sustentável e para um futuro mais promissor para todas. Neste Dia das Mulheres , celebrar histórias como a de Grasiela e das empreendedoras impactadas pelo projeto é reafirmar que o caminho para a transformação passa pela parceria, pela sororidade e pelo compromisso real com a mudança.
- Mudanças no cenário internacional e novos desafios da agenda ESG
ESG - O caminho da transformação, uma série da AdC Por Ana Luiza Mahlmeister As organizações sociais que atuam na periferia têm novos desafios face às mudanças no âmbito internacional e escassez de capital interno. Quais os impactos na agenda ambiental, social e de governança (ESG) no Brasil atual? Quem nos ajuda a entender um pouco mais este cenário é Graziella Comini , professora associada do Departamento de Administração da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA–USP) que destaca a importância da parceria entre o setor privado e as organizações não governamentais (ONGs), como a Aventura de Construir, para obter resultados. Começamos pelo conceito ESG e sua evolução. Surge como um movimento de responsabilidade social corporativa sobre os impactos no entorno dos empreendimentos (no bairro ou município), na década de 90. “De início é uma iniciativa altruísta que questiona onde a fábrica será construída e quais os recursos daquele município levando em conta múltiplas variáveis sobre a população, como aumento da poluição e problemas ambientais e sociais, indo além da geração de empregos”, explica Graziella. Tudo isso gera impactos positivos e vai ganhando corpo até o ano 2000, mostrando que a sustentabilidade ligada à justiça social se traduz em impostos e movimenta a economia. Além das empresas, entram outros atores como o setor público e a sociedade civil que abraçam o desenvolvimento sustentável. O marco é a Eco 92, que aconteceu no Rio de Janeiro, fruto de uma semente lançada em 1987 pelo Relatório Brundtland que destacou a importância do desenvolvimento sustentável, influenciando a política ambiental global. “O ESG é um conceito antigo, cuja pressão por resultados foi aumentando junto às empresas para pensarem ações de impacto para as comunidades próximas”, diz Graziella. Isso resultou no tripé econômico, social e ambiental entre 2000 e 2020 com a criação de fundações e áreas voltadas a estas questões. “Divisões antes periféricas entram no ‘core’, isto é, na área principal das empresas em busca de resultados econômicos, sociais e ambientais, repensando procedimentos e processos para minimizar impactos, agregando objetivos econômicos”, afirma Graziella. A partir de 2020 entra o olhar dos bancos. Eles começam a cobrar ações mais efetivas nessa área como contrapartida para oferta de crédito. “Entrou em cena uma política mais impositiva com a necessidade de demonstração dos impactos ambiental e social positivos, ou seja, o mercado financeiro cobra ações mais efetivas, contemplando também a governança corporativa, e exigindo indicadores e métricas sobre inclusão e diversidade nas empresas”, explica Graziella. Com as crises trazidas pelas mudanças climáticas, entra a cobrança dos consumidores. Nos países em desenvolvimento, onde a desigualdade está mais em evidência, vários elementos se combinam: a questão social e meio ambiente se conecta aos problemas de saúde, provocando um efeito cascata em termos de aumento da temperatura e degelo que são relacionados aos setores que emitem mais gazes de efeito estufa. Esse movimento afeta as novas gerações e as organizações corporativas e financeiras que questionam seu papel nesse cenário. É um movimento endógeno do sistema capitalista para se diferenciar acrescido da cobrança dos conselhos de administração para poder vender produtos a países com regulamentações mais exigentes na pauta ambiental. A Europa e os países escandinavos, em parceria com países da América Latina, por exemplo, têm iniciativas para o rastreamento de produtos, com indicação de origem e destinação, mesmo de pequenos produtores. Outra