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A Síndrome do Zorro

 

Entre as lacunas do terceiro setor e a ambição dos profissionais de marketing, Percival Caropreso, membro do nosso Conselho Consultivo e grande inspirador, encontrou um plano onde fazer o que faz de melhor: comunicar a responsabilidade socioambiental para empresas e organizações do terceiro setor. Neste artigo, por mais antigo que seja, Percival remonta os obstáculos encontrados na construção de uma equipe vocacionada a comunicar causas socioambientais! Um tema abordado de uma forma tão atual quanto a causa em si. 

O vilarejo em apuros, a comunidade em pânico. Vilões assaltam o único banco, saqueiam as lojas, põem fogo nas casas. Surram os homens, desorganizados, sem liderança e sem uma defesa articulada. Espancam as crianças, estupram as mulheres.

Os vilões atuam livremente, diante das forças policiais inoperantes, porque incompetentes ou despreparadas ou apenas desinteressadas, talvez corruptas.

Mas eis que chega o Zorro e faz a sua parte. Afugenta os bandidos, mata alguns. Recupera o dinheiro do banco, devolve as mercadorias das lojas, apaga os incêndios. Salva as mulheres e as crianças.

O Zorro atua diante do olhar passivo das forças policiais inoperantes, porque incompetentes ou despreparadas ou apenas desinteressadas ou talvez corruptas.

Para falar a verdade, muitas vezes o Zorro atua também contra as forças policiais inoperantes, que teimam em atrapalhar seu trabalho em defesa da comunidade.

Final feliz. Todos se abraçam, todos se emocionam, dão graças aos Céus e voltam-se para agradecer àquele mascarado maravilhoso. Cadê o cara?

Do alto de uma colina, contentando-se com a sensação egocêntrica de quem acredita ter cumprido com o seu dever imediato, Zorro empina o cavalo e se despede. Egoisticamente feliz, como quem cumpriu com sua obrigação, não fez nada de mais. Afinal, é da sua índole, é da sua natureza ser discreto. Ele tem lá seus problemas.

Por quê? O Zorro é sinceramente tímido? Orgulhoso, pero encabulado? Falsomodesto, aguardando a multidão gritar “Fica! Fica! Fica!”. Herói cheio de complexo de culpa, que se envergonha dos aplausos? Celebrar não faz parte do core-business do Zorro? Será falta de tempo? Será falta de verba? Será falta de um trabalho consistente?

De qualquer forma, o Zorro é um herói mascarado maravilhoso, mas nada exemplar.

Por que ele não trabalhou estruturalmente com a comunidade, depois que sua ação emergencial resolveu aquele problema pontualmente?

Por que ele desperdiçou seu carisma, não reuniu o povo agradecido e discutiu o ocorrido, pedagogicamente?

Por que ele não se preocupou em identificar os líderes naturais daquela gente e não os mobilizou para serem protagonistas?

Por que ele não ensinou o vilarejo a se organizar para um próximo ataque? Por que ele não usou sua competência para capacitar a população nas artes da defesa coletiva?

Por que ele não aprofundou sua ação, não buscou formar uma estrutura que permitisse à comunidade construir sua própria auto sustentabilidade (ou autodefensibilidade, no caso)?

Por que ele não ensinou aquela gente a se unir com outras comunidades próximas, vizinhos também expostos às mesmas ameaças, para formar uma rede solidária de defesa?

Por que ele só teve um gesto salvador de bravura momentaneamente e não construiu algo que permanecesse pra sempre naquele vilarejo? Uma nova consciência, por exemplo

Este é o sintoma número 1 da Síndrome de Zorro: contentar-se com a ação em si, que se esgota nela mesma, com seus efeitos imediatos e efêmeros.

O sintoma número 2 da Síndrome de Zorro começa na própria máscara: o Zorro não mostra a cara. O Zorro não divulga seus atos. O Zorro omite suas ideias. O Zorro esconde seu jogo. O Zorro acredita que sua ação social será reconhecida espontaneamente e, se isso não acontecer, tudo bem, não lhe fará falta.

Este tipo de comportamento calado e inseguro é natural, consequência da Síndrome número 1 (atuar isolada e pontualmente). Pode parecer arrogância ou inocência, que são irmãs de pecado.

Mas, no caso do Zorro, é falta de foco mesmo. Ele não se sente responsável pelo que acontece com o povoado. Ele é apenas um assistencialista caridoso. Ele só ampara, socorre.

O Zorro não comunica o que faz, porque não o faz estrategicamente. Porque sua atuação social é tática e errática. Ela não está integrada a um pensamento corporativo ou a um plano de negócios de longo prazo, em parceria comprometida com o Terceiro e o Primeiro Setor.

Porque sua atuação social não faz parte do negócio em si. Portanto, nada é planejado, nada é auditado, os resultados são pequenos e ao acaso. O Zorro trava batalhas avulsas, não uma guerra pensada. Com o seu silêncio, o Zorro perde a chance rara de fazer uma bela campanha de divulgação, séria, responsável. Sem comunicação, o Zorro não presta contas de seus feitos, não aumenta sua credibilidade, não recruta adesão, não gera engajamento, não constrói sua imagem de marca, não se diferencia dos heróis concorrentes.

E o pior de tudo: sem comunicação, o Zorro despreza sua força inspiradora. Zorro não estimula o surgimento de novos Zorros, que se entusiasmem com seu sucesso, repliquem seu trabalho e atuem em rede com ele. O Zorro não entende nada de exemplaridade.

Tem gente que diz que o Zorro é assim mesmo, solitário e na dele, prefere atuar sozinho e sem alarde. Dizem que ele acha cabotino e oportunista, que é muito feio se promover às custas de suas ações a favor do Bem.

Sei lá, para mim o Zorro é um tonto.

Setor 2½
Percival Caropreso

 

 

AdC Entrevista: David Maderit


David dos Santos – de nome artístico David Maderit – é um rapper criado na Brasilândia, periferia da zona norte da cidade de São Paulo. Desde o segundo semestre de 2019, acompanhamos sua trajetória empreendedora. Possui um estúdio de música chamado Beat Orgânico, um empreendimento de impacto social que estimula os jovens da comunidade a buscarem uma vida mais digna e cientes da sua cidadania. Nesses quase dois anos de relação, David participou de momentos marcantes na Aventura de Construir, como o evento ProtagonizAí e os projetos Fortalecendo Protagonistas e Crescendo em Rede. 

Quer conhecer um pouco mais deste protagonista? Então confere a entrevista realizada com ele!

Para iniciarmos nosso bate-papo, o David compartilhará um pouco da sua trajetória na Brasilândia.

Minha mãe era líder comunitária na Brasilândia. Nós viemos para cá, por volta de 1988. Fomos uma das primeiras famílias, de um total de 400. No espaço no qual estamos conversando aconteceram várias coisas: aula de idiomas, também foi creche comunitária. Ela criou uma associação de mães chamada “Associação de Mães Santa Luzia” e trabalhou nesse espaço cuidando das crianças.

Muitas pessoas que estão fazendo projetos, passaram pelos projetos daqui. Tem um menino chamado Marcelo Louzada, ele assina Mano Louzada, ele fez curso de espanhol aqui e hoje trabalha com iluminação de eventos, é bastante conhecido. Tem outra pessoa, ele se chama Leandro Léo e fez a novela “Rei Davi” na Record, fez “Vidas Opostas” e várias outras novelas, fez uma música com a Maria Gadú, “João de Barro”, ele também era daqui. Ele morava no Rio de Janeiro e veio para São Paulo, encontrei com ele no dia 25 de janeiro do ano passado e ele estava fazendo show com a Filarmônica de São Paulo, no Ibirapuera.

Eu fiquei pra conversar com ele e ele disse: “Porra, David! Eu quero ir lá pra ver como está! Vamos voltar! Vamos fazer alguma coisa lá!”. Só que aí veio a pandemia e ele não conseguiu vir ainda. Ele queria vir tocar, né?! Mas aí também não deu. Desde esse tempo, esse pessoal vem vindo. Filho de projeto. Gente que participou de projeto social.

Teve também um tempo em que o pessoal daqui precisava comer e minha mãe começou a fazer um evento que consistia em um almoço de Natal para todo mundo, a favela inteira, no dia 24 de dezembro, e movimentava tudo nesse almoço de Natal. Esse almoço aconteceu por 10 anos seguidos. O último foi em 2006, pois minha mãe pensou: “talvez não precise mais” que as coisas vão seguir de forma tranquila. Minha mãe faleceu em 2007, mas a gente conseguiu resgatar muitas das mulheres que trabalharam com ela naquela época.

Então toda essa gratuidade, esta generosidade nasce como um legado da sua mãe?

Sim. Ela fez parte do MDF (o Movimento de Defesa dos Favelados), porque isso aqui não era tudo assim. Era tudo barraquinho. Meus irmãos, os dois, um que tá aqui e outro que tá morando em outro lugar, foram DJ’s nas equipes de baile de São Paulo. Então eu ia nas lutas de movimento com a minha mãe, porque não tinha com quem ela me deixar. Tinha que ir com ela no final de semana.

Quando você era criança?

Sim, eu tinha uns 8 anos. Aqui dá para ver, foi para um evento de uns americanos que vieram. Deram como presente pra eles levar embora, então a gente escolheu essas fotos. E aí a minha influência é essa, né?! Porque eu já vim desse movimento de moradia com a coisa da música. Aí fui pro RAP e estou desde 90 e poucos

Em 2001, eu trabalhei na Escola Aprendiz, que é uma das maiores, com Rubem Alves e Gilberto Dimenstein. E eu aprendi a fazer projeto lá com eles. Então tudo o que sei de projeto vem de lá. Mas passou pela Ação Educativa também. Já vinha escrevendo desde aí, pois aprendi a escrever com eles e venho seguindo desde aí.

Então tem uns 20 anos que você está envolvido, né?

Mais ou menos. Eu passei pela Cidade Escola Aprendiz, passei pela Ação Educativa, passei pelo Sou da Paz, passei pelas católicas, quase todas. Os franciscanos, jesuítas, Lar de Maria, passei pela maioria delas. Acho que a maioria das coisas foram assim, e aí você vai aprendendo, né?! Eu tinha essa coisa de escrever pra tudo. Eu escrevo pra tudo. Às vezes vem, às vezes não vem. Nessa trajetória tem VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), acho que têm 4 ou 6. Têm dois ProAC (Programa de Ação Cultural).

Você conseguiu alguns projetos VAI?

Quase todos. O “Beat” é do VAI, durou 2010/2011. Em 2012, a gente colocou o “De Fio a Pavio”, que durou 2012/2013. Já em 2014, eu não fiz nada. Em 2015, também não. Em 2017, veio o coletivo “Nóis da Viela”. 

O coletivo se chama “Nóis na Viela”?

É. Coletivo “Nóis da Viela”. Foi o “Nóis da Viela” que eu escrevi também. Fora isso tem o prêmio “Sabotagem”.

Eu sempre montei uns fiozinhos para fazer som, gravar meus próprios RAPs, produzir minhas próprias coisas. Só que em 2009 perdi alguns trabalhos, saí do trampo e peguei o dinheiro para investir em conhecimento.  

Trabalhava com o quê?

Ainda numa ONG. Eu trabalhei no ProJovem também dando aulas de qualificação profissional para lá, depois saí do ProJovem e estava começando numa ONG. Peguei o dinheiro e investi em um curso, onde eu já saí empregado. E aí fui pro Clube da Turma no M’Boi Mirim, saindo da Brasilândia e indo trabalhar lá na zona sul. E o Clube da Turma do M’Boi Mirim, na época, era quando o “Criança Esperança” tinha acabado de sair de lá. Eles devolveram o espaço do Clube da Turma do M’Boi Mirim e vieram para Brasilândia (pro Espaço Fazendinha). 

E aí tinha um menino que morava lá no Jardim Ângela e trabalhava aqui. E eu que morava aqui, trabalhava lá e uma hora a gente resolveu trocar. Aí vim pra cá pra Brasilândia, meu estúdio veio também. Do lado de uma biblioteca a gente conseguiu fazer um estúdio com caixa de ovo, isopor e espuma e gravando de graça. Por isso quando eu falo que metade do rap da Brasilândia passou na minha mão, foi aí. Fiz também uns estágios, uns trampos pro CCJ (Centro Cultural da Juventude).

Na verdade, minha mãe foi uma das pessoas que pensaram para aquilo ser aquilo. Eles reuniram as lideranças e perguntaram o que ia fazer. A ideia era ser um sacolão ou uma ETEC, se não me engano. Na verdade, naquele tempo era FATEC. A ideia era uma FATEC ou ser um centro cultural. Ela foi uma das pessoas que brigou para ser um centro cultural.

Então você se enxerga aqui como um articulador, uma pessoa que ajuda, tem essa sensibilidade e, ao mesmo tempo, esta capacidade de articular?

