A Força das Colaborações Catalizadoras
- Sofia Missiato
- 21 de ago. de 2024
- 6 min de leitura
Como as estratégias de colaboração e catalisadores de mudança estão moldando o futuro das inovações sociais no Brasil e no mundo

Por Sofia Missiato
Jeroo Billimoria é uma líder global reconhecida por sua capacidade de catalisar mudanças sociais significativas através de redes colaborativas. Em recente evento que a Aventura de Construir participou a convite da Monica Pasqualin, Billimoria compartilhou sua visão sobre o poder das colaborações em rede, destacando a importância de se adaptar às necessidades dos membros e das comunidades que essas organizações servem. Abaixo, exploramos os principais pontos de sua fala.
A Magia das Colaborações: Energia e Adaptação
Billimoria inicia destacando a importância da energia que as colaborações trazem para as organizações. “Tem mais energia sendo trazida. E eu sinto que isso é muito bom,” ela diz, sublinhando que essa energia é essencial para o florescimento das parcerias. No entanto, essa energia só pode ser efetiva quando as colaborações são adaptadas às necessidades dos membros, e não impostas de cima para baixo.
Durante a entrevista, Jeroo destacou um período em que as colaborações em sua rede global estavam falhando devido a uma abordagem excessivamente centralizada. "As colaborações não estavam florescendo porque estávamos sendo muito de cima para baixo", explicou. Ela notou que o segredo para a revitalização das parcerias foi escutar os membros e permitir que suas energias e necessidades conduzissem as ações. "O espírito disso é muito mais construído na energia do membro", disse ela, ressaltando a importância de uma abordagem que apoie diretamente os desejos e contribuições dos colaboradores.
Catalisadores para o Clima
Billimoria também falou sobre os "Catalisadores para o Clima", um exemplo claro de como as colaborações podem ser bem-sucedidas quando são alimentadas pela energia dos membros. O projeto, trouxe membros climáticos de todo o mundo para colaborar. “Estamos olhando para um memorando de entendimento com eles,” ela explica, mostrando como a formalização das parcerias é importante para a continuidade dos esforços.
O Papel dos Governos e a Continuidade das Ações
Outro ponto abordado por Billimoria é a necessidade de envolvimento dos governos nas colaborações para garantir a continuidade. “Muitos governos não têm largura de banda para fazer isso. Eles estão lá por um ano. Eles querem apenas fazer algo legal,” afirma. Neste contexto, ela destaca a importância dos catalisadores como fatores de continuidade, capazes de garantir que os projetos não percam força com as mudanças governamentais.
‘’O papel dos governos é vital, mas insuficiente sem a continuidade fornecida por catalisadores.’’
‘’É necessário olhar para os catalisadores como o fator de continuidade. E eu acho que é isso que queremos construir, que damos aos governos a opção de fazer isso por meio de indivíduos, por meio de membros que apoiamos ou por meio de catalisadores que estão na vanguarda para poder fazer algo, mas para traçar o perfil dos membros. É disso que as pessoas gostam, é que a entidade catalisadora não traça o perfil de si mesma tanto quanto traça o perfil dos membros. E então as pessoas vão em frente porque se unem, não de uma forma forçada, mas apenas de uma forma aberta de compartilhamento, as colaborações decolam. Lembre-se, nós fizemos isso no começo.’’
O Brasil e as colaborações sociais
Billimoria também vê grande potencial para o Brasil emergir como líder em colaborações sociais, especialmente no contexto dos "Catalisadores para o Clima". Ela sugere que o Brasil poderia se inspirar no sucesso de outras nações e adaptar esses modelos para suas necessidades específicas. “Eu acho que é isso que o Brasil deveria realmente se unir a muitos para fazer,” ela comenta.
Ao final de sua fala, Billimoria aborda a necessidade de reestruturação e reposicionamento contínuo das organizações para se manterem relevantes. Ela menciona as reflexões que estão sendo feitas sobre o futuro dos "Catalisadores para o Clima" e como essas adaptações são essenciais para o sucesso a longo prazo.
“Estamos apenas começando algumas reflexões porque achamos que precisamos ajustar algumas regras aqui,” afirma, destacando a importância de manter as organizações ágeis e receptivas às mudanças.