dimensão positiva da ESG é a atração de recursos humanos, com uma nova geração mais comprometida com as pautas ambientais. Estudos recentes mostram as vantagens da parceria entre as grandes corporações e as organizações da sociedade civil para ações nessa área. Sem reinventar a roda, ONGs como a Aventura de Construir criam soluções levando em conta questões econômicas, de inclusão e sustentabilidade (uso da água e reciclagem de resíduos). “É um relacionamento ganha ganha que estimula o micro empreendedorismo no entorno, inclusão social e pautas de meio ambiente”, diz Graziella. Com a chegada de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos, será necessário algum tempo para analisar os efeitos de mais protecionismo, valorização da produção local, fechamento de fronteiras e taxações. Desde o início de sua administração, houve um enfraquecimento das regulamentações ambientais, uma postura menos rigorosa quanto a questões sociais e uma ênfase na desregulamentação do mercado. “Vejo com preocupação uma reversão nos ganhos – que foram lentos nesses anos, mas que deixaram marcas”, afirma Graziella. Na contramão das pautas ESG, os EUA, como potência de fato e papel importante nas exportações, deixou o Acordo de Paris, -- um tratado internacional que visa combater as alterações climáticas adotado em 2015 e que entrou em vigor em 2016. “Isso legitima ações negacionistas: vemos grandes consultorias fechando áreas específicas de pesquisas sobre ESG, multinacionais estão deixando em segundo plano a equidade nas contratações e abandonando pautas de sustentabilidade, retrocedendo em políticas afirmativas que levaram anos para ganhar espaço nas empresas”, completa Graziella. Esses retrocessos, em sua avaliação, não devem acontecer na mesma medida no Brasil, mas em sua opinião, muitas multinacionais vão colocar orçamentos em “stand by”, ou seja, não vão alocar o mesmo investimento. Estamos vivendo os efeitos das mudanças climáticas em todo o mundo, onde as áreas mais pobres sentem mais os efeitos como calor e degelos. “Este momento de descrença não vai obstruir as tragédias e, paradoxalmente, veremos ações mais lentas e um atraso na consciência dessa nova realidade”, diz Graziella. Em sua opinião, seria pior se estivéssemos no governo passado: hoje há mais sensibilidade nas questões da Amazônia, por exemplo. “Não dá para voltar atrás, mas o perigo é não avançar na agenda, há ganhos, mas os próximos passos vão exigir mais esforço”, destaca Graziella. Uma das grandes preocupações, além da questão ambiental, é o que vai acontecer com os núcleos de diversidade. “As grandes empresas dos EUA estão retrocedendo nessa bandeira que sempre foi importante; não significa que vão abortar a questão, mas há um sério risco de enfraquecimento”, diz Graziella. Apesar de tudo, ela é otimista com o Brasil, onde a desigualdade ainda é muito forte. “Tenho dificuldade em imaginar que grandes executivos abandonem pautas importantes quando confrontados com a com a questão social, levando em conta inclusive o impacto na violência e aumento da criminalidade”. Para ela, o efeito Trump deve provocar um atraso, mas não desfazer iniciativas. “Não podemos perder as poucas vitórias alcançadas e observar também qual será o efeito no setor público em 2026: fica a preocupação com esperança”, ressalta. Um dos perigos é o desincentivo ao voluntariado que foi muito forte nos anos 90. É necessária uma revalorização dos talentos e maior ênfase nas soluções colaborativas entre as empresas e as organizações sociais, afirma Graziella. Essa parceria facilita o acesso aos territórios onde as companhias estão inseridas, em municípios com alto índice de pobreza, ajudando em diagnósticos que vão resultar em ações socioambientais. É importante deixar o pessimismo de lado: há muito a ser feito e as organizações sociais são porta-vozes dos ganhos alcançados. “É possível vencer a onda negacionista norte-americana se apoiando no bloco europeu que não