Sim, a gente nunca quer ser. É uma responsabilidade grande. Essa ideia do coletivo foi isso, eu passava na rua e as pessoas falavam “David, tem muito lixo!” ou “David, estão roubando aqui!” e eu pensei que a gente precisava fazer alguma coisa e foi onde eu fiz o grupo do WhatsApp com todas as pessoas que vinham falar comigo. Depois que o grupo foi montado, a gente precisava pensar no que fazer, enquanto umas pessoas entravam e outras saiam do grupo, acabou formando o coletivo.

Sobre o lixo de lá, ainda estamos brigando em relação a esse problema. Tem várias brigas que a gente luta, e não sei como resolver. Representatividade política é o que falta!

Pode falar um pouco mais sobre como você enxerga as questões de articulação política?

Nunca pensei que precisasse, pois a gente sempre conseguiu coisas de outras formas. Mas atualmente eu percebo que isso está começando a se tornar mais necessário. Ano passado a gente apoiou os candidatos que queriam vir e mostramos os problemas, pois a gente quer construir e não adianta simplesmente pegar alguém e apenas apoiar. 

Esses tempos passou uma adutora por lá, quebraram a viela inteira, a SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) disse que era para passar mais água por um cano maior e avisou que era para cada um comprar seus cavaletes e relógios. O pessoal comprou tudo e nunca mais voltaram. A gente vai na SABESP e não acha, então o descaso com o público é muito grande.

A única coisa que a gente não reclama é o transporte público, temos 8 linhas de ônibus, mas de resto…

Você já tem uma bela trajetória, né?! Por que você foi procurar a Aventura de Construir? E o que a Aventura de Construir trouxe para você depois de toda essa jornada que você estava desenvolvendo?

Nunca levei muito a sério essa questão do estúdio, então acho que esse negócio de me formalizar me fez vir para a Aventura de Construir. Eu conheci vocês lá na Associação de Moradores da Cleusa.

A minha companheira já participava e ela perguntou se eu poderia ir, pois ela não podia, e eu disse: “claro, não estou fazendo nada”. Eu fui na reunião e ouvi a Raquel falar. Não consegui falar com ela quando terminou. Mas ela disse: “depois a gente conversa”. No final do ano encontrei a Taynara e ela me disse que achava os meus projetos legais e que a gente podia tentar escrever.

Foi importante a Aventura de Construir porque eu gravei muito pouco ou nada durante a pandemia e o que me ajudou muito foi o carro do ovo (ICE e AdC juntos para enfrentar a pandemia!), fazer as vinhetas e correr com ele. Daquilo que a gente começou com a Aventura de Construir, rendeu mais parcerias com o pessoal daqui, além de outros projetos; a gente fez o carro do ovo e o pessoal estava pagando para pegar umas cestas orgânicas lá na Freguesia do Ó para trazer e poder distribuir. Pensei o seguinte: “O carro do ovo tá aí, vamos fazer porque a gente tem 3 carros para ir buscar”. Por semana a gente carregava mais de 150 kits de saúde e cestas básicas.

No carro só vinha eu e mais 22 cestas, que era uma cesta grande de orgânico, aí vinha o Brava, o Corsa e o Pálio cheio de cesta. A gente fazia esse rolê toda sexta-feira. Fora isso tinha o projeto da Companhia Teatro da Laje, que a gente também começou a fazer essas coisas para pegar doação. Se desse para ir, a gente pegava sempre.

Você que participou do projeto Crescendo em Rede, quando pensa em rede, o que te vem à cabeça?

Uma rede onde todo mundo tá ligado de alguma forma. Eu acho que em uma rede, quando todo mundo tá ligado sempre, tem aquela questão de fidelidade e lealdade, sabe? Eu acho que sou muito mais leal do que fiel, entendeu?

Então eu acho que é o que a gente está falando, cada um tá rodando no seu lugar, mas sabe da necessidade do outro e sabe que pode  procurar a ajuda do outro. Isso para mim é lealdade. Por isso eu acho a lealdade mais valorosa. Para mim, rede é isso aí; fortalecer o vínculo com as pessoas até que chegue nesse nível de troca de todos os jeitos, seja informação, contato, grana…

Quando a gente era colocado em grupos [de Whatsapp] menores e conversava sobre os problemas e dificuldades, acho que aquilo ali era uma afinidade. E aí cria pessoas que você pode procurar depois, né?! Tem uns nomes ali que eu guardei.

E como você sente a relação com as pessoas dessa rede?

Agora mais distante. Porque ali tinham pessoas que eram super estruturadas, outras que estavam se estruturando. Eu, nesse projeto, era uma pessoa que estava me estruturando. Eu escrevo muito para rede social, mas escrever sobre impacto social para mim é diferente. Toda vez que vai precificar, eu já tenho dificuldade.

Para encerrar, nos conte sobre os seus projetos atuais.

Eu estou com um projetinho que, na época, tinha 4 anos, e hoje tem 6. Eu tenho uma equipe que veio do coletivo e também não sei se vai seguir. Quando a gente montou a ideia, que seria doar um dia do mês – esse dia seria o primeiro sábado do mês – chegando no sábado, a gente já podia cobrar a pessoa porque é uma coisa que ela quer fazer.

Estando em coletivo, a gente não tem hierarquia, lógico que tem aquela coisa de “vocês chegaram em mim primeiro”, então vou ter que dar uma palavra aqui. Eu falo pelo coletivo, não tem como.

Turismo que transforma: conheça o Roteiros Velho Chico

A Jornada de Sustentabilidade do mês trás o empreendedor social Leidson Nunes e sua agência de turismo, a Roteiros Velho Chico , localizada em Itacarambi, ao norte de Minas Gerais, a agência oferece roteiros de ecoturismo aos visitantes e se envolve com a profissionalização da atividade turística nas comunidades locais, por meio de atividades como palestras, rodas de conversa, estruturação de conselhos e câmaras temáticas. Conheça mais sobre o empreendimento social nessa postagem e seus projetos criativos.

“Nosso coração é a transformação de potencial turístico em produto turístico. Produto que vai gerar renda e valor para essas pessoas. Que construímos escutando as lideranças comunitárias.” É assim que Leidson Nunes, fundador do Roteiros Velho Chico, define a RVC (Roteiros Velho Chico). 

Localizada no norte de Minas Gerais, iniciou as atividades em 2012, especializando-se no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e tudo que a região, banhada pelas águas do Rio São Francisco, tem a oferecer aos turistas: a experiência de conhecer as maravilhas naturais enquanto imerso na cultura local.

A articulação em torno do potencial turístico da região vem da paixão de Leidson pela região e seus encantos, que é muito diferente da imagem que persiste no imaginário geral de que seria uma região estéril, casa de pessoas em situação de miséria. Ao passo que quebra tais estereótipos sobre o local e seu povo, a RVC enfrenta o que entende como problema central para o desenvolvimento da região: a baixa renda da população e seus efeitos, como desvalorização do próprio trabalho e baixa auto estima.

Paisagem do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Ao longo dos anos, Roteiros Velhos Chico mobilizou e mobiliza organizações locais de pequenos produtores, envolvendo-os na construção de roteiros turísticos que constituam um impacto real em suas rendas e produções. Hoje conta com sete principais associações parceiras de comunidades do entorno do Parque Nacional, que contabilizam mais de 40 pessoas impactadas. 

Desde 2012 a RVC já proporcionou a descoberta dos encantos do norte de Minas Gerais para mais de 900 pessoas. Oferecendo roteiros turísticos de 1 a 7 dias de duração, os visitantes adquirem uma média de 15 produtos locais em suas estadias, injetando dinheiro nas comunidades através de roteiros por elas pensadas e protagonizadas.

Geração de renda e trabalho, estamos falando de um negócio de impacto social! Leidson Nunes participou conosco do projeto Crescendo em Rede, ao longo do qual compartilhou suas experiências empreendedoras de forma extremamente ativa e solicita, sendo o Roteiros Velho Chico um dos empreendimentos contemplados pelo capital-semente Crescendo em Rede. Ao longo das assessorias individuais, Leidson estruturou o Plano de Negócios do empreendimento. 

No ano de 2019 o faturamento da RVC possibilitou que o empreendedor criasse um caixa do empreendimento, guardando cerca de 20% do faturamento total. O que possibilitou a sobrevivência em meio à pandemia do empreendimento foi o protagonismo e planejamento financeiro de Leidson. Com a chegada do Covid-19, Leidson pode contar com o caixa que consolidou. 

O empreendedor vem se atualizando e aprimorando constantemente. Sempre antenado às tendências e necessidades próprias e de seus pares, prepara estratégias de captação alternativas em meio à pandemia. Leidson realizou estudos e ações de conscientização para capacitar as comunidades para a recepção de turistas quando em fases mais controladas da pandemia, o que possibilitou a recepção de mais de 50 turistas nos últimos 6 meses. 

Além disso, a RVC trabalhou criativamente em alternativas de complemento de renda com a venda de equipamentos de escalada e rappel que estavam parados e o novo serviço baseado na experiência turística de Leidson: a consultoria em Levantamento de Potencial Turístico. É feita uma prospecção das áreas de interesse turístico, avaliando o potencial das atrações para que sejam desenvolvidos produtos turísticos. A RVC entrega então um relatório do trabalho como forma de registro, organização das informações e recomendações de ações necessárias para a conversão do atrativo em produto turístico.

Os valores ainda são pequenos se comparado com o percentual de faturamento da RVC de 2019. Foram 2 atividades realizadas no último semestre com o Levantamento, somados às vendas de equipamentos e à recepção de turistas no período, resultou-se no faturamento que possibilitou a continuidade das atividades da RVC.

Uma empresa que mobiliza as comunidades de uma região preciosa, trazendo-as ao centro da elaboração dos produtos turísticos. Leidson assim garante que as comunidades e, mais importante, as pessoas se entendam como protagonistas dessa história, das vivências que turistas experimentam – e voltarão a experimentar -, no Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu e região. As comunidades são transformadas ao receberem esses turistas que se encantam com o estilo de vida local, artesanatos e quitutes. O principal: transformadas por elas mesmas.

Fique por dentro das atividades da RVC pelas redes sociais! Siga no instagram o @roteirosvelhochico.rvc e Facebook na página do Roteiros do Velho Chico – RVC.

Seu João, parceiro da RVC.

AdC Entrevista: Raquel Simão

Na entrevista de hoje, trouxemos um bate papo com Raquel Simão, responsável da área de Desenvolvimento de Projetos da Aventura de Construir desde 2019. Ela nos conta sobre sua história e o seu crescimento pessoal e profissional dentro da Instituição, além do novo projeto “Lamberti Transforma”, pensado para capacitar e acompanhar mulheres empreendedoras em Nova Odessa. Trata-se de um público muito afetado pela crise gerada pelo COVID e nós, em parceria com a Lamberti, queremos estar ao lado delas para gerar uma transformação que permita se reinventar neste momento! Confira abaixo o bate-papo que a AdC teve com ela.

Raquel, conte-nos um pouco de sua história com a AdC e de seu papel como líder do projeto “Lamberti Transforma” dentro da AdC

Entrei na Aventura de Construir em maio de 2019. Sou formada em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e no momento em que ingressei na AdC tive a oportunidade de unir o conhecimento técnico com a prática da realidade. O apoio e orientação da equipe foi e é fundamental para fortalecer o meu papel como coordenadora da Área de Desenvolvimento de Projeto. Entendo este processo como algo vivo e que a cada dia que passa pode ser aprofundado e melhorado. Hoje os meus desafios não são os mesmos de 2019, mas, é no processo da superação destas dificuldades que ganho fôlego e novas técnicas para enfrentar o que vem pela frente. Sempre levando em consideração a realidade de cada momento para identificar as reais necessidades dos beneficiários.

O 1º método de trabalho do AdC é “Partir da realidade” e o 2º é “Gerar protagonismo acreditando na centralidade da pessoa”. Silvia Caironi, presidente da AdC, realiza cotidianamente um intenso trabalho para que estes métodos sejam vivenciados dentro da instituição, no relacionamento entre equipe e beneficiários e, sobretudo, no desenho e implementação de um novo projeto. Ser linha de frente no projeto “Lamberti Transforma” é um enorme desafio no qual eu me lanço com profundidade, unindo as experiências concretas vivenciadas em outros projetos realizados pela AdC em 2020 com o frescor do que é novo e exige criatividade.

O meu papel e de minha equipe pode ser visto como algo muito simples: criar conteúdos, multiplicá-los, entrar em contato com as participantes, facilitar aulas, montar cronogramas, entre outras atividades. Mas existe algo sutil que venho aprendendo na AdC: despertar o interesse nas pessoas para que elas aproveitem ao máximo o projeto e consigam identificar suas reais necessidades e formas de superá-las. Eis, ao meu ver, um dos maiores e mais empolgantes desafios.

Como o contexto socioeconômico, percebido pela ONG através de seus membros e alunos, mudou durante a pandemia de COVID-19?

