O Trabalho como Ato de Criação
- Comunicacao Aventura de Construir
- 12 de fev.
- 3 min de leitura
Reflexões da Aventura de Construir no Prosa de Sexta

Na última sexta-feira, a Aventura de Construir participou pela primeira vez do Prosa de Sexta, um encontro promovido pela CDM — Projetos Sociais de Alto Impacto, dedicado a reflexões sobre temas que impactam nossa vida profissional e pessoal. Dessa vez, nossa coordenadora geral, Silvia Caironi, conduziu uma conversa profunda e inspiradora sobre o senso do trabalho: o sentido do trabalho no desenvolvimento da pessoa.
Com experiência no mundo corporativo, governamental e no terceiro setor, Silvia nos guiou em um bate-papo repleto de referências artísticas e culturais que nos convidaram a ressignificar o valor do trabalho bem-feito.
Reflexões, Cultura e Propósito
Silvia iniciou o encontro com uma reflexão provocativa:
“Cada aspecto da vida carrega uma dimensão mais profunda do que o trabalho. Cada um de nós tem uma razão pela qual trabalha; se não, não o faríamos. O ponto é ir a fundo dessa razão”.
Com esse convite, ela nos levou a pensar no trabalho não apenas como um meio de subsistência, mas como algo que molda e dá significado à nossa existência.
A música “Amor de Índio”, de Milton Nascimento, abriu a reflexão. Seus versos exalam um profundo respeito pelo trabalho, tratando-o como algo sagrado que vai além do simples fazer; é sobre amor, dedicação e construção.
Em seguida, fomos apresentados às potentes imagens de Sebastião Salgado. Silvia nos lembrou de sua trajetória como economista exilado que encontrou na fotografia uma forma de se reconectar com o mundo e contar histórias sobre trabalho, resistência e dignidade. As fotos selecionadas mostravam trabalhadores em cenários intensos, mas carregadas de uma beleza intrínseca.
É impossível não mencionar o relato de Hellen, supervisora de comunicação da CDM, que compartilhou sua impressão ao ver essas imagens:
“As fotos me impactaram; são fortes, mas também belas. Apesar da dureza retratada, elas revelam a beleza do trabalho e seu valor. Mesmo nas dificuldades, existe um significado”.
Silvia compartilhou uma poesia de Charles Péguy, que traz uma profunda reflexão sobre o culto ao trabalho bem-feito, visto como uma forma de honra a ser cultivada. A obra nos leva a perceber que o trabalho, quando feito com dedicação, tem o poder de transformar tanto o resultado quanto quem o realiza. Péguy sugere que o valor do trabalho transcende a lógica econômica, sendo uma prática que deve prezar pela excelência, mesmo nas partes que ninguém vê — como na construção das catedrais.
Fomos convidados a um diálogo, com perguntas provocadoras: o que esperamos do trabalho neste ano? Que dimensões ele pode abrir? Como podemos, juntos, caminhar para a construção do bem comum? Silvia nos instigou a refletir sobre como enxergamos a realidade e como podemos ajudar outras pessoas a atravessá-la, tornando-se protagonistas de seu próprio desenvolvimento.
Depoimentos Inspiradores: Trabalho como Transformação e Felicidade
A troca de experiências durante o encontro trouxe relatos inspiradores dos participantes. Pedro Menezes, coordenador de projetos da Aventura de Construir, destacou:
“A transformação, do território, da comunidade, da família e até da sociedade, parte de uma transformação a nível pessoal. Agradeço muito pela forma como foi conduzida, porque acho que temas culturais são essenciais no trabalho, principalmente quando se trabalha com um público de alta vulnerabilidade.”
Ele reforçou a importância da valorização da cultura como ferramenta de empoderamento tanto profissional quanto pessoal.
Cássia Cristina, colaboradora da CDM, compartilhou um depoimento pessoal sobre o papel central do trabalho em sua vida:
“O trabalho para mim é uma dimensão fora da curva. Eu me construí pelo trabalho; a pessoa que eu sou é por causa do trabalho. Ele representa troca e aprendizado contínuo”.
Ela também fez um desejo para o ano de 2025:
“Espero que a alegria faça parte do nosso cotidiano de trabalho. A alegria é fundamental, porque, sem ela, não conseguimos ser genuínos naquilo que fazemos.”
Um Desejo para 2025: Deixar-se Tocar pelo Inesperado
O encontro foi encerrado com uma mensagem inspiradora de Silvia:
“Aquilo pelo que você é responsável não é somente seu. Você responde a algo que é maior que você. Você tira sua força vital de algo que é maior que você, e isso é o que nunca faz você perder o prazer de fazer.”
Com esse pensamento, ela nos deixou um desejo para 2025:
“Que neste 2025 possamos descobrir isso, deixando-nos provocar pelas frestas nas quais entra uma luz imprevista.”
A experiência do Prosa de Sexta nos mostrou que, mais do que um meio para sustento, o trabalho é um ato de criação, arte e dedicação. Uma forma de nos conectarmos com algo maior e deixarmos nossa marca no mundo.
Por Verônica dos Santos Silva