compactua com essa visão retrógrada”, diz Graziella. Ela reforça que nesse momento as empresas devem manter os compromissos de responsabilidade ambiental, social e de governança, sem assistencialismo, ajudando a divulgar que o investimento social privado gera sustentabilidade, fruto de parcerias. Como as empresas não têm expertise ou áreas específicas de responsabilidade social, é fundamental a aliança com as ONGs presentes na comunidade. Por serem organizações menores são ágeis em soluções criativas e baratas, com benefício para as grandes empresas. “É uma grande oportunidade para os negócios sociais inovadores com ganho reputacional para as empresas parceiras”, explica Graziella. Conforme mostra o estudo Conexão ESG: 4º. Mapa de Negócios de Impacto Sócio+Ambiental realizado pela Quintessa e Pipe.Social que ouviu 114 grandes empresas, há uma evolução do tripé junto às organizações ao longo de cinco anos. A adesão à agenda passou de 53,54% em 2018 para 59,46% em 2023. Sobre as temáticas de atuação e demanda, 56% das empresas atuam sobre resíduos, 33% em energia e biocombustíveis, 31% em florestas e uso do solo, 15% em educação, e 12% em saúde. O estudo mostra ainda que a pauta social aparece relacionada às de desenvolvimento territorial (desenvolvimento dos locais onde a empresa possui operação) – comumente cuidada pelas áreas de responsabilidade social –, e desenvolvimento de novos negócios, comumente cuidada pelas áreas de inovação.
- Comunicação e Empreendedorismo Feminino: Sua Voz, Sua Força
Por Verônica dos Santos Silva Você já parou para pensar no poder da sua voz como empreendedora? No mundo dos negócios, a comunicação vai muito além de vender um produto ou serviço – é sobre conexão, identidade e propósito. E, quando falamos de mulheres empreendedoras, isso ganha ainda mais força: nossas histórias, desafios e sonhos podem (e devem!) estar presentes na nossa marca, criando um diferencial competitivo e aproximando quem realmente se identifica com o que fazemos. Neste mês das mulheres, queremos te convidar a refletir sobre como sua expressão fortalece seu negócio. Trouxemos reflexões e inspirações para você potencializar sua comunicação, transformar sua narrativa em estratégia e, acima de tudo, valorizar o que torna sua marca única: você! Storytelling: Como Contar Sua História Pode Fortalecer Sua Marca O que faz seu negócio ser único? Sua trajetória. E é exatamente isso que o storytelling faz: transforma sua história em uma ferramenta poderosa de comunicação. Mas o que isso significa na prática? O storytelling nada mais é do que a arte de contar histórias de forma envolvente, criando conexões emocionais com seu público. Você já compartilhou com seus clientes como tudo começou? O que te motivou? Contar sua história torna sua marca mais humana e cria laços verdadeiros com quem te acompanha. Estudos apontam que histórias bem contadas são até 22 vezes mais memoráveis do que simples dados. Ou seja, contar sua jornada não é só inspirador – é estratégico. E essa estratégia se torna ainda mais poderosa quando alinhada ao que faz o empreendedorismo feminino ser tão singular: negócios construídos a partir do propósito e da empatia. Muitas mulheres empreendem porque querem transformar suas vidas, suas famílias e suas comunidades – e isso se reflete diretamente na forma como comunicam suas marcas. No livro Uma Voz Diferente , a pesquisadora Carol Gilligan destaca que as mulheres tomam decisões e constroem relações com base na empatia e no cuidado. No empreendedorismo, esse diferencial fortalece a conexão com o público, tornando as marcas mais próximas, autênticas e duradouras. Por isso, microempreendedora, lembre-se: sua voz tem poder! Compartilhar sua trajetória e criar conexões genuínas com seu público pode transformar seu negócio. Neste mês das mulheres, queremos reforçar que sua voz importa – e quanto mais espaço você ocupar, mais inspiração levará para outras mulheres que também querem empreender.