Desde março de 2020, passamos a realizar nossas atividades de forma remota em decorrência da pandemia de Covid-19. Para tal, adotamos a estratégia de realizar ligações individuais para conscientizar nosso público sobre a pandemia, buscando compreender a situação de vulnerabilidade de cada um para fornecer orientações sobre como seguir trabalhando diante deste cenário ou mesmo como buscar outras oportunidades de trabalho, sempre lembrando da importância do autocuidado e do fortalecimento da economia local.

Em abril de 2020, após a 1ª etapa de ligações e sistematização dos dados, contabilizamos que 46% dos empreendedores atendidos diziam ter recursos para se manterem por 3 meses e 23% que não conseguiriam passar mais de 15 dias com o orçamento disponível naquele momento. As orientações para enfrentar este cenário levou em consideração a realidade de cada beneficiário e os eixos de atuação foram:

1. Apoio técnico por meio de assessorias e capacitações on-line;

2. Atenção para novas oportunidades relacionadas ao público: plataforma de financiamento coletivo Matchfunding Enfrente, Fundo Emergencial Mulher Empreendedora (Fundação Casas Bahia), Empreendedoras Periféricas (Grupo Pão de Açúcar) e Plataforma LeVila.

3. Apesar de não ser a área de atuação da AdC, o cenário exigiu novos movimentos e a equipe entrou em contato com o Banco de Alimentos, sendo contemplada com a doação de 500 vouchers compras no valor médio de R$ 110,00 para serem distribuídos entre a rede de beneficiários e indicações dos mesmos. Em dezembro de 2020, contabilizamos mais de 30 empreendedores envolvidos em iniciativas de captação de recursos, chegando a mais de R$200.000,00. Com os cartões disponibilizados pelo Banco de Alimentos, 500 famílias foram beneficiadas e 8 microempreendedores da AdC atuaram como multiplicadores em seus bairros, identificando o público em vulnerabilidade social, sistematizando planilhas, efetuando registros fotográficos e por fim, realizando a distribuição dos cartões. Entendemos que a atuação da AdC contribuiu para que os beneficiários criassem suas próprias condições para enfrentar a crise. Muitos hábitos positivos adquiridos neste momento foram incorporados na rotina de muitos, como a utilização de ferramentas tecnológicas para participar de capacitações e assessorias. Essa transição não foi simples e nem deveria ser, afinal, lidamos com pessoas. Por isso, a equipe AdC precisou de muita criatividade e flexibilidade para conseguir encontrar formas de estar atenta aos sinais também pelo virtual, assim como para desenvolver novas estratégias que garantissem a presença de um “outro olhar” dentro deste “outro normal”.

Neste contexto, por que decidiu-se trabalhar principalmente com mulheres?

Durante a etapa de idealização do projeto, foi colocado por parte da Lamberti a importância em se trabalhar com o público feminino. A AdC mais uma vez partiu da realidade e a examinou profundamente para entender os caminhos possíveis desta nova jornada. Para além da evidente desigualdade de gênero no mundo do trabalho, a pandemia de Covid-19 acentuou ainda mais a diferença entre homens e mulheres neste campo.

Conforme aponta o gráfico acima divulgado em matéria do G1 em outubro de 2020, um grande número de mulheres precisaram abrir mão de suas atividades profissionais para cuidar das crianças, as quais deixaram de frequentar creches e escolas. Na comparação, fica evidente como as mulheres foram mais afetadas em relação aos homens no 2° trimestre de 2020. Diante deste cenário, entendemos a necessidade ainda mais urgente em fornecer orientações para que mulheres possam realizar atividades empreendedoras partindo do uso da tecnologia e do universo digital nos próprios lares

Quais são os objetivos do curso que será oferecido no projeto “Lamberti Transforma” e os principais tópicos que serão abordados?

Desenvolver uma jornada híbrida de aprendizagem humana integral que prepare 50 mulheres microempreendedoras a usufruírem da realidade virtual, garantindo uma alfabetização em informática que seja eficaz e aplicável às ofertas de produtos e serviços num cenário de pandemia e pós-pandemia que nos impõe uma série de adaptações nos modelos de negócios e desafios para viver um “outro normal”.

Para entender os temas mais necessários neste cenário, estudamos os conteúdos dos projetos desenhados em 2020 com o seguinte olhar: sobre quais eixos temáticos o público apresentou suas maiores dúvidas e dificuldades?

Um dos métodos das capacitações da AdC é a Ficha de Avaliação: questionário (neste momento um Formulário Google) enviado ao término da semana de aula para avaliar a didática da equipe, mensurar as dificuldades do público e colher informações da realidade dos participantes para utilizar como ponto de partida das próximas aulas.

Sabemos que cada público apresenta suas necessidades, porém a análise realizada sobre as Fichas de Avaliação nos mostraram algumas tendências que orientaram o desenho dos temas para as capacitações do projeto “Lamberti Transforma” e são eles:

1. Tutorial de acesso ao Zoom;

2. Ferramentas de produtividade para
gestão pessoal e do empreendimento;

3. Finanças e contabilidade

4. Presença digital: Redes sociais e Marketing.

Estes temas apresentam um desenho geral que será aprofundado posteriormente na etapa de assessorias (2ª etapa do projeto). Antes do início das aulas foi realizado um questionário com os inscritos para validar estas dificuldades e mensurá-las numa escala de 1 a 5, entendendo que 1 significa sem dificuldade e 5 muita dificuldade. Uma média de 50% dos inscritos responderam e compartilho alguns dados:

● Mais de 60% dos participantes entendem que apresentam muita dificuldade sobre o tema de finanças e contabilidade;

● Mais da metade dos participantes entendem que apresentam muita dificuldade sobre redes sociais e marketing;

● A maioria dos participantes entendem que apresentam dificuldade média (3) sobre o tema de planejamento do negócio.

Estas ferramentas servem para auxiliar o desenho das aulas, mas o olhar permanece sempre atento. Se for necessário alguma adaptação, estaremos abertos. Garantir o alcance do objetivo do projeto é uma meta! Metas apresentam prazos e planejamento, mas entendo também que estão repletas de expectativas. A maior delas é, de fato, democratizar o uso das novas tecnologias, pois elas são as ferramentas capazes de gerar oportunidades de renda e emprego para um público que ainda tem acesso restrito a este tipo de conhecimento. Além disso, promover uma real mudança de mindset me parece algo importante para que os participantes desenvolvam uma atitude flexível, proativa, colaborativa e aberta a aprender. Queremos ao fim, ter concretamente alguns novos modelos de negócio. Para além disto, uma expectativa que permeia sempre o meu trabalho é a criação de vínculos de uma forma natural. E não apenas entre equipe e participantes, mas entre os próprios participantes. Acredito que o vínculo dentro de um espaço virtual é ainda mais desafiador de acontecer, mas quando surge, gera uma potência transformadora.

Outra expectativa que compartilho é que os participantes saiam do curso aprendendo a valorizar mais seus pequenos passos. Vivemos em um mundo em que muito se fala de metas inalcançáveis, mas estas só geram frustrações e nos paralisam. A partir da valorização dos pequenos passos, a força ganha forma e vamos além…

Haverá um acompanhamento d@s alun@s após o término das aulas? Como será feito?
Sim! Após a etapa de tutoriais em informática e empreendedorismo, entramos na etapa de assessorias. Antes de falar propriamente sobre ela, acho importante contextualizar um pouco. Desde 2013, a AdC trabalha com uma metodologia 360⁰ própria de assessorias presenciais que contempla a cada beneficiário: primeiro o acesso ao universo do empreendedor com análise macro da realidade socioeconômica, incluindo os desafios e oportunidades. O “raio X” da pessoa é feito em paralelo com o do empreendimento. À medida que o vínculo é construído, se aprofunda mais. E para isto acontecer, é preciso exercitar a escuta ativa e atenta seguida por perguntas e orientações customizadas.
Em meu entendimento, um dos pontos mais importantes para esta estrutura ganhar força e fazer sentido a partir das necessidades concretas dos beneficiários é o acompanhamento contínuo e autodiagnóstico.

Como já comentei, a transição do presencial para o on-line foi e ainda é um grande desafio. Para ultrapassar esta barreira do desconforto com a tecnologia, realizamos uma série de tutoriais específicos. O contato que antes, no presencial, era mais espaçado, foi se tornando mais frequente e intenso. Este formato garantiu um maior engajamento dos participantes e possibilitou um encurtamento das distâncias e a observação do universo do outro. Essa transição possibilitou a continuação do trabalho neste momento tão fundamental e garantiu a partir de uma experiência concreta, novas propostas, como o projeto “Lamberti Transforma”. Neste projeto, após os tutoriais, adentramos na segunda etapa do projeto: cada beneficiária receberá 3 assessorias personalizadas e individuais, sendo que a última etapa esperemos possa ocorrer presencialmente – etapa na qual também se realizará a preparação das participantes para prototipar modelos de negócio que sejam sustentáveis, gerando renda e trabalho. Será também a oportunidade para aprender a expor em lives e assim tornar possível o mecanismo de scale up do projeto para mais beneficiárias na região e em novos territórios.

AdC Entrevista: Vitones (Parte II)

Curtiu a primeira parte da entrevista com Vitones? Nesta segunda parte você confere um pouco mais da conversa que tivemos com o artivista multimídia, que falou um pouco mais sobre o seu trabalho. Confira o restante a seguir:

Qual é o legado que você traz para você com este trabalho? O que fica com você depois disso?

Acho que fortalece minha vontade de continuar fazendo isso, de trazer essa representatividade de outra forma. E fica comigo uma experiência com muitas lições, porque estava imaginando uma coisa, eu me limitei e não pude construir desse jeito que eu pensei. Vai ficar comigo uma noção melhor de elasticidade, de estar pronto para o que acontecer. Eu estava com um plano, queria fazer de uma maneira e não pensei no que poderia acontecer, mas talvez por estar com falta de ritmo – pois eu pintava com bastante frequência e hoje eu divido meu tempo com outras coisas em minha vida.  Eu não faria isso se não tivesse significado pessoal, pois eu vejo que isso reflete em outros processos que estou vivenciando de ter outras pessoas envolvidas, de cada um ter sua importância nisso. Em resumo, isso tudo confirmou alguns conceitos e pensamentos que me potencializam a querer mais. Estou com sede!

Você expressa através de uma arte algo que você tem dentro. Então qual é a coisa mais preciosa que você quer compartilhar e exprimir através dela?

Unidade na diversidade. Transformar todas as palavras em amor, é isso que eu quero trazer no desenho. A unidade na diversidade, as diferentes coisas que eu faço tem uma unidade quando estão juntas. Ver como a vida é linda e é possível tanta coisa. Por isso que desenho várias coisas além de animais, eu só não quero me limitar dizendo “eu sou isso aqui”.

Qual é o maior aprendizado neste trabalho?

Eu acho que o trabalho me faz bem. Eu valorizo o que eu faço, mas só por amor não dá para trabalhar. Então eu signifiquei o trabalho para trazer o tema da diversão para perto.

Qual é o diferencial que tem na sua arte em relação a outros artistas que fazem um trabalho como o seu?

Eu acho que tem a minha mão, literalmente. Eu enfio a mão na parede e talvez isso seja um lance forte meu, que dá uma característica muito importante. Eu sou apaixonado pela expressão das pessoas e quanto mais expressão tiver, até mesmo naif, melhor. E o que faço é carregado de atitude, das minhas intenções, para que fique vivo. Eu tento estabelecer o máximo de relação com aquilo para que fique com a máxima potência e esse entusiasmo é um diferencial meu.

Quais são suas referências?

Hoje em dia eu não tenho isso, porque depois que eu comecei a estudar eu comecei a buscar o que está dentro de mim. Talvez quem esteja muito presente no meu trabalho é o Van Gogh. Eu gostava dele antes de pintar, porque ele colocava o que ele estava sentindo e isso para mim é importante, a expressão genuína. Tendem a me colocar num patamar superior como se isso fosse um dom, mas não é tão simples, pois eu estudei para isso e você tem que buscar dentro de você mesmo. Depois que eu comecei a estudar, eu me livrei das referências, não tenho mais isso. Eu gosto e acompanho pessoas que pintam e se expressam de uma maneira parecida com a minha, isso vai me direcionando por alguns caminhos. Amo o trabalho de amigos aqui de São Paulo e outros que estão aí pelo mundo que foram minhas referências, mas como eu estou sempre buscando melhorar, chega um momento em que essas referências se esgotam. 

Voltamos ao ponto da pergunta que você perdeu… O que significa esse processo de mergulhar naquilo que você tem dentro de você?

Eu vejo como um processo tipo a fotografia, vou registrando diversos pontos de vista e tento congelar uma cena em movimento, que seja ao vivo e que o telespectador consiga visualizar a próxima ação.

E como você descobre esse processo?

Eu estou sempre lendo sobre tudo, eu pinto animais porque teve um momento que eu li sobre algo que me fez ver a beleza dos animais e por isso desenho eles até hoje.

