Para quem

Ao longo da nossa atuação, entendemos que os nossos serviços também poderiam ser expandidos, adaptados e replicados a outros segmentos e públicos, já que fica cada vez mais evidente a necessidade de gerar protagonismo em diversos contextos. E, exatamente por trabalharmos com um tema obrigatoriamente expansivo, é que oficializamos dois novos grupos de públicos (além dos microempreendedores). Veja abaixo alguns aspectos relativos à caracterização de cada um deles.

Adolescentes e Jovens

A desigualdade social e a dificuldade de acesso das classes menos favorecidas são fatores históricos e marcantes no desenvolvimento do país, e acarretam inúmeros problemas sociais, como a violência, a prostituição e a falta de qualificação para o desenvolvimento das periferias. De acordo com a ONU, as principais causas da desigualdade social são falta de acesso à educação de qualidade; política fiscal injusta; baixos salários e dificuldade de acesso aos serviços básicos como saúde e saneamento.

Os jovens de 17 a 24 anos apresentam o maior índice de desemprego no país, 44% entre toda a população desempregada, e, quanto menor a escolaridade, maior o índice de desemprego. De acordo com a pesquisa da Fundação Abrinq, em 2017, 15% dos alunos abandonaram o ensino médio.

Recessão econômica, aumento da pobreza, dificuldade de acesso a informação, somados à falta de estímulo desses adolescentes e jovens que vivem em condições precárias, podem ter como resultado prático nas suas vidas a reprodução da vida de seus pais com o mesmo padrão socioeconômico. Além do desemprego, a falta de perspectivas sobre a vida e o futuro desestimulam os adolescentes e jovens, que muitas vezes optam por caminhos mais fáceis, caindo muitas vezes na informalidade, um ciclo que se repete por gerações.

Por isso os nossos projetos visam a interromper esse circulo vicioso, propondo uma formação ao trabalho e à geração de renda, atuando numa lógica de formação humana integral e autoconhecimento, para permitir a valorização de novos modelos e hábitos de vida. 

Famílias de baixa renda

As desigualdades sociais no Brasil tiveram um aumento considerável em 2017 em decorrência da crise, apontando o desemprego como um dos maiores responsáveis. A crise do país nos últimos anos teve consequência direta na economia, que após anos de crescimento histórico passou a declinar consideravelmente a partir de 2014. As periferias foram as mais atingidas por falta de qualificação de mão de obra e pouco acesso a oportunidades.

De acordo com o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística), entre os anos de 2016 e 2017 a renda média domiciliar per capita de 5% da população mais pobre de São Paulo caiu de R$ 115,00 para R$ 94,00, o que representou um recuo de 18%.

A pobreza extrema cresceu 11,2% na média nacional no ano de 2017, o que significou 14,83 milhões de pessoas, um aumento de 1,5 milhões de pessoas se comparado a 2016. Os considerados “miseráveis” chegaram a 1,392 milhões de pessoas, conforme informações do Jornal Valor Econômico.

Na região metropolitana de São Paulo, são 700.193 pessoas vivendo em pobreza extrema, número 35% maior do que em 2016.

Essas pessoas, muitas vezes, não conseguem inserir-se nem mesmo no mercado informal, seja por falta de acesso, seja por condições de vida precárias. Com tamanha recessão, o desemprego assombrou a vida de milhares de pessoas.

Com base neste cenário e com experiência na disseminação de conteúdos sobre administração do seu próprio dinheiro, economia, planejamento e visão de longo prazo, entregamos ao público mais afetado pela recessão econômica e pelo desemprego nos últimos anos um subsídio necessário para nortear a vida pessoal e familiar.

Os benefícios para o público geral de baixa renda são extensos e conseguimos impactar na melhora da saúde familiar, na estabilidade escolar dos filhos, na redução da violência doméstica e no melhor desempenho de suas atividades.

Microempreendedores

O empreendedorismo no Brasil é, de fato, um fenômeno de massa: criado como figura jurídica em 2009, a categoria de Microempreendedor Individual ultrapassou o número de 8 milhões de cadastros (MEIs) em todo o Brasil.

O estado de São Paulo possui 1,68 milhão desses negócios (26% do total do país), e, olhando para alguns números apenas da capital do estado, podemos notar a importância dessa categoria na economia do estado.

Fonte: Estudo do perfil do microempreendedor individual. Sebrae, 2017

Segundo o Relatório Doing Business do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 110ª posição de 190 países avaliados quanto à facilidade de fazer negócios.

Além disso, é o sétimo pior país para pagamento de impostos (184ª posição) e está entre os 15 piores para começar um negócio (140ª posição). Fonte: Banco Mundial

Nossa missão inicial foi acompanhar os microempreendedores de baixa renda nas periferias de São Paulo, não só pela sua relevância na economia, mas por outros dois motivos centrais que vão ao encontro dos nossos valores:

    • O microempreendedorismo é uma das respostas mais sustentáveis para a geração de renda. Um negócio viável, estruturado e saudável, gera benefícios tangíveis ao seu entorno, ativando a economia local através da oferta de produtos e serviços, geração de emprego e parcerias com fornecedores.
    • Protagonismo: para cumprir a nossa missão, partimos de quem já tomou iniciativa: os microempreendedores.

Para garantir que os nossos projetos gerem uma resposta à demanda real desse público, realizamos pesquisas desde o inicio das atividades da Associação para identificar as necessidades, os hábitos e os comportamentos dos microempreendedores e chegar a uma caracterização desse público e das suas famílias.

A partir desses estudos desenvolvemos materiais e ferramentas riquíssimos e uma metodologia de trabalho que pudesse valorizar todo o potencial de desenvolvimento identificado, convencidos de que, para fomentar um crescimento, precisamos, antes de tudo, valorizar o que já existe. Documentos que, oportuna e periodicamente atualizados, orientam até hoje a nossa forma de trabalhar.

Notamos também que as dúvidas e as dificuldades dos microempreendedores variam por educação formal e formação profissional recebida, setor, produto/serviço, região e tendência de cada nicho de atuação, e isso gera para a Aventura de Construir um processo criativo e uma dinâmica de atividades constante para responder a essas necessidades específicas. Durante os últimos anos, pudemos acompanhar um crescente número de jovens apostando no empreendedorismo, fenômeno esse que orientou e moldou uma nova forma de interação com essa parcela do nosso púbico.

Em resposta a esses cenários, cada vez mais dinâmicos e diferenciados, criamos e aplicamos algumas ferramentas para estudar e conhecer as evoluções do público atendido:          

    • CRM Social (um Customer Relationship Management Social aplicado antes de qualquer intervenção): a partir de um número significativo de casos de sucessos acompanhados e sistematizados nos anos de atuação da Associação, identificamos os fatores críticos que potencialmente levam ao sucesso de um microempreendedor. Baseando-nos nessa análise, definimos um questionário que começamos a aplicar com o objetivo de conhecer o potencial de cada atendido: fortalezas, pontos críticos e melhorias para orientar eficazmente a nossa ação com eles, além de criar uma linha de base para as avaliações de impacto.
    • Questionários de autoconhecimento e autoestima: a vulnerabilidade humana do público atendido ficou mais evidente nestes últimos anos. Isso nos induziu a considerar necessário conhecer as fragilidades e os pontos de melhora para viabilizar um trabalho mais focado em responder também a essas necessidades familiares e pessoais.