- Autoestima e Identidade: O Impacto da Consultoria de Imagem de Leidiane Cardoso - Podcast Empreendendo na Periferia #7
Conheça a trajetória da empreendedora Leidiane Cardoso , que usa a consultoria de imagem como ferramenta de empoderamento para mulheres da periferia. Com um olhar inclusivo e acessível, ela ajuda suas clientes a se sentirem mais confiantes e representadas na sociedade. Acesse pelo link O Podcast Empreendendo na Periferia é um espaço onde histórias reais e dicas práticas se encontram para fortalecer o empreendedorismo que nasce das periferias do Brasil. É uma produção da Aventura de Construir, a AdC, ONG que atua no apoio ao crescimento pessoal e à transformação socioeconômica desse público, os microempreendedores das periferias , promovendo sua formação e fortalecimento. A cada episódio, traremos convidados especiais que compartilham suas experiências, desafios e sucessos no mundo do empreendedorismo . São verdadeiros protagonistas de suas vidas, seus negócios e suas comunidades. Não perca esse episódio! Nos siga nas plataformas de áudio e nas redes sociais. Apresentação de Ana Luiza Mahlmeister Produção de Pedro Menezes e Vinicius Dutra Edição de Vinicius Dutra
- Memória e cultura brasileira em Salvador: um olhar sobre o desabamento da Igreja de São Francisco
Neste mês de março, iremos trazer, em nosso blog e redes sociais, histórias e depoimentos do microempreendedores acompanhados pela Aventura de Construir na Bahia, principalmente em Salvador. No dia 5 de fevereiro de 2025, a equipe da AdC estava na cidade quando ocorreu o desabamento do teto da igreja São Francisco de Assis . Conhecida como a "Igreja de Ouro", esse patrimônio histórico e artístico não apenas representa um marco do barroco brasileiro, mas também carrega memórias e significados profundos para a cidade, seus moradores e visitantes . O episódio, que infelizmente resultou na morte da jovem turista Giulia Panchoni Righetto, levanta questões sobre a preservação do nosso patrimônio e o impacto dessas perdas para a cultura e identidade nacional. Diante desse acontecimento, tivemos a oportunidade de ouvir Dinho, fundador do Acervo da Laje , um espaço dedicado à valorização da arte e da memória na periferia de Salvador. Em suas reflexões, Dinho nos convida a pensar sobre o valor simbólico e social da Igreja de São Francisco e sobre a responsabilidade coletiva na conservação da história. Ouça a fala de Dinho na íntegra: Para ele, o desabamento da igreja não é apenas uma perda arquitetônica, mas um golpe na memória e na identidade cultural do país. "O desabamento da nave central da Igreja de São Francisco é uma perda impressionante da memória, das referências da estética, da beleza, da religiosidade e do refinamento monumental do barroco" , afirma. Além disso, destaca a perplexidade e a dor pela perda de Giulia, ressaltando que a tragédia não pode ser vista como um evento isolado, mas como um alerta sobre a negligência com o patrimônio. A tragédia de Salvador também nos faz refletir sobre a valorização da arte e da cultura nos mais diversos territórios. Dinho enfatiza que a preservação da memória não deve se restringir apenas aos grandes centros históricos, mas deve incluir também os espaços periféricos. "A gente que está nas periferias tem patrimônios que precisamos cuidar. Precisamos tensionar os espaços de arte para que façam essa devolutiva para as periferias" , diz, ressaltando a necessidade de descentralizar o acesso à arte e à história. O Acervo da Laje, projeto liderado por ele e sua companheira Vilma, busca justamente essa valorização da cultura periférica, promovendo o pertencimento e a conscientização sobre a importância da memória. "A periferia não pode ser vista apenas por suas vulnerabilidades, mas também por suas potencialidades. A arte e a memória também são da periferia" , reforça. O desabamento da Igreja de São Francisco nos lembra que preservar o patrimônio histórico não é apenas conservar edifícios, mas manter viva a identidade e a história de um povo. Que esse episódio não caia no esquecimento e sirva de impulso para que a cultura e a arte sejam protegidas e acessíveis a todos, em todos os territórios.