Para você estudar significa estudar técnicas para fazer o seu trabalho ou se inspirar? Ou as duas coisas?

Tecnicamente eu sinto pouca vontade de fazer algo novo, porque eu tenho um amor platônico pela parede. Há um tempo comecei a estudar tatuagem para sanar uma curiosidade em saber como é usar a ferramenta. Tenho vontade de fazer coisas com textura, eu pintava roupas como se fossem telas. Como eu estudei na Panamericana, os professores ficaram doidos, mas gostaram da proposta. Eu amo paredes e coisas gigantes, porque isso invade as pessoas: você anda e vê uma imagem com diversas interpretações. É diferente de uma palavra, tem gente que não sabem ler, mas a pintura fala por si só.

Antes eu trabalhava com teatro, no palco, era maravilhoso e seria diferente para conhecer o mundo – e eu queria conhecer o mundo -, e a pintura me proporcionou isso. Eu gosto de andar por aí, sempre transitando em vários lugares.

Um espírito livre?

Exatamente isso! Conhecendo as cidades e as pessoas, como se eu fosse um agente de arteterapia. Eu acho que faço muito bem para a sociedade fazendo isso, mas eu sou discriminado por isso! Adoro a adrenalina de intervir nos lugares, mas é muito perigoso. Como você intervém na rua em que o espaço é de outras pessoas? Tem pessoas que gostariam de intervir, mas não têm coragem, então eu faço pelos outros!  

O que você tem como desejo para você, para o futuro dentro de tudo isso que você comentou?

Eu tenho desejo de ser ouvido. Eu não tenho necessidade de ser escutado, mas desejo. Eu vejo dessa maneira porque eu exercito muito e penso “queria estar lá”. Esses pensamentos já me ocorrem, mas aí você escolhe o que vai levar. Eu gostaria de ter mais espaço para a diversidade. As pessoas já conhecem as línguas que estão aí e precisamos ver novas formas de expressão. Nem tudo vai me contemplar, mas tem que ter espaço, porque pode contemplar alguém. E com mais espaço para essa comunicação, as pessoas se entenderão melhor como sociedade. Uma hora a polaridade muda!

Entendemos que tem um aspecto em ser artista que é parecido com ser microempreendedor, no sentido em que muitas vezes escutamos do nosso público que não se reconhece como empreendedor. Como foi essa trajetória para você, como você passou a se reconhecer como artista?!

Eu nem tive tempo para me perceber de outra forma. Quando eu era criança fazia capoeira e, depois disso, quando eu estava no ensino médio, tive contato com dança de salão. Quando me perguntaram sobre como eu ia seguir minha carreira, me indicaram para fazer um teste para uma peça. E quando eu comecei a estudar teatro, também comecei a pintar. Eu costumo falar que sou “artivista”, um novo termo que está nas ruas para designar  pessoas que performam.

AdC Entrevista: Vitones (Parte I)

Vitones é um artista de muitas faces, que ama grafite, a natureza, os bichos e filosofia! Nós convidamos ele para fazer essa arte linda aqui no portão da sede da Aventura de Construir e ainda ganhamos essa entrevista sobre seu trabalho! 

Confira nosso papo na íntegra abaixo!

O que você pensava sobre a Aventura de Construir quando foi contatado pelo Wagner (um microempreendedor que acompanhamos há alguns anos) para fazer o grafite aqui? E como mudou a sua concepção depois de ter desenvolvido esse trabalho?

Primeiro eu tinha uma imagem muito abstrata, porque apesar de ter um segmento, abrange vários outros e parece que tudo é bem vindo. Fica difícil a gente limitar ou colocar em uma caixinha e eu achei isso maravilhoso porque eu não gosto muito de limites, de colocar rótulos pois quando você rotula, você acaba dando um limite para as coisas. Cultivar uma curiosidade que só ia ser sanada quando eu viesse para cá e visse com os meus próprios olhos o que é esse espaço e como vocês se relacionam aqui. O que mudou foi uma certeza das ações, da concretude, da gente conseguir realizar isso depois de alguns meses de conversa e agora também ver e viver como isso tem me afetado. Isso é maravilhoso!

Início do grafite.

Em que sentido te afetou?

No sentido de dar uma ativada em mim. Ano passado eu não trabalhei muito para outras pessoas, eu fiquei muito no meu ateliê fazendo coisas para mim. Vir aqui essa semana e todo esse processo ter acontecido, durante esse tempo e o que vem acontecendo, eu diria que me motivou, acendeu algo em mim que estava adormecido por não estar com tanta vontade de fazer para os outros. Eu me fechei muito no ano passado, eu fiquei pintando só pra mim. E poder estar em contato com pessoas que fazem pelos outros ativou algo em mim, de querer fazer pelos outros também, dentro das possibilidades, fazer algo voluntário, deixar de ser egoísta.

Como aconteceu o seu processo criativo?

Eu trabalho muito pintando animais, o que às vezes tem só um apelo estético, pois o animal é bonito, às vezes é por conta da cor da paleta, a cor da parede, tem vários fatores que influenciam isso. Mas aqui, por ser um lugar que tem um escopo, eu tentei sintetizar meu trabalho banhado por essas coisas. Para mim a etimologia da palavra é importante, como ela poderia ser representada de maneira gráfica. E eu também tento fugir do convencional e acredito que a ideia nessa busca foi muito feliz em ter encontrado essa relação com a formiga. Poderia ser qualquer coisa, mas tem que ter uma relação e acho que coube perfeitamente pois eu me deixo sentir. Muitos artistas já vem com tudo pronto, com uma rigidez, aí nós conversamos sobre as propostas e no final, o que mais fez sentido, sem dúvidas, foi o trabalho das formigas. Aí eu busquei referências que pudessem ilustrar melhor minha ideia e adequei ao espaço. Durante o processo, por mais que eu tenha moldado algo, sempre se altera ao decorrer do tempo: chuva ou sol, almoçar ou não. Mas eu fiquei bem satisfeito com o trabalho e dedicação. 

Você apresentou duas propostas, mas porque você achou que as formigas pudessem emblematizar mais a AdC?

Diferente do João de Barro, que no máximo fica em casal, o que pegou mais foi o lance da construção. Antes de apresentar a ideia do João de Barro, eu tinha apresentado a ideia do capacete com bússola, algo que trouxesse a ideia de ter um caminho, uma trilha…construindo coisas nesses caminhos. Para mim também era uma ideia boa, mas aí fomos conversando e eu entendi que as formigas representam melhor este espaço: cada um tem uma função de segurar uma parte do galho e juntas seguram o galho inteiro, eu vi mais por esse sentido. Eu tento trazer representatividade nas coisas que eu faço: por mais que tenha um elemento, ele tem um porquê de sua existência.

As formigas têm uma representação que não é tanto individual. Aquilo que eu passei sobre o número 5, que tem a ver com toda a simbologia deste número, é o equilíbrio entre esses 5 elementos que faz a vida ser possível. Por isso representa muito equilíbrio das 5 formigas e fiquei feliz de não ter feito nenhuma igual, porque ninguém é igual a ninguém, nem mesmo as formigas.

E voltando ao número 5, ele é o algarismo que representa a estrela de 5 pontas, o pentagrama, a representação do Homem diante do Universo. O pentagrama tem o significado de evolução, de liberdade, do sentimento de aventura que leva ao crescimento pessoal e do universo. O número 5 representa, também, as viagens internas e externas, a versatilidade em pessoa. É um número de movimento, da velocidade, da agitação que acaba com qualquer estabilidade e limitação que venha pela frente. É um número transgressor, símbolo da evolução. O macro é representado pelo micro. E achei que podia dizer muito do que é a Aventura de Construir!

Essa simbologia do número 5, você procurou depois ou desde o início?

Para mim foi tudo muito convencional. Eu até poderia ter colocado mais formigas, mas aí eu percebi que tinha sentido deixar assim. Quando eu pintava com muita frequência, eu não tinha tempo de ficar digerindo o que estava fazendo, hoje para mim o tempo não é mais um impedimento. Eu me dedico muito na prática, naquele momento e para que aquilo tenha sentido pra mim. Eu não aceito qualquer trabalho, tem que ter algo que eu queira para mim, senão eu não faço. Eu trago os animais porque eles representam muito os humanos, eu vejo esses reflexos onde os animais são espelho da sociedade, ou vice-versa. Eles se refletem.

O que as formigas fazem no seu grafite?

Eu não sei se elas estão trabalhando ou brincando, porque tem uma em cima apontando para o alto, talvez seja a que está trabalhando menos enquanto as que estão embaixo estão movendo o galho. Tem a pessoa que é mais aérea, mais sonhadora, mais da terra… e aí é que está o equilíbrio. Ali naquele desenho eu fico dividido nisso, pois trabalho e diversão para mim é a mesma coisa e eu tento colocar os dois juntos para não pesar tanto, pois não dá pra ser tão divertido e nem tão trabalhoso.

O que você acha peculiar no trabalho do ser humano em respeito a uma representatividade? Você usou esta simbologia, entendemos que ela transcende a representativa gráfica que acontece nestas 5 formigas, porque nos sentimos um pouco limitados pensando que somos como uma formigas.

Eu vejo o ser humano como o supra sumo dos animais. Somos também uma formiga, um pássaro, uma onça… a gente transita entre os animais. E por ter essa metamorfose é só estabelecer uma relação, mas ela não se limita a isso pois de eterno é só a mudança. Uma hora você tá fazendo um trabalho de formiga, outra hora você vira uma águia para poder evoluir. Uma vez eu fiz o ciclo de vida da borboleta… A lagarta vai virar borboleta! E quando ela é lagarta, ela te queima. E tem formiga que voa, que ganha asa. Tem isso de entender que a gente está em trânsito.

COMO ABRIR SEU PRÓPRIO NEGÓCIO EM MEIO A PANDEMIA?

A Jornada de Sustentabilidade financeira do mês de fevereiro de 2021, traz a trajetória do empreendedor Carlos Raposo. A história mostra o retrato de uma parcela da população brasileira que decide empreender no Brasil.

Definitivamente não é uma tarefa fácil sair  de uma empresa privada, seja por escolha própria ou por motivos de demissão,  após anos de trabalho assalariado e em seguida abrir seu próprio negócio. Ainda mais em tempos de crise econômica e incertezas no mercado, como o que estamos vivenciando neste momento.

Mas também sabemos que o empreendedorismo é um ramo repleto de desafios e um dos primeiros passos para superá-los e minimizar os riscos, é contar com um planejamento que se adeque às necessidades reais.

A história de Carlos Raposo mostra uma realidade de muitos brasileiros, segundo a Agência SEBRAE (2020), o número de empreendedores no Brasil cresceu e pode chegar a 25% da população adulta.

HISTÓRICO:

Em 2020, a AdC passou por mudanças na forma de atuação para atender a demanda de novos empreendedores no início e durante a pandemia e começou a realizar capacitações e assessorias por videoconferência.

O primeiro projeto realizado desta forma foi “A realidade empreendedora” financiado pelos parceiros do Instituto CCP e iniciado em junho de 2020. Se quiser saber um pouco mais sobre esta bela jornada empreendedora, basta clicar aqui e conferir um texto sobre a finalização do projeto no blog.

E foi assim que o encontro entre Carlos Raposo e AdC aconteceu! Carlos foi um dos participantes mais assíduos e ativos deste projeto. Ele relata que buscou o curso para desenvolver novos conhecimentos e montar seu próprio negócio.

Uma surpresa!!! O engajamento de Carlos aumentou a cada aula. Suas perguntas eram sempre pontuais e seu olhar muito atento para entender o contexto pelo qual se passava e quais eram as estratégias para superar as dificuldades. O objetivo dele era claro: empreender!

A mesma vontade que tinha em aprender, ele também sentia em compartilhar seus conhecimentos e ajudar outras pessoas.

Se em um primeiro momento, Carlos buscou a equipe da AdC com urgência para uma assessoria, devido a um investimento errado realizado na época (e foi atendido mesmo fora do cronograma como exceção), posteriormente, participou como voluntário de outras sessões de assessoria com os demais participantes.

Carlos foi olhado em suas necessidades e multiplicou esta atitude para com outras pessoas.

No mês de setembro, “A realidade empreendedora” chega ao fim, mas Carlos continuou participando dos projetos da AdC,  fortalecendo o seu vínculo como voluntário, levando conhecimento dentro das suas expertises.

Sempre enfatizamos a importância da rede de contatos, e aqui constatamos outro exemplo: entre os momentos de voluntariado, o empreendedor foi ministrar uma palestra na Paróquia São Pedro sobre “Técnicas de limpeza com equipamentos profissionais”, por meio do contato da irmã Maria (freira do local), que participava do “Projeto Crescendo em Rede” da AdC.

O PROBLEMA

Mas a história de Carlos começa no setor de serviços, onde trabalhou em uma empresa de venda de máquinas de limpeza por 14 anos. O empreendedor é desligado da empresa em 2020 e com os recursos financeiros recebidos devido aos direitos trabalhistas, ele resolve montar seu próprio negócio.