Contexto atual
De acordo com Billimoria, o governo tende a desconsiderar soluções pequenas, embora a maioria dos empreendedores sociais no Brasil são pequenos. “O governo não gosta de pequeno. E a maioria dos nossos empreendedores sociais são pequenos. Então, não criamos impacto”, declarou. Ela argumenta que a verdadeira força do capital social reside na capacidade de reunir uma massa crítica de iniciativas para enfrentar grandes questões nacionais, sugerindo que o empreendedorismo social brasileiro deveria focar em amplificar o impacto dessas pequenas iniciativas.
Sua proposta central é a criação de um "plano de ação nacional" que congregue soluções de empreendedores sociais de todo o Brasil em um único documento estratégico. Este plano, segundo Billimoria, deve ser apresentado ao governo como um conjunto coeso de propostas para resolver problemas como desemprego, alfabetização e pobreza. Ela enfatiza que, ao integrar as soluções dos empreendedores sociais com o apoio de grandes capitalistas, seria possível oferecer ao governo um plano de ação concreto, viabilizando a criação de milhares de empregos e outras melhorias sociais significativas.
Billimoria também sugere que esse plano seja apresentado durante a cúpula do G20 no Brasil, transformando-o em uma ferramenta de advocacia e implementação de políticas, ressaltando a importância de coordenar esforços em todo o ecossistema de inovação social do país.
Para ela, a chave para o sucesso dessa estratégia está em uma colaboração mais ampla, que inclui não só o setor privado e os empreendedores sociais, mas também o governo e instituições acadêmicas. Ao final da entrevista, Jeroo Billimoria se mostrou otimista quanto ao impacto potencial desse plano, convidando os inovadores sociais brasileiros a se unirem em torno dessa iniciativa. "Trabalhar juntos, como capitalistas e inovadores sociais, pode ser o catalisador que o Brasil precisa para enfrentar seus desafios mais complexos".
Aventura de Construir e Catalyst Brasil
A Aventura de Construir, nossa organização que atua fortemente no campo do empreendedorismo social, está à frente de uma nova e ousada iniciativa de colaboração interinstitucional. Silvia Caironi, líder da organização, propor a criação de um projeto em conjunto com outras oito organizações, como parte do renomado programa 100 and Change.
O projeto, que surgiu a partir de uma sugestão de Caironi durante o processo de candidatura à bolsa, visa unir forças em prol de objetivos comuns ligados ao empreendedorismo social e à mudança climática. A ideia ganhou força após conversas com membros e parceiros, onde ficou claro o desejo de ampliar as colaborações.
Para identificar as áreas prioritárias, a Aventura de Construir realizou, no ano passado, uma pesquisa entre seus membros, questionando quais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) eram mais importantes para eles. O resultado levou à formação de grupos de trabalho focados nos ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico) e 12 (Consumo e Produção Responsáveis), que agora estão colaborando ativamente no projeto.
“O fato de estarmos discutindo juntos e pensando em soluções é incrível. Todos estão engajados e participando, ninguém se posiciona como o dono das respostas”, comentou Gisela Maria Bernardes Solymos, presidente da Catalyst 2030 Brasil.
AdC: Qual é a maior barreira ou problema que o Catalyst 2030 enfrenta atualmente neste processo de aceleração em direção aos objetivos de desenvolvimento sustentável?
Com tantas partes e partes interessadas envolvidas, quais são os desafios mais críticos na coordenação de ações e na obtenção de resultados positivos?
Jeroo: Então, antes de tudo, quero dizer que nunca há desafios, porque, como esta garrafa de água, ela está metade cheia de água e metade com ar. Então, nunca há um desafio, sempre há uma solução positiva. A principal maneira de trabalhar do Catalyst é trabalhar com princípios. E nossos princípios são reunir, conectar, colaborar, cocriar e coesão, e se unir. Então, Catalyst, para mim, o que precisamos fazer no Catalyst, e como podemos resolver os maiores problemas sociais, é nos unirmos nas coisas que mais importam para nós. Então, lá em cima, estávamos falando sobre o financiamento que mais importa para nós. Portanto, nos reunindo para ver como podemos tentar fornecer recursos para todos. Alcançar os mais pobres dos pobres é o que mais importa para todos nós. Então, como podemos alavancar uns aos outros para alcançar os mais pobres dos pobres? E eu acho que para que tudo isso aconteça, a maior mudança que temos que ter é mudar de uma mentalidade de eu e o que há para mim, para uma mentalidade de nós e o que há para todos nós. Eu acho que essa é a mudança que temos em nossa mentalidade. E então seguimos os princípios de convocar, conectar, colaborar, celebrar, cocriar. Nós nos uniremos para mudar o sistema que queremos mudar.