- O que é esse tal de branding? E como ele pode te ajudar a vender mais
Por Verônica dos Santos Silva A palavra branding vem do inglês e significa "marcar" ou "deixar uma marca". Esse termo se refere à identidade de um negócio, à forma como uma marca se posiciona no mercado e se conecta com seu público. Mas o branding vai muito além de um logotipo bonito ou um nome marcante. De forma simples, é o conjunto de estratégias que fazem um negócio ser lembrado, reconhecido e criar um vínculo emocional com seus clientes. Embora o assunto tenha ganhado destaque nos últimos anos, a ideia de branding não é nova. Antes mesmo da internet, quando as fábricas começaram a produzir em grande escala, as marcas já precisavam encontrar maneiras de se diferenciar e conquistar clientes. Hoje, isso se tornou ainda mais essencial para pequenos negócios. E por quê? As pessoas escolhem marcas com as quais se identificam, que transmitem confiança e que têm propósitos autênticos. Independentemente do tamanho do seu empreendimento, construir um branding forte pode ser a chave para se destacar no mercado e criar conexões reais com seu público. Construindo o branding do seu microempreendimento Agora que você já sabe que essa estratégia não está reservada apenas para grandes empresas ou marcas famosas, vamos ver como você pode trazer isso para o seu negócio também? Se você vende bolos, produz roupas ou presta qualquer outro serviço, já deve ter percebido que as pessoas não escolhem apenas pelo preço. Muitas vezes, elas voltam a comprar com você porque gostam do seu atendimento, da forma como você se comunica ou até da história por trás do seu trabalho. Isso também é branding! Criar uma identidade para o seu negócio não significa gastar muito dinheiro ou ter um marketing sofisticado. Significa entender o que faz o seu trabalho especial e como você pode transmitir isso para os seus clientes. Pode ser o jeito único como você embala seus produtos, a forma atenciosa como responde às mensagens ou até o nome do seu empreendimento, que reflete sua história e propósito. No fim das contas, branding é sobre percepção. Como as pessoas veem o seu negócio? O que elas sentem quando pensam nele? Construir uma marca forte não precisa exigir um grande orçamento, mas sim intenção e consistência. Mas como construir o branding do seu negócio na prática? Aqui estão 4 dicas que podem te ajudar: 1. O que torna o seu trabalho único? Definir um propósito e valores claros é o primeiro passo. Se você já tem, pense no que faz o seu negócio especial e no que você quer transmitir para os seus clientes. 2. Como a identidade da sua marca ou empreendimento pode refletir isso? O nome do seu empreendimento, as cores, a maneira como você se comunica e até a embalagem dos seus produtos devem estar alinhados com a sua essência. 3. De que forma você pode criar uma conexão com seus clientes? Atendimento cuidadoso, mensagens personalizadas, presença nas redes sociais e um jeito único de contar a sua história fazem toda a diferença. 4. Você está sendo consistente? Para que sua marca seja lembrada e reconhecida, é essencial reforçar sua identidade e forma de comunicação ao longo do tempo. Isso ajuda a fortalecer sua presença na lembrança dos clientes. Essas perguntas vão te ajudar a ter uma visão mais clara sobre como fortalecer sua marca e criar conexões mais profundas com seus clientes. O branding não precisa ser complicado, ele acontece nas pequenas decisões do dia a dia, na forma como você comunica seu propósito e no jeito único que só o seu negócio tem. E quando é hora de mudar? Depois de responder às perguntas acima, talvez você perceba que seu público mudou ou que a identidade do seu empreendimento já não representa mais seu negócio. Isso pode ser um sinal de que chegou a hora de um rebranding . Atenção: um rebranding não é apenas trocar o nome ou mudar o visual da marca. Ele precisa ser planejado com estratégia para que a transição aconteça de forma clara e não gere confusão para seus clientes. O objetivo não é perder sua identidade, mas sim fortalecê-la e ajustá-la à realidade do seu negócio e às necessidades do seu público. O mais importante é garantir que sua marca esteja alinhada com quem você é e com quem você deseja alcançar. E lembre-se: Mesmo que existam outros negócios no mesmo ramo, o seu microempreendimento é único – assim como você! Comunique isso ao mundo.