No primeiro momento foi seduzido a investir em um mercadinho de um colega. A situação não acabou bem: como não foram analisados os valores antecipadamente, com o suporte de uma avaliação profissional, a dificuldade financeira do mercadinho em honrar seus compromissos em dia foi questão de tempo.

Após a primeira assessoria realizada pelo consultor da AdC, a orientação foi que o empreendedor não investisse outros recursos financeiros no mercadinho, além de buscar um acordo para receber o que havia investido o quanto antes.

Também foi verificado que Carlos estava gastando recursos e que precisava equilibrar gastos com receitas, já que estava a mais de 6 meses sem trabalhar, “o dinheiro só saia e não entrava”, mesmo com serviços esporádicos de motorista para casamentos realizados com seu carro (atualmente Carlos não faz mais esse serviço).

Com essas dificuldades e a decisão de não investir mais no mercadinho, Carlos passou a pesquisar franquias para empreender com mais segurança, já que o suporte dado pelos especialistas das franquias tende a facilitar a gestão do negócio (Central do franqueado, 2020).

A SOLUÇÃO

Mas se engana quem pensa que Carlos Raposo optou por uma franquia, o empreendedor resolveu montar seu próprio negócio em meio a crise econômica,para isso revisitou profundamente os conhecimentos adquiridos no curso “A realidade empreendedora” e realizou uma pesquisas de ponto comercial, localização geográfica do empreendimento, clientes, produtos e profissionais necessários.

No mês de dezembro de 2020, o Kfé e Cia é inaugurado na Av. Ipanema, em Veleiros, Zona Sul de São Paulo.

Embora o empreendimento tenha apresentando nesses dois meses um  faturamento razoável para um pequeno negócio, a lucratividade do mês de dezembro foi nula.

Carlos já esperava por esses números, que são característicos para o início de um negócio, conforme sua avaliação e planejamento inicial, ainda mais considerando um cenário de pandemia de Covid-19.

Estes números não desanimam o empreendedor, pois ele se preparou para este cenário. Além de estudar formas para aumentar a clientela, levando em consideração todos os protocolos de segurança, realiza o controle de seus estoque e fluxo de caixa do empreendimento para assim, entender cada vez mais seu negócio e definir as melhores estratégias para garanti-lo firme e sustentável financeiramente.

É importante compreender a situação atual da economia e planejar as ações que serão realizadas em um negócio, sem abrir mão da pesquisa de mercado para minimizar riscos, além de manter o controle diário para saber o que precisa ser melhorado no negócio. Caso esses  itens não sejam levados em consideração, o problema pode ser potencializado.

Para começar um empreendimento é necessário além de um olhar técnico e prático, muita paciência e cautela. Valorizar os pequenos passos para avançar e garantir que os passos sejam firmes e assim permaneçam durante o tempo.

“Às vezes nós olhamos tanto tempo para uma porta que se fecha, que vemos muito tarde outra que está aberta.” Alexander Graham Bell

Algumas frases de Carlos que demonstram de forma prática sua cautela e responsabilidade em empreender:

“O atendimento é bom pelo retorno recebido dos clientes, tanto os retornos falados pessoalmente, como nas redes sociais, mas noto que pelo excesso de zelo no nosso atendimento, há uma certa ansiedade criada nos dos atendentes. Entendo como algo a ser melhorado, é preciso muita conversa e entrosamento da equipe. E é o que estamos fazendo.”.

“Foco em controlar melhor os produtos perecíveis, para que não tenha tantas perdas e o preço não seja transferido para o cliente”.

“Há vários pedidos para servir almoço, então neste momento não posso investir em uma cozinha, mas posso trabalhar com massas, que consigo trabalhar e servir como almoço, além de serem refeições rápidas”.

Redes sociais: @kfeecia

Página do Instagram da cafeteria:

  • A Síndrome do Zorro
  • AdC Entrevista: David Maderit
  • Turismo que transforma: conheça o Roteiros Velho Chico
  • AdC Entrevista: Raquel Simão
  • AdC Entrevista: Vitones (Parte II)

AdC Entrevista: Kalil Farran (parte II)

Depois da entrevista oficial que realizamos com Kalil Farran, ainda fomos presenteados com mais uma conversa descontraída para aprofundar alguns temas já abordados por ele!

Kalil Farran é Consultor Autônomo em Estudos e Projetos Socioambientais e ex- Diretor Executivo do Instituto Camargo Corrêa, sendo responsável pelo investimento social privado da CCInfra e de seus parceiros.

Confira abaixo os melhores trechos dessa conversa!

O que você achou das perguntas da nossa entrevista? Gostaria de aprofundar um pouco mais sobre alguma das suas respostas?

Eu posso falar um pouco, pois essas questões estão bastante interligadas. Eu acredito muito que esse momento tem uma característica ímpar para as empresas, que começam a perceber que seus negócios estarão comprometidos se a sociedade não estiver saudável. E isso está ficando cada vez mais claro. Me assusta a quantidade de empresas fechando em qualquer lugar que vou hoje, seja um lugar pequeno, médio ou de grande porte. E são muitas empresas saindo do país… Ou seja, a perspetiva não é tão boa. As empresas precisam ter neste momento um foco mais amplo, com uma visão um pouco mais holística, que não descole de seus negócios a saúde da sociedade. Eu também acredito que essa situação de vulnerabilidade está numa escalada, pois antes a gente tinha muito claro como identificar o vulnerável através de indicadores e dados oficiais, mas hoje essa escada se ampliou. Você percebe profissionais que estão deixando ou que perderam suas atividades. É a mesma coisa que aconteceu nos anos 1990, quando do dia para a noite a empresa que eu trabalhava demitiu 3000 funcionários. A gente via a inteligência saindo pela porta da empresa. E o que aconteceu? Grande parte desses funcionários acabaram abrindo pequenos negócios… Naquela época se falava muito do “engenheiro que virou suco”, hoje a gente tem clareza que ele virou Uber. Tem uma perda de capacidade de consumo da população e também do governo em investir em grandes projetos. 

Você enxerga alguma responsabilidade, um papel do Terceiro Setor em desenvolver algo a respeito disso? Não só o tema da inteligência saindo pela porta, mas também empresas que não podem mais substituir se não levam em conta todos os fatores do ecossistema. 

Sim, o Terceiro Setor é um grande articulador institucional que consegue conversar com todas as partes envolvidas. A gente consegue fazer uma intermediação muito grande entre as empresas, as comunidades mais vulneráveis e as pessoas que estão saindo do mercado. Por isso eu acho que temos um papel importante como articulador institucional.

E como você acha que o Terceiro Setor pode desenvolver esse papel? Ter autoridade, em termos de conhecimento e articulação? 

Eu acho que muitas instituições do Terceiro Setor já têm isso e se propõem a isso. Vejam uma coisa: sempre que o Terceiro Setor senta à mesa é uma pauta positiva. A gente tem essa vantagem de ser um ente positivo e se a gente consegue se antecipar e ser mais propositivo enquanto isso, eu acho que é uma forma muito saudável de encarar essa situação. Se eu consigo fazer uma interlocução entre o empreendedor e a comunidade que cerca o empreendimento, ou entre o empreendedor e essa mão de obra inteligente que está sendo disponibilizada no mercado, que também vai virar microempreendedor, essa visão de “periferia” vai aumentar. 

(…) Agora quero falar um pouquinho sobre Agenda 2030. O que eu vi nas empresas foi um esforço muito grande em pegar suas atividades e tentar encaixar os ODS, montando um panorama que é um pouco para inglês ver, mas que a sociedade e as empresas não conseguiram entender. Eu sempre acho que quando estamos falando de ODS, estamos falando para nós mesmos. É conversa da gente com a gente mesmo. Ninguém sabe o que está acontecendo e o atual governo deixa isso muito claro, é um desprestígio total em relação a questão social e ambiental. Eu vejo relatórios estruturados, mas não necessariamente com conteúdos de qualidade, dizendo: “eu atendo 5 de cada um dos objetivos”. Eu acredito que precisa ser algo mais participativo. 

Mas nós, Terceiro Setor, o que podemos fazer neste sentido? A AdC nasce disso: o que muda a realidade não é um princípio universal, mas uma história particular.

Perfeito, concordo com você! O que a AdC faz que me agrada muito? Ela joga luz sobre determinadas questões que não estão no imaginário ou na mente das pessoas. O que eu coloco ser uma grande surpresa? Foi perceber que existe uma realidade significativa num percentual que eu acredito ser alto, mas que a gente não está considerando. As comunidades vulneráveis dão conta de suas necessidades independentemente de políticas governamentais. Existe ali muita criatividade e trabalho que a gente precisa jogar luz! O papel do Terceiro Setor é esse: jogar luz! 

Vamos tentar aprofundar o conceito de rede na sua experiência?

Sim, mas das redes de pessoas para formar conhecimento. O que se destaca pra mim é a questão de uma rede operacional. A gente constrói uma rede em torno de um objetivo, que deve estar claro para todos e ser construído em conjunto para agregar mais inteligência àquela causa. Para isso precisamos de empatia compassiva. Quando eu consigo perceber qual é a necessidade do outro e colocar a minha inteligência e a minha organização à disposição daquele necessidade, porque às vezes a gente não tem humildade. A gente acaba levando uma visão nossa, dos nossos valores e o que a gente acha bom para o outro. A gente precisa ter humildade para perceber e se permitir que o outro construa soluções, padrões e comportamentos dentro da vulnerabilidade. Então vamos tentar entender o que ele construiu e a partir disso agregar inteligência, inovação e fomentar recursos. Talvez incentivar microempreendedores com tecnologias de baixo custo dentro de práticas que ele já desenvolve. Isso é uma coisa que me fascinou nos últimos anos, ter a humildade de admitir que eu não sei e preciso aprender muita coisa com eles. Mas eu tenho uma vantagem, eu consigo ter o papel articulador de pegar algumas startups super inteligentes e desenvolver soluções. Este é um papel do Terceiro Setor: buscar inteligência na acadêmia, recursos nas grandes empresas e conseguir ler a efetiva e real necessidade dessas comunidades. (…) Assumir que a gente não sabe mesmo. A gente precisa ter uma capacidade de fazer uma leitura integrada das coisas. Não é à toa que os dados sociais tem validade de 5 anos, porque eles são muito dinâmicos – diferentes das informações do meio natural. Mas a gente precisa ter a disponibilidade de mudar as coisas, eu acho que a pandemia vai revolucionar tudo em termos de dados secundários. 

A gente precisa ter um pouco mais de clareza sobre a nossa vulnerabilidade e tentar entender com mais humildade esse contexto no qual vivemos. Eu acho o trabalho de vocês [da Aventura de Construir] fantástico, ele está muito na linha das coisas que eu acredito e acho que não tem outra solução, o modelo é esse. 

Ainda temos uma pergunta. Nos impressionou muito quando você falou que o legado não é nem geração de renda nem de emprego, mas  desenvolver a capacidade empreendedora de uma pessoa, de uma comunidade.  

Todo o Terceiro Setor é assim: qual o propósito deste projeto? Criar alternativas de trabalho e renda para as comunidades que não têm. Aí vem essa pandemia e mostra que trabalho e renda não é legado coisa nenhuma, pois todo mundo perdeu trabalho e renda. Então, efetivamente, o que é um legado? E também tem o outro lado da medalha, você percebe que essas comunidades mais vulneráveis não viveram o “novo normal”, isso foi só para nós, ele não existe para as comunidades periféricas, porque esse já era o cotidiano delas: um cotidiano de restrições. Uma série de questões relacionadas à restrições, tanto que agora a classe média está vivendo a mesma vida dessas pessoas mais vulneráveis, que já resolveram isso de outras formas. Então, legado é fomentar a capacidade empreendedora, ajudar essas comunidades a enxergar seus potenciais como articuladores. Legado é o que a Aventura de Construir trabalha. 

Tem uma frase de Antoine de Saint-Exupéry, escritor de “O pequeno príncipe” que diz: “Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para juntar madeira ou atribua-lhes tarefas e trabalho, mas sim ensine-os a desejar a infinita imensidão do oceano.” Parece a mesma visão! Na nossa experiência, quando trabalhamos com os indicadores – medição de renda e geração de trabalho, entre outros – se torna evidente quanto é mais difícil gerar essa cultura empreendedora, para que entre nas veias das pessoas.

Eu concordo totalmente com você. Isso é uma percepção que eu tenho. (…) E esse trabalho é fascinante, pois é também sempre de um aprendizado contínuo. 

Sobre o tema das redes, nossa experiência é parecida com o que você descreveu: uma causa clara que agrega, gerando emoção e compaixão. Mas como todos os elementos das redes podem ter consciência do escopo pelo qual estão trabalhando? O que pode ajudar a que se torne algo que funciona de forma sistemática e organizada?

