Memória e cultura brasileira em Salvador: um olhar sobre o desabamento da Igreja de São Francisco
- Vinicius R. Dutra
- 3 de mar.
- 2 min de leitura

Neste mês de março, iremos trazer, em nosso blog e redes sociais, histórias e depoimentos do microempreendedores acompanhados pela Aventura de Construir na Bahia, principalmente em Salvador.
No dia 5 de fevereiro de 2025, a equipe da AdC estava na cidade quando ocorreu o desabamento do teto da igreja São Francisco de Assis. Conhecida como a "Igreja de Ouro", esse patrimônio histórico e artístico não apenas representa um marco do barroco brasileiro, mas também carrega memórias e significados profundos para a cidade, seus moradores e visitantes. O episódio, que infelizmente resultou na morte da jovem turista Giulia Panchoni Righetto, levanta questões sobre a preservação do nosso patrimônio e o impacto dessas perdas para a cultura e identidade nacional.
Diante desse acontecimento, tivemos a oportunidade de ouvir Dinho, fundador do Acervo da Laje, um espaço dedicado à valorização da arte e da memória na periferia de Salvador. Em suas reflexões, Dinho nos convida a pensar sobre o valor simbólico e social da Igreja de São Francisco e sobre a responsabilidade coletiva na conservação da história.
Ouça a fala de Dinho na íntegra:
Para ele, o desabamento da igreja não é apenas uma perda arquitetônica, mas um golpe na memória e na identidade cultural do país. "O desabamento da nave central da Igreja de São Francisco é uma perda impressionante da memória, das referências da estética, da beleza, da religiosidade e do refinamento monumental do barroco", afirma.
Além disso, destaca a perplexidade e a dor pela perda de Giulia, ressaltando que a tragédia não pode ser vista como um evento isolado, mas como um alerta sobre a negligência com o patrimônio.
A tragédia de Salvador também nos faz refletir sobre a valorização da arte e da cultura nos mais diversos territórios. Dinho enfatiza que a preservação da memória não deve se restringir apenas aos grandes centros históricos, mas deve incluir também os espaços periféricos.
"A gente que está nas periferias tem patrimônios que precisamos cuidar. Precisamos tensionar os espaços de arte para que façam essa devolutiva para as periferias", diz, ressaltando a necessidade de descentralizar o acesso à arte e à história.
O Acervo da Laje, projeto liderado por ele e sua companheira Vilma, busca justamente essa valorização da cultura periférica, promovendo o pertencimento e a conscientização sobre a importância da memória. "A periferia não pode ser vista apenas por suas vulnerabilidades, mas também por suas potencialidades. A arte e a memória também são da periferia", reforça.
O desabamento da Igreja de São Francisco nos lembra que preservar o patrimônio histórico não é apenas conservar edifícios, mas manter viva a identidade e a história de um povo. Que esse episódio não caia no esquecimento e sirva de impulso para que a cultura e a arte sejam protegidas e acessíveis a todos, em todos os territórios.