- Aventura de Construir: Ponto de encontro entre pessoas, financiadores e negócios
ESG - O caminho da transformação, uma nova série da AdC Por Ana Luiza Mahlmeister Para avançar nos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) a AdC investe em recursos humanos e governança A responsabilidade educativa frente ao terceiro setor, a sociedade civil e as empresas está no DNA da Aventura de Construir (AdC). No conceito ESG – sigla em inglês para políticas ambientais, sociais e de governança, – a AdC é a ponte entre os empreendedores de baixa renda e empresas que queiram apoiar o desenvolvimento social e econômico de pequenos negócios da periferia. “Conhecemos a fundo a realidade desses empreendimentos beneficiários últimos desse apoio, e sabemos como alavancar as iniciativas dentro da lógica empresarial”, afirma Silvia Caironi, Presidente da AdC. Como Organização não Governamental (ONG), a AdC não gera lucro, precisa crescer e se autossustentar. Por meio da governança, tanto interna quanto externa, fortalece seu papel de ente intermediário entre os negócios e os financiadores. Trabalhando com investimento social privado (ISP), tem na transparência e normas de compliance os pilares para avançar nos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) das ações sociais. A AdC reúne competências que abrem oportunidades para o desenvolvimento dos microempreendedores. “As empresas que nos apoiam precisam dessa ponte para chegar ao empreendedor na ponta e gerar impacto sustentável e mensurável”, diz Silvia. Por estar próxima dos protagonistas dos pequenos negócios, a AdC tem recursos para dialogar e entender suas necessidades. “Um dos pilares é a governança que alavanca as parcerias das várias instituições que apoiam os negócios alcançados pela AdC”, afirma Silvia. Além de balanço auditado desde 2015, a AdC conta com um conselho diretor, conselho fiscal, assembleia e conselho consultivo, órgãos integrados por pessoas experientes em suas áreas e competências, compostos por representantes de empresas, universidades e terceiro setor. “Seguimos políticas de privacidade segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e transparência das atividades por meio desta sessão no nosso site ( www.aventuradeconstruir.com.br ) , manual de processos institucionais e jornada de desenvolvimento dos recursos humanos: são pessoas e procedimentos que sustentam todo o trabalho da AdC”, diz Silvia. Pelo segundo ano consecutivo o balanço foi auditado pela consultoria KPMG em uma prestação de serviços pro bono, facilitando o controle interno dos apoiadores. “A auditoria realizada por uma das quatro maiores consultorias do mundo garante a credibilidade e transparência exigida pelos financiadores”, afirma Silvia. Todo esse trabalho precisa de visibilidade. No final do ano passado a AdC lançou o livro “Brilhos da Periferia – Narrativas de Empreendedorismo e Resiliência” que reúne as histórias transformadoras de 18 empreendedores que foram entrevistados sobre a origem de seus negócios e seu desenvolvimento. O livro teve apoio de empresas e institutos do terceiro setor, e o lançamento uniu os empreendedores e representantes de empresas, bancos, multilaterais e universidades. Outro instrumento que pode facilitar a relação com a sociedade civil e as empresas na lógica de ESG é o Fundo Patrimonial “Já Devagar e Sempre” , disponível no site da Aventura de Construir para realizar doações, com opção de contribuições, regulares ou esporádicas. Trata-se de um fundo de caráter permanente, com capital intocável, formado por recursos advindos de doações de pessoas físicas e/ou pessoas jurídicas, investidos no mercado financeiro por gestor profissional. Os rendimentos serão recursos livres para financiamento de custos fixos e o desenvolvimento da Aventura de Construir em