Essa experiência eu não tenho. Quando eu saí do Instituto [Camargo Corrêa], a gente queria que este evento que aconteceu durante a pandemia fosse o suporte para a gente poder ter um programa de voluntariado interno na empresa. Uma das questões que a gente sempre colocou foi que o voluntário não pode sair do mundo dele para pintar paredes, não é isso. Para gerar empatia o voluntário deve levar a inteligência que ele tem. Quando a gente fez o programa de apoio para combater o Covid-19, o que os advogados iam fazer? Buscar alimentos em casa ou roupa para doar? Não, eles começaram a responder questões que o próprio governo não respondia. Uma delas é: eu tenho guarda compartilhada, como eu faço agora sem renda para pagar pensão alimentícia? Eles começaram a contribuir e a enxergar a dor do outro, mas dentro das competências que eles têm. Não se forçou com que eles fizessem uma ação que fosse estranha ao cotidiano deles e isso foi um sucesso! Então, primeiro: ter uma identificação forte que não saia da nossa área de conhecimento. A gente tem que contribuir com a nossa inteligência e conhecimento!

AdC Entrevista: Kalil Farran (parte I)

Há algumas semanas tivemos a oportunidade de conversar com os ex-diretor do Instituto Camargo Corrêa. Atualmente, Kalil Farran é Consultor Autônomo em Estudos e Projetos Socioambientais e compartilhou com a gente uma visão de mundo cheia de desafios, necessidades de atitude, escuta e empatia compassiva. 

Não vamos dar mais spoiler porque a  entrevista vale cada palavra! Confira abaixo como foi esse bate papo virtuoso.

Sob a sua Diretoria, o ICC (Instituto Camargo Corrêa) teve um papel muito ativo durante a pandemia de Covid-19 em 2020. Esse papel continua em 2021?

Eu não posso mais responder pelo ICC. Mas eu diria que este momento que vivemos despertou nas pessoas o senso de cidadania e de responsabilidade coletiva pelo bem estar do “outro “. Para algumas empresas esta percepção foi além e ficou claro que não existem empresas de sucesso em sociedades que fracassam, o mundo dos negócios não está descolado da saúde da sociedade. Todas as empresas, institutos e fundações têm que reposicionar suas ações frente aos desafios que esta pandemia está trazendo, buscando um novo olhar para a sociedade. 

Qual é sua visão sobre o Brasil atual e as populações em maior vulnerabilidade diante deste cenário?

A recuperação da atividade econômica que estávamos experimentando foi interrompida. Se as previsões da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o crescimento médio do Brasil para a década de 2011 a 2020 se confirmarem “será a pior década em 120 anos”.

Combinação de instabilidade econômica com catástrofe sanitária traz um cenário assustador para as populações em maior vulnerabilidade. O desemprego disparou, o endividamento das famílias cresceu e o investimento na economia se retraiu. Isso significa um empobrecimento da população em geral, que se exacerba quanto mais nos deslocamos para a base da pirâmide, evidenciando a fragilidade das estruturas de sobrevivência das comunidades mais carentes.

Você considera que a Agenda 2030 da ONU, pautada pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), ainda seja atual após o terremoto que a pandemia provocou? Como podemos trabalhar para que este tema não seja somente assunto de reunião corporativa de alto escalão, mas algo realmente concreto e mensurável no dia a dia?

Em 2018 o IPEA divulga o documento – Metas Nacionais dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável com a proposta de adequação das metas globais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável à realidade brasileira e indicadores para acompanhamento, um documento consistente e muito bem elaborado, contou com a contribuição de diferentes órgãos governamentais e centenas de gestores e técnicos do governo federal, que participaram dos debates e enviaram sugestões.

É muito cedo para se avaliar os resultados deste trabalho se considerarmos todo um novo contexto que nos foi imposto com a pandemia. Uma coisa é certa, toda a linha de base dos dados que utilizamos para construção dos indicadores, que já vinham num cenário negativo em decorrência da crise econômica brasileira que se iniciou em 2014, com a pandemia esses dados, que sustentam este documento para a aferição de resultados, tem que ser revistos, principalmente os socioambientais. Assim sendo, eu acho que os princípios que norteiam a agenda se mantêm, mas os indicadores de performance de cada ODS têm precisam ser revistos.

Outra questão importante que vocês colocam é quanto ao compromisso empresarial e cidadão no atingimento das metas definidas pelas ODS. Posso estar equivocado, mas o que percebo é que esta é uma conversa entre os iguais, os ODS e as metas não estão claras para a sociedade, ainda não existe um entendimento do que é e para que se definiram as ODS. Assim existe um esforço muito grande do setor produtivo de tentar transformar ações (que já são obrigações legais decorrentes de processos de licenciamento ou necessários ao processo de produção) em atingimento de metas dos ODS. Tenho dúvidas sobre o compromisso do setor produtivo do país em fazer valer essas metas. Para mim ainda persiste uma distância bastante grande entre o que se define por sucesso econômico e desenvolvimento socioambiental.  

Em muitas iniciativas lançadas durante a pandemia ficou clara a necessidade de unir esforços, de trabalhar junto para responder às emergências e necessidades. Na sua trajetória, como você enxerga a construção de redes? Tem alguma experiência sobre isso para compartilhar o processo, os resultados e sugerir algo neste sentido?

O conceito de rede hoje é bastante usado, mas seu uso nem sempre se refere a mesma ação, apresentando características distintas.

As redes oficialmente constituídas, que eu conheço, são formadas por instituições do terceiro setor, por órgãos públicos ou pela academia com temas, os mais diversos. Em alguns casos o objetivo é de trocar experiências e formar conhecimento unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados. Em outros casos as redes são formadas com caráter bem operacional articulando agentes de mesma natureza em diferentes geografias para a realização de uma ação comum.

Gostaria de falar sobre minha experiência recente no apoio ao enfrentamento da pandemia e como construímos uma rede que sai do teórico metodológico para atingir objetivos bem práticos.  

Primeiro que uma rede operacional começa dentro de casa. Os parceiros internos da empresa, instituto ou fundação têm que estar alinhados e comprometidos quantos aos propósitos e resultados esperados. Esses objetivos e resultados esperados têm que estar claros para todos. Juntos se identificam as competências e possibilidades de agregar inteligência à causa. Assim se dá credibilidade ao projeto e permite que se busquem novos parceiros externos para aquela rede em específico.

Ficou claro para nós que a “causa“ precisa provocar a empatia compassiva, a percepção de que o outro precisa de ajuda e se colocar à disposição, no parceiro, seja um líder comunitário, uma organização do terceiro setor ou uma empresa, que vai compor a rede.  

Na sua experiência pessoal e profissional, o que significa olhar para o outro? Seja o outro o beneficiário final ou parceiro de um projeto, ou então pelo potencial e protagonismo da pessoa?

Nós profissionais que trabalhamos com causas sociais e ambientais aprendemos a entender a realidade de forma fracionada, em temas, como nos foi ensinado. Quando na verdade a realidade é integrada e sistêmica. Olhar para o outro é mais uma postura do que um ensinamento. É a permissão que nos damos de perceber de maneira mais ampla e harmônica como o “outro” constrói soluções, padrões e comportamentos dentro das vulnerabilidades que ele vivencia. E a partir daí agregar inteligência, inovação e recursos, fomentando práticas que o outro já desenvolve. Para mim este é o ponto de partida que nos possibilita incentivar o microempreendedorismo de baixa renda. 

Na AdC trabalhamos com desenvolvimento territorial inclusivo e o ICC sempre foi e ainda é muito ligado e radicado nos territórios onde atua. O que você aprendeu nestes anos e gostaria de compartilhar por considerar fundamental para realizar este trabalho?

Primeira coisa. O Investimento Social Privado não pode ser entendido como uma ação filantrópica, através de doações, que ameniza temporariamente as necessidades básicas de uma comunidade. Isso não é legado, como também emprego e renda não são legados. Legado é desenvolver a capacidade empreendedora de um cidadão, de uma comunidade. 

Como urbanista nunca consegui dissociar as diferentes dinâmicas de apropriação do território da situação socioeconômica das comunidades, principalmente aquelas mais vulneráveis que ocupam as franjas periféricas das grandes cidades e as áreas urbanas mais deterioradas, mesmo as mais centrais.  Nestas regiões o desenvolvimento territorial espelha o desenvolvimento socioeconômico das comunidades. Faz todo o sentido a inclusão socioeconômica nestes territórios de seus microempreendedores. Precisamos aprender a ter esta leitura integrada. 

Conheci uma comunidade historicamente fundada em um lixão periférico que conseguiu fazer disso uma grande oportunidade de negócios e de subsistência, independente da ausência do poder público e de infraestrutura básica. Conheci mestres, doutores e artistas plásticos que nasceram e se criaram ali, no lixo, que hoje são líderes comunitários que representam e advogam pelos direitos essenciais deles. 

O olhar para o outro de que falamos a pouco, consegue perceber as iniciativas empreendedoras que driblam as dificuldades cotidianas que existem entre os mais vulneráveis. Líderes comunitários que de fato representem os anseios daquela comunidade devem ser estimulados.    

Para encerrar, o que mais precisamos levar em conta no trabalho do Terceiro Setor neste ano 2021 que seguirá nos impondo diferentes desafios?

A humildade de perceber o quanto somos vulneráveis nos igualando sem distinção a todos os seres humanos. Deste lugar comum só avançaremos com soluções inovadoras, com resiliência. Se pretendemos continuar a trabalhar com o empreendedorismo comunitário e a busca de infraestrutura digna para as comunidades mais vulneráveis temos que considerar em ambos os casos tecnologias e soluções inovadoras de baixo custo.

A carta de Jeff Bezos e seus aprendizados

O começo do mês de fevereiro deste ano foi marcado pela saída de Jeff Bezos do comando da Amazon para ocupar o cargo de Presidente-executivo do Conselho de Administração. Tal mudança, após 27 anos na posição de liderança, pode nos ensinar muitas coisas sobre o presente e nos orientar também para o futuro. 

Implacável talvez seja uma das formas mais assertivas de adjetivar o comportamento de Bezos. Não à toa, o termo este mesmo em inglês (relentless), foi o nome pelo qual Bezos idealizou a hoje chamada Amazon. 

Por curiosidade, clique aqui neste link e veja para onde será direcionado: www.relentless.com 

Mas tudo isso são só detalhes de uma grande jornada de empreendedorismo. Hoje queremos te estimular a ler a carta de Bezos, que anuncia sua transição de cargo. Mas por quê? Por que sua comunicação aos funcionários da Amazon reúne uma série de aprendizados de um ser humano atento às transformações digitais e às oportunidades de inovação contínua, aspectos que importam aos empresários de qualquer ramo de atividade e de qualquer porte. Afinal de contas, atitude empreendedora não é algo que se mede em pequeno, médio ou grande – tal como a classificação jurídica sobre o tema. 

Atitude empreendedora é algo que se vive todos os dias, seja como líder de uma Big Tech ou como microempreendedor autônomo à frente de seu negócio. E essa perspectiva particular de Bezos pode ser muito decisiva para o futuro de empreendedores em qualquer parte do mundo.

Contudo, e como tudo na vida, nem tudo são flores nessa trajetória. Sabe-se que Bezos pode construir esse império chamado Amazon por uma série de favorecimentos e flexibilidades que hoje já não existem mais, sobretudo ao que se refere às regras antitruste – criadas para evitar a construção de monopólios e vender produtos e/ou serviços abaixo do custo, eliminando concorrentes e, consequentemente, levando-os à falência. Mas isso é outra parte da história, a qual Bezos – atento ao presente – também soube aproveitar a oportunidade no momento certo. 

Agora leia abaixo a carta da íntegra, reflita e compartilhe com sua rede de amigos e parceiros, mas também não deixe de colocar em prática os aprendizados que ela traz neste presente momento, assim como manter no horizonte o que será importante para construir o futuro!

Carta de Jeff Bezos aos funcionários da Amazon

Amigos da Amazon,

Tenho o prazer de anunciar que neste terceiro trimestre farei a transição para presidente do conselho da Amazon e Andy Jassy se tornará o CEO. Na função de presidente do conselho, pretendo concentrar minhas energias e atenção em novos produtos e novas iniciativas. Andy é bem conhecido dentro da empresa e está na Amazon há quase tanto tempo quanto eu. Ele será um líder notável e tem toda a minha confiança.

Essa jornada começou há cerca de 27 anos. A Amazon era apenas uma ideia e não tinha nome. A pergunta que me faziam com mais frequência naquela época foi: “O que é a internet?” Felizmente, não tenho de explicar isso há muito tempo.

Hoje, empregamos 1,3 milhão de pessoas talentosas e dedicadas, atendemos centenas de milhões de clientes e empresas e somos amplamente reconhecidos como uma das empresas mais bem-sucedidas do mundo.

