'"As mudanças climáticas são o maior desafio da atualidade e, para superá-lo, é essencial aproveitar o talento ideias inovadoras dos jovens cientistas e de novos contextos’’ – Disse Karina Berbert
- Sofia Missiato
- 10 de jul. de 2024
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Brasileira foi premiada pela ONU por Pesquisa sobre mudança climática no Cerrado, bioma que reúne cerca de 30% da biodiversidade do Brasil e 5% das espécies do mundo, mas que está sob ameaça.

Por Sofia Missiato
Karina, que é geógrafa pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e tem 32 anos, foi uma das três vencedoras do concurso internacional Space4Youth, organizado pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Sideral (UNOOSA) em parceria com a Space Generation Advisory Council (SGAC). Seu projeto "O espaço como ferramenta de mitigação das mudanças climáticas: resultados multiescala com tecnologias de observação da Terra no bioma Cerrado" destacou-se entre mais de 430 inscritos de 80 países. Ela possui experiência na área de Geociências, com ênfase em sistemas de informações geográficas (SIG), análises geoespaciais, ambientais, econômicas e sociais.
Em entrevista para AdC, Karina compartilhou como surgiu seu interesse em estudar a relação entre o espaço e a mitigação das mudanças climáticas. "Foi um processo natural, uma questão de interesse pela necessidade de estudo. Tentei contribuir de alguma forma, sabendo que é um assunto importante."
Ela também destacou a importância da visibilidade do contexto internacional para outros biomas. "Meu mestrado é na área de transição no norte do Mato Grosso, uma zona agrícola com bastante desmatamento, não muito conhecida no exterior."
Karina apontou os principais desafios que encontrou ao desenvolver a pesquisa: "Lidar com a realidade é difícil. A perda de biodiversidade é entristecedora. Muitas pessoas que estudam essa área precisam aprender a equilibrar as emoções já que as análise de dados pesam muito "
Ela enfatizou a importância de não deixar de lado a parte social ao fazer análises de degradação ambiental. "Às vezes focamos tanto na parte ambiental, como desmatamento, queimadas, degradação e contaminação, que esquecemos de conectar com a parte social. Quem são os moradores e como são afetados?"
Karina acredita que precisamos aprender a desenvolver de forma sustentável, sem degradar o meio ambiente. Ela percebe que, desde o início de sua pesquisa, houve poucas mudanças políticas efetivas para mitigar o desmatamento, embora algumas empresas estejam adotando tecnologias preventivas. Ela acredita que sua pesquisa possa servir de modelo para que outros países e regiões possam aplicar a metodologia de monitoramento via satélite na análise do uso da terra e de sua degradação.
O concurso Space4Youth tem como objetivo apoiar a realização dos 17 Objetivos Sustentáveis da ONU (ODU). "É fundamental, hoje em dia, com tantos dados disponíveis, que as empresas e instituições entendam a importância e a eficácia de usar informações recentes para análise temporal."
Karina também destacou a importância da presença de mulheres na ciência. "Foi gratificante conhecer outras mulheres vencedoras. Meu conselho para jovens mulheres interessadas em seguir uma carreira científica é se manter firmes e acreditar em seu trabalho. Persistência é fundamental."