perpetuar a própria missão. “Construindo pontes entre empreendedores e apoiadores, a AdC mostra na prática uma lógica oposta ao assistencialismo, com impactos mensuráveis e que perduram no tempo”, diz Silvia. Vivemos eventos extremos do clima, com enchentes que atingem muitas famílias da periferia. “Esse público pode ter seu negócio, apoiar suas famílias e gerar empregos”, ressalta Silvia. Um dos muitos exemplos deste caminho é a da Boutique Taquariano, que como muitos outros negócios apoiados pela AdC, começou com pouco e conseguiu evoluir. Shirley Taquariano era funcionária da área de limpeza de uma multinacional e decidiu revender semijoias. Hoje lidera um grupo de 40 vendedoras. “São muitos os exemplos inspiradores, que começam de forma simples e cresceram com o apoio de cursos de administração e consultoria para o plano de negócios, alcançando o tão almejado equilíbrio financeiro”, destaca Silvia. Para ela, essas iniciativas mostram o potencial de iniciativas sustentáveis e duradouras das periferias. “É uma construção conjunta que tem o apoio dos financiadores e aliados neste caminho educativo”. Nesse processo entram os cursos oferecidos aos empreendedores, o portal informativo ( www.aventuradeonstruir.org.br ) , o podcast sobre os negócios, o livro “Brilhos da Periferia”, e em breve a finalização da tradução para o inglês das entrevistas com os empreendedores para que essas experiências ganhem o mundo. “São histórias de trabalho que transformam vidas, tendo a AdC como ponto de encontro e as pessoas como referência, protagonistas de suas vidas e negócios”, conclui Silvia. Mais do que uma sigla ou conceito, a ESG se revela na AdC com a construção do bem comum apoiado em pessoas.
- O Trabalho como Ato de Criação
Reflexões da Aventura de Construir no Prosa de Sexta Na última sexta-feira, a Aventura de Construir participou pela primeira vez do Prosa de Sexta, um encontro promovido pela CDM — Projetos Sociais de Alto Impacto, dedicado a reflexões sobre temas que impactam nossa vida profissional e pessoal. Dessa vez, nossa coordenadora geral, Silvia Caironi, conduziu uma conversa profunda e inspiradora sobre o senso do trabalho: o sentido do trabalho no desenvolvimento da pessoa. Com experiência no mundo corporativo, governamental e no terceiro setor, Silvia nos guiou em um bate-papo repleto de referências artísticas e culturais que nos convidaram a ressignificar o valor do trabalho bem-feito. Reflexões, Cultura e Propósito Silvia iniciou o encontro com uma reflexão provocativa: “Cada aspecto da vida carrega uma dimensão mais profunda do que o trabalho. Cada um de nós tem uma razão pela qual trabalha; se não, não o faríamos. O ponto é ir a fundo dessa razão”. Com esse convite, ela nos levou a pensar no trabalho não apenas como um meio de subsistência, mas como algo que molda e dá significado à nossa existência. A música “Amor de Índio”, de Milton Nascimento, abriu a reflexão. Seus versos exalam um profundo respeito pelo trabalho, tratando-o como algo sagrado que vai além do simples fazer; é sobre amor, dedicação e construção. Em seguida, fomos apresentados às potentes imagens de Sebastião Salgado. Silvia nos lembrou de sua trajetória como economista exilado que encontrou na fotografia uma forma de se reconectar com o mundo e contar histórias sobre trabalho, resistência e dignidade. As fotos selecionadas mostravam trabalhadores em cenários intensos, mas carregadas de uma beleza intrínseca. É impossível não mencionar o relato de Hellen, supervisora de comunicação da CDM, que compartilhou sua impressão ao ver essas imagens: “As fotos me impactaram; são fortes, mas também belas. Apesar da dureza retratada, elas revelam a beleza do trabalho e seu valor. Mesmo nas dificuldades, existe um significado”. Silvia compartilhou uma poesia de Charles Péguy, que traz uma profunda reflexão sobre o culto ao trabalho bem-feito, visto como uma forma de honra a ser cultivada. A obra nos leva a perceber que o trabalho, quando feito com dedicação, tem o poder de transformar tanto o resultado quanto quem o realiza. Péguy sugere que o valor do trabalho transcende a lógica econômica, sendo uma prática que deve prezar pela excelência, mesmo nas partes que ninguém vê — como na construção das catedrais. Fomos convidados a um diálogo, com perguntas provocadoras: o que esperamos do trabalho neste ano? Que dimensões ele pode abrir? Como podemos, juntos, caminhar para a construção do bem comum? Silvia nos instigou a refletir sobre como enxergamos a realidade e como podemos ajudar outras pessoas a atravessá-la, tornando-se protagonistas de seu próprio desenvolvimento. Depoimentos Inspiradores: Trabalho como Transformação e Felicidade A troca de experiências durante o encontro trouxe relatos inspiradores dos participantes. Pedro Menezes, coordenador de projetos da Aventura de Construir, destacou: “A transformação, do território, da comunidade, da família e até da sociedade, parte de uma transformação a nível pessoal. Agradeço muito pela forma como foi conduzida, porque acho que temas culturais são essenciais no trabalho, principalmente quando se trabalha com um público de alta vulnerabilidade.” Ele reforçou a importância da valorização da cultura como ferramenta de empoderamento tanto profissional quanto pessoal. Cássia Cristina, colaboradora da CDM, compartilhou um depoimento pessoal sobre o papel central do trabalho em sua vida: “O trabalho para mim é uma dimensão fora da curva. Eu me construí pelo trabalho; a pessoa que eu sou é por causa do trabalho. Ele representa troca e aprendizado contínuo”. Ela também fez um desejo para o ano de 2025: “Espero que a alegria faça parte do nosso cotidiano de trabalho. A alegria é fundamental, porque, sem ela, não conseguimos ser genuínos naquilo que fazemos.” Um Desejo para 2025: Deixar-se Tocar pelo Inesperado O encontro foi encerrado com uma mensagem inspiradora de Silvia: “Aquilo pelo que você é responsável não é somente seu. Você responde a algo que é maior que você. Você tira sua força vital de algo que é maior que você, e isso é o que nunca faz você perder o prazer de fazer.” Com esse pensamento, ela nos deixou um desejo para 2025: “Que neste 2025 possamos descobrir isso, deixando-nos provocar pelas frestas nas quais entra uma luz imprevista.” A experiência do Prosa de Sexta nos mostrou que, mais do que um meio para sustento, o trabalho é um ato de criação, arte e dedicação. Uma forma de nos conectarmos com algo maior e deixarmos nossa marca no mundo. Por Verônica dos Santos Silva
- Da Cozinha para as Ruas: a jornada de Valdenice e seus pães artesanais - Podcast Empreendendo na Periferia #6
Conheça a inspiradora trajetória da empreendedora Valdenice Oliveira, da Val Pães , que conquista seus clientes com pães e bolos caseiros feitos com dedicação e sabor. Acesse pelo link O Podcast Empreendendo na Periferia é um espaço onde histórias reais e dicas práticas se encontram para fortalecer o empreendedorismo que nasce das periferias do Brasil. É uma produção da Aventura de Construir, a AdC, ONG que atua no apoio ao crescimento pessoal e à transformação socioeconômica desse público, os microempreendedores das periferias , promovendo sua formação e fortalecimento. A cada episódio, traremos convidados especiais que compartilham suas experiências, desafios e sucessos no mundo do empreendedorismo . São verdadeiros protagonistas de suas vidas, seus negócios e suas comunidades. Não perca esse episódio! Nos siga nas plataformas de áudio e nas redes sociais. Apresentação de Ana Luiza Mahlmeister Produção de Pedro Menezes, Leonardo Alqualo e Silvia Caironi Edição de Vinicius Dutra