Como isso aconteceu? Invenção. A invenção é a raiz do nosso sucesso. Fizemos coisas malucas juntos e depois as tornamos normais. Fomos pioneiros em reviews de consumidores, em compras com 1-Clique, recomendações personalizadas, remessa incrivelmente rápida do plano Prime, compras no modelo Just Walk Out, compromissos climáticos, Kindle, Alexa, marketplace, infraestrutura de computação em nuvem, escolhas de carreira e muito mais. Se você acerta, alguns anos depois de uma invenção surpreendente, a nova coisa se torna o padrão. As pessoas bocejam. E esse bocejo é o maior elogio que um inventor pode receber.

Não conheço outra empresa com um histórico de invenções tão bom quanto o da Amazon, e acredito que estamos no nosso momento mais inventivo. Espero que você esteja tão orgulhoso de nossa criatividade quanto eu. Eu acho que você deveria estar.

À medida que a Amazon se tornou grande, decidimos usar nossa escala e escopo para liderar em importantes questões sociais. Dois exemplos de alto impacto: nosso salário-mínimo de 15 dólares a hora e o Compromisso Climático. Em ambos os casos, demarcamos posições de liderança e depois pedimos a outros que nos acompanhassem. Em ambos os casos, está funcionando. Outras grandes empresas estão vindo em nossa direção. Espero que você também esteja orgulhoso disso.

Acho meu trabalho significativo e divertido. Eu trabalho com os companheiros de equipe mais inteligentes, talentosos e engenhosos. Nos tempos de fartura, vocês foram humildes. Quando tivemos momentos difíceis, vocês foram fortes e solidários, e fizemos um ao outro rir. É uma alegria trabalhar nessa equipe.

Por mais que eu ainda esteja no escritório, estou animado com essa transição. Milhões de clientes dependem de nós para nossos serviços e mais de 1 milhão de funcionários dependem de nós para seu sustento. Ser o CEO da Amazon é uma responsabilidade profunda e desgastante. Quando você tem uma responsabilidade como essa, é difícil colocar a atenção em qualquer outra coisa. Como presidente executivo, continuarei envolvido em iniciativas importantes da Amazon, mas também terei o tempo e a energia de que preciso para me concentrar no Fundo Day 1, no Fundo Bezos Earth, na empresa Blue Origin, no Washington Post e em minhas outras paixões. Nunca tive mais energia e não se trata de me aposentar. Estou muito entusiasmado com o impacto que acho que essas organizações podem ter.

A Amazon não poderia estar melhor posicionada para o futuro. Estamos acelerando em todas as direções, assim como o mundo precisa de nós. Temos coisas em desenvolvimento que continuarão a surpreender. Atendemos indivíduos e empresas, e fomos pioneiros em dois setores completamente novos e em uma classe totalmente nova de dispositivos. Somos líderes em áreas tão variadas como aprendizado de máquina e logística, e se uma ideia da Amazon exigir mais uma nova habilidade institucional, somos suficientemente flexíveis e pacientes para aprendê-la.

Continue inventando e não se desespere quando a princípio a ideia parecer maluca. Lembre-se de vagar. Deixe a curiosidade ser sua bússola. Continua sendo o Dia 1.

Jeff

10 dicas para avaliar o impacto do seu projeto…

Você não dirigiria o seu carro sem o painel de controle, não é?

Do mesmo modo, você não dirigiria o seu programa social sem entender se as suas ações estão melhorando a vida do seu público-alvo.

Simples assim, essa é a razão pela qual cada dia mais se fala de Avaliação de Impacto. Não é só medir quantos livros foram distribuídos ou horas de aula ministradas em uma iniciativa de apoio, mas medir quanto recuou o analfabetismo na região, e se recuou devido ao programa ou por outras causas.

Um programa de avaliação de impacto aumenta fortemente a transparência dos projetos sociais, mostrando se os recursos de fato ajudam os destinatários ou se servem apenas para a auto conservação da organização pública ou privada que os gerencia. Para a realidade do Terceiro Setor isso está se tornando fundamental mesmo para a arrecadação de fundos e a sustentabilidade de um projeto. Um estudo sobre filantropia na América Latina feito pelo Hauser Institute da Harvard Kennedy School monstra claramente que, com o foco passando da caridade para a mudança, muitos recursos são disponibilizados só com a presença de planos que possam evidenciar quantitativamente os resultados a ser alcançados.

Implementar esses planos não é, porém, nem fácil nem barato. ONGs e órgãos públicos normalmente não tem as competências estatísticas necessárias e os recursos para a coleta dos dados.

A Associação Aventura de Construir é uma realidade pequena, mas obcecada em realizar uma melhoria real na vida dos microempreendedores de baixa renda de regiões “periféricas”, agindo com o máximo profissionalismo, realismo e parcimônia.

Começamos o nosso trabalho em 2012 com um questionário envolvendo cerca 150 indivíduos para entender as principais exigências não atendidas, desde o início registramos todos os contatos com o público alvo para poder chegar a indicadores gerenciais (“Quantas pessoas participaram das nossas palestras? Quantos participaram uma, duas, três vezes?” “Quantos receberam uma consultoria individual?”), e – depois da primeira fase de start-up – começamos o nosso programa de avaliação de impacto, definido com a ajuda da Kellogg Institute da Notre Dame University, da ALTIS, da Universidade Católica de Milão, e da Comunitas de São Paulo. Para mais informações sobre o nosso programa de avaliação de impacto, leia aqui.

Foi um caminho desafiante, e gostaríamos de oferecer algumas poucas dicas para facilitar quem está considerando começar agora:

  1. Pense bem se você quer fazer: nós gastamos 9 meses para definir e fazer a pesquisa de linha de base, mais duas semanas a cada 6 meses para reaplicar o questionário a 70 sujeitos impactados do nosso trabalho e a 40 empreendedores do grupo de controle.
  2. Se quer fazer, contrate um estatístico: mais cedo ou mas tarde você vai pedir sua ajuda, e pode ser tarde demais. O estatístico é fundamental para definir o que e como medir, não só na analise dos dados coletados.
  3. Contratando ou não um estatístico, leia Avaliação de Impacto na Prática. É gratuito e está em português, foi feito pelo Banco Mundial e explica os fundamentos que até gerentes podem entender.
  4. Na medida do possível, defina os seus processos antes: como lidar com valores extremos (outliers)? Como substituir sujeitos que saem dos grupos de pessoas de impacto e de controle? Se você reage ao longo do caminho, a tentação de adaptar as regras aos resultados desejados é forte, e avaliadores externos sempre vão suspeita-lo.
  5. Cuidado com os fatores de confusão: se as receitas melhoram pode ser devido ao trabalho de vocês ou pela melhoria geral da economia. Sem um grupo de controle bem escolhido nem vale a pena fazer avaliação de impacto.
  6. Não poupe recursos na coleta de dados inicial (a linha de base): sem conhecer o ponto de partida é impossível medir progresso. Nas perguntas e no número de entrevistados é melhor errar por excesso: você sempre vai descobrir coisas inesperadas.
  7. Na avaliação periódica seja gentil com os seus entrevistados: nessa fase limite ao máximo as perguntas. Roubar mais que 5 minutos para responder é má educação, e aumenta o número de quem sai da pesquisa (e isso vai afetar a qualidade dos seus resultados).
  8. Faça perguntas simples e com respostas objetivas: não “Você gosta de ler?” mas “Quantos livros você leu no último mês?”
  9. Considere um período de warm-up: no começo haverá muitos problemas inesperados (na coleta, na elaboração, na interpretação) que devem ser acertados antes de produzir resultados comparáveis. Nós realizamos 3 levantamentos testes com intervalo de três meses antes de considerar o programa consolidado.
  10. Na análise, não espere dos números mais do que eles podem oferecer:
    • “Nem tudo o que é importante pode ser medido, e nem tudo o que pode ser medido é importante”: o objetivo da medição de impacto é relatar causa e efeito. Os números não podem fazer isso: podem provar ou desaprovar uma hipótese, nunca criar uma do zero, então não se esqueça de ficar atento ao seu público e coletar informações qualitativas. Eles ajudarão o seu “insight”.
    • A primeira coisa que se aprende no ensino técnico é que cada medida tem erros. Vale para medir pedras, imagina para respostas de humanos!
    • Cuidado com as médias: antes de tirar conclusões dê uma boa olhada em todos os pontos. Um valor anormal (ou um erro de transcrição!) ou as médias podem contar uma história completamente diferente da realidade.

Última nota: Goodhart, um economista inglês, virou famoso pela sua lei: “Quando uma medida vira um objetivo, cessa de ser uma boa medida”. Com toda a pressão sobre os resultados, se corre o risco de agir – conscientemente ou não – em prol da melhoria dos indicadores, e não para o bem estar do público alvo. Ética é também lembrar que os números descrevem a realidade, mas nunca podem tomar o seu lugar.

APRENDENDO COM O ODS 17

O último Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) não é o menos importante! A ordem desta formatação não configura nenhum aspecto de prioridade. No entanto, o ODS 17 é o responsável por abraçar todos os outros por tratar justamente sobre COMO implementar todas as outras metas da Agenda 2030. 

Ao trabalhar o conceito de PARCERIA E MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO, o ODS 17 visa “fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável”.

Mas de novo nos deparamos com a já famosa pergunta anunciada por aqui em outros artigos: O que a Aventura de Construir tem a ver com isso?

Se você ainda não está por dentro deste assunto, te indicamos retomar nossa série ODS EM PAUTA, onde você encontra conteúdos sobre o tema – sempre articulando o método de trabalho da Aventura de Construir aos ODS da Agenda 2030 da ONU. 

Afinal, o que é ODS?
ODS1 Erradicação da Pobreza
ODS4 Educação de Qualidade
ODS5 Igualdade de Gênero
ODS8 Trabalho Decente e Crescimento Econômico
ODS10 Redução das DesigualdadesODS11 Cidades e comunidades sustentáveis

Mas e o ODS 17?!

Quando nos referimos ao ODS 17 aqui na Aventura de Construir estamos falando sobre seguir com um trabalho que sempre foi feito, pois sem nossos parceiros jamais teríamos alcançado os resultados que atingimos até o momento presente! Muitos desses resultados são tangíveis e mensuráveis (conheça aqui os indicadores oficiais deste ODS), mas muitos outros não, pois tratam-se de ações e atitudes do dia a dia que transformam uma tomada de decisão, reorientam a rota de um microempreendedor ou mesmo reestrutura todo o escopo de um projeto. 

Em 2020, por exemplo, tivemos que aprender a aprender, nos adaptar às adversidades impostas pela pandemia de Covid-19 e fazer e refazer TUDO em conjunto: equipe, consultores externos, muitos voluntários, órgãos diretivos e organizações financiadoras… TODOS EM REDE, fazendo COM e não meramente PARA atingir um objetivo comum ou de interesse privado. 

Tudo isso entra no espaço do imensurável, mas nos abre um outro espaço: o do sentimento de gratidão que só podemos exprimir com o coração! Para isso, não há indicador, mas há o reconhecimento que nos dá força para seguir acompanhando protagonistas!


Entrega dos Cartões Alimentação durante a emergência da pandemia de Covid-19 em 2020. Saiba mais aqui sobre a construção desta rede de parceria com o Banco de Alimentos.

Praticamente 100% dos projetos da Aventura de Construir são idealizados e desenvolvidos com parceiros. Conheça aqui, por exemplo, todas as organizações que nos apoiam ou já realizaram alguma atividade de suporte, consultoria e/ou financiamento com a gente. E tudo, absolutamente TUDO, que construímos a várias mãos e é estruturado num modelo coletivo que pensa de baixo para cima, torna-se elementar para a profundidade e concretude dos impactos alcançados. 

Neste sentido é que levamos o ODS 17 com a Aventura de Construir: sempre envolvendo diferentes formas de colaboração que buscam garantir que as características singulares de comunidades desfavorecidas do ponto de vista socioeconômico sejam aproveitadas para promover o desenvolvimento local. Por isso é tão importante trabalhar COM, para que diferentes organizações consigam enxergar e responder às problemáticas de um território em conjunto – facilitando, e não confundindo aqueles que estão na linha de frente da implementação de soluções!

Microempreendedores acompanhados pela Aventura de Construir discutem em  “World café” – realizado no evento ProtagonizAí (2019) – sobre como criar, desenvolver e potencializar redes de parcerias em benefício de seus negócios.

Por isso precisamos, cada vez mais, fortalecer a atitude empreendedora, sobretudo para aqueles que não se enxergam como empreendedores. Mas isso deve ser feito em sinergia, pensando o tema como um ecossistema: não se trata apenas de olhar e capacitar microempreendedores individualmente, mas formá-los coletivamente para que possam multiplicar seus aprendizados para seus pares e, em conjunto, tenham as ferramentas necessárias para realizar mudanças concretas em seus respectivos territórios, fomentando novas parcerias que alimentem um ciclo de impacto positivo.

A Aventura de Construir tem a intenção de seguir desenvolvendo e trabalhando em rede através de relações de confiança que fortaleçam o fazer de baixo para cima de modo sustentável e crescente. O ano de 2020 nos ensinou que ações fragmentadas não deixam marcas na vida das pessoas, mas que o acompanhamento contínuo e feito com amor é o que gera mudança efetiva e deixa um legado consistente. 

Para 2021, junto ao Pacto Global – rede que a Aventura de Construir participa desde 2018 -, enxergamos alguns pontos de regressão sobre alguns aspectos e metas específicas dos ODS. Os indicadores apontam que o Brasil não está atuando em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na velocidade e qualidade proposta pela ONU. No entanto, mesmo diante deste cenário não tão otimista, trabalhamos a cada dia para fazer diferente e fazer melhor. Mas para mudar este cenário, não podemos esquecer: PRECISAMOS FAZER JUNTOS!

E você, topa avançar COM a gente nesta jornada?! Se sim, conheça aqui o programa de voluntariado da Aventura de Construir e democratize oportunidades você também!

UM NOVO NORMAL TAMBÉM NA ESCOLA

Embora ainda incerta a data da volta às aulas presenciais em muitos estados e municípios, as escolas já estão se preparando para receber seus alunos, não da mesma maneira como retornavam das férias, mas com uma experiência vivida que pode ter deixado diversos impactos negativos, não apenas na aprendizagem, mas no desenvolvimento socioemocional causado pelo isolamento social e distanciamento escolar.

O primeiro ponto a ser pensado é que neste momento os sentimentos deverão ser acolhidos, e a maneira como isso será feito será primordial para tudo o que virá depois. Diversos são os motivos para o acolhimento, nossas crianças passaram por experiências de luto próximas a elas, de familiares, amigos e pessoas conhecidas, e as perdas vividas precisam ser tratadas de maneira especial.

Além disso, as mudanças de rotina que ocorreram, em suas vidas e na vida dos pais, irão novamente se transformar. Se foi difícil de repente estarem todos em casa, mudar a rotina novamente, e se ausentar da segurança que o lar representa, pode também gerar alguns impactos. Principalmente aos menores, todo um período de readaptação à escola e de afastamento dos pais terá que ser feito novamente.

Kid got stress doing homework or prepare for exam Free Vector

Há ainda o medo da doença, da contaminação. O medo dos adultos influenciam diretamente as crianças, portanto teremos que lidar com níveis diferentes de ansiedade, pois as crianças trarão de casa toda uma bagagem do que vivenciaram e vivenciam desde o início da pandemia.

A melhor forma de acolher os pequenos é ajudá-los a lidar com os próprios sentimentos, através de momentos de conversa, de escuta individual e coletiva. Não minimize o sentimento da criança. Zelar pela segurança e pela saúde dentro da escola trará para eles também mais confiança e segurança.

A escola deverá ser divertida, um lugar agradável para estar, por mais responsabilidades que se tenha dentro dela, o lúdico deve estar sempre presente, os jogos, a música, as brincadeiras.

Neste momento, os pais devem ser um grande aliado da escola, e essa aproximação é fundamental para que tudo dê certo, tanto em relação aos cuidados necessários para que a pandemia se mantenha controlada, como para que as questões emocionais das crianças possam ser trabalhadas.

O professor é uma figura fundamental, é o que está mais próximo fisicamente e emocionalmente da criança, é ele que ela irá procurar se sentir-se insegura ou desconfortável. Este deve sempre estar atento ao comportamento de seus alunos, bem como ao desempenho escolar, e se necessário, juntamente com a família, encaminhar para profissionais que poderão ajudá-los.

Teacher and students wearing face mask in class Free Vector

É ainda importante desenvolver a empatia dos alunos, ser tolerante em relação aos conteúdos a serem cumpridos, rever as expectativas e objetivos para o semestre letivo. Avaliar o aluno, observar os que necessitam de maior apoio pedagógico, verificar conteúdos e disciplinas a serem priorizados, pensar atividades e estratégias para repor aquilo que não foi alcançado é também papel do professor.

Adequar o aprendizado significa ter o foco na aprendizagem do que é mais importante, desenvolver as habilidades socioemocionais previstas na BNCC, reorganizar conteúdos de acordo com a nova realidade educacional, rever e adaptar objetivos. Avaliar e criar estratégias de recuperação da aprendizagem, disponibilizar meios tecnológicos e outros recursos de complementação da aprendizagem.

A pandemia acentuou a diferença entre aqueles que tinham mais dificuldades de aprender; exigiu um novo educador, que precisou se reinventar, teve que se adaptar à novas tecnologias, novas metodologias, transformando-se. Agora é preciso estabelecer metas de aprendizagem diferentes para crianças com níveis de aprendizado diferentes.

A inclusão de todos na escola é um direito antes, durante e depois da pandemia.

GLEIDIS R. GUERRA
Fonoaudióloga
REABILIT-AÇÃO
(11) 99977-7766
(11) 2375.8036

Estamos prontos para 2021?!

2020 pode até nos enganar se não o enxergarmos em profundidade.
Quando olharmos para a quantidade de ausências que preencheram este ano de isolamento social, parece que mais nada aconteceu além da pandemia. No entanto, foi também um ano que trouxe uma nova dimensão, um outro normal. 
O ritmo da vida mudou, tivemos que trocar de pele para nos adaptar à somatória de intempéries. Aprendemos a ser mais camaleão, disponíveis para a mudança e cuidadosos ao responder à realidade. Essa travessia desafiadora foi possível porque a realizamos JUNTOS e, para entendê-la, precisamos cruzar algumas barreiras!

A primeira barreira talvez seja a de estar abertos a um processo de questionamentos contínuos: perguntar e escutar antes de responder ou agir. Mas afinal, o que mudou concretamente?

Uma resposta simples: descobrimos como fazer coisas inéditas! Fortalecemos e ampliamos impressionantemente (em número e regiões do pais atendidas) o público, apoiando-os a tornarem-se mais protagonistas e multiplicadores de um impacto social positivo em suas vidas e comunidades. Essa atitude nos permitiu enxergar e aprender ainda mais quem somos e o que é a Aventura de Construir. 

Nesta jornada, muitas vezes precisamos do outro para consolidar algo novo, mas sempre fomos surpreendidos com este outro nos superando, tanto que em algum momento não tivemos nem como manifestar esta gratidão desbordante. E a lista de pessoas que compõem esta transformação não tem limite, deixando a nós o imenso prazer que é doar e receber em afeto e gratidão! 

Tudo isso nos arrebata numa alegria inominável que queremos compartilhar, neste momento presente de festa que é o Natal e dizer: Valeu demais por fazerem COM a gente!

Quer celebrar o Natal presenteando alguém especial e ainda fortalecer o microempreendedorismos de periferia? Conheça AQUI o bazar de luxo on-line Voz Social Abrael!

E ainda tem mais: 100% do lucro deste projeto será destinado para a continuidade da causa da AdC. Valeu demais Abrael!!!

Feliz Natal e bom final de ano!
Nos vemos em novas aventuras em 2021!!! 🙂

Por que neste tempo é tão relevante falar de…

Sem a pretensão de ter uma resposta exaustiva, contamos neste texto a experiência dos últimos meses, com a campanha #ParceirosAdC, como uma tentativa de resposta.

O termo Governança, apesar de ser extremamente importante, pode gerar algumas dúvidas – ainda mais se você não é familiarizado com este universo (o que é completamente normal, afinal, não estamos todos inseridos nele). 

  • Mas, então, o que é Governança?!

Caracteriza-se por ser uma área de estudo com múltiplas abordagens. Ou, de maneira mais simplificada: é o conjunto de processos, costumes, políticas e leis que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada. 

No segundo semestre do ano, com o apoio da Diretoria e do Conselho Consultivo, lançamos a campanha #ParceirosAdC, onde compartilhamos em nosso Instagram algumas dicas para entender melhor como funciona a Governança na Aventura de Construir, sempre respondendo a pergunta #ComoGovernar?  

O primeiro depoimento publicado em nosso Instagram foi o de Cinzia Abbondio, que trouxe um trecho de uma frase de Albert Einstein: “Quem atribui à crise as suas falhas e dificuldades, faz violência ao seu próprio talento e dá mais valor aos problemas do que às soluções.”

Para ela, participar de um Conselho com demais pessoas interessadas é uma ocasião de crescimento, enriquecimento e inspiração. 

A opinião de Rafael Marcoccia assemelha-se a de Cinzia. Para ele, um dos pontos positivos de participar da Diretoria é uma oportunidade de aprendizado. “Sou membro da Diretoria da Aventura de Construir desde sua fundação. Sem dúvida nenhuma, de lá para cá aprendi muito. E acredito que a contribuição que a Diretoria oferece para a instituição também cresceu significativamente”. 

Marcelo Turri também segue a linha do colega Rafael e ressalta: “Participar da Diretoria da Aventura de Construir é muito gratificante, pois as decisões consideram genuinamente o empreendedor, a sua realidade, a sua necessidade.”

Além disso, Rafael Neves, Fabio Deboni e Taynara Alves, igualmente membros do Conselho, participaram da campanha trazendo algumas dicas sobre #ComoGovernar. 

Para assistir as falas completas, clique nas imagens abaixo:

Para Fabio Deboni, governar é ter uma visão de futuro. “Para além de compliance e integridade, a governança é a chave para a perenidade e a efetividade de qualquer organização”. 

Em contrapartida, Taynara ressalta a importância do Conselho Consultivo de uma organização com o objetivo de conhecer a fundo todas as áreas – só assim é possível ter uma visão 360º dos possíveis problemas e soluções.  

Com a participação de Fernando Gomes, quase chegamos ao final das dicas sobre Governança. Para ele, “Quanto mais transparente uma instituição é, mais informações são levadas à mesa e mais fácil é a tomada de decisão. Com isso, outros agentes passam a ver essa empresa com mais credibilidade, permitindo superar alguns desafios mais facilmente. Com a confiança de outros em seu negócio muitas portas se abrem”.

Por fim, vale ainda retomar a fala de Percival Caropreso, militante no terceiro setor há mais de 30 anos, que compartilhou conosco sua trajetória inspiradora de envolvimento com causas sociais. O início de tudo foi com a adoção de sua primeira filha. Depois, vieram as demais e a fundação de um abrigo que, ao longo de sua existência, ajudou mais de 500 crianças. Hoje, Percival Caropreso é consultor de comunicação para Organizações da Sociedade Civil e membro super atuante no nosso Conselho Consultivo.

Para assistir a história dele, clique no vídeo abaixo:

Quando se torna crucial ter uma mão firme e segura no timão de um barco, a  capacidade de ler os mapas de bordo e o conhecimento dos segredos do mar? 

Neste ano de contínuas, profundas e também turbulentas transformações, nas quais a Aventura de Construir foi chamada a mudar de pele para responder a este outro normal, percebemos ainda mais o valor de ter profissionais com esta humanidade viva e atenta e com este entendimento realista das situações nos nossos órgãos diretivos. Por isso o extremo valor da governança agora: é o momento de caminhar juntos, é o momento no qual todos que vivemos com responsabilidade e paixão pelo bem comum podemos e precisamos dar uma contribuição significativa.        

Aproveitamos para deixar aqui o nosso agradecimento a todos os membros da Diretoria e do Conselho Consultivo, pelo tempo, disposição e desejo cheio de atrevimento e coragem na construção desta vertiginosa jornada! <3 

Já ouviu falar sobre Moda Sustentável?

A indústria da moda ocupa o segundo lugar no ranking dos mais poluentes do mundo segundo a BBC. Esse fato se dá pela produção rápida de peças e o estímulo ao consumo frequente, compondo o chamado fast fashion (uma alusão ao conhecido fast food). As pessoas consomem, em média, 60% mais peças do que há 15 anos, e cada item é mantido no armário por metade do tempo que no passado, segundo Aliança das Nações Unidas para Moda Sustentável. A combinação desses fatores resulta em imagens como a que segue:

O quadro pintado não é dos mais agradáveis, não é mesmo? Natália Guasso, de Porto Alegre, definitivamente acha que não. E mais: acredita que nós, hoje, temos meios para transformar essa realidade. 

Neste ano de 2020 seu empreendimento, o Brick de Desapegos, completa 9 anos. A feira de moda sustentável pioneira na capital gaúcha começou em 2011 no maior estilo ativismo. A missão central era (e continua sendo) incentivar o desapego de peças e o consumo sustentável.

Como? Realizando feiras com brechós da cidade, “que na época ainda não estavam na moda como estão hoje”, relembra Guasso, além de incentivar os próprios frequentadores da feira a levarem seus desapegos. “Ofereço o espaço. Quem quiser expor, paga uma taxa fixa na entrada, retendo o lucro de suas vendas.”

A ideia é realmente simplificar, incentivando as pessoas a olharem para o armário com um olhar crítico, oferecendo uma alternativa sustentável.

As feiras também contam com eventos paralelos, como atividades em parceria com universidades que levam conteúdos e oficinas para o evento. O que começou em 2011 como atividade paralela se tornou o sustento e atividade principal da empreendedora há 4 anos. Em 2019 realizam mais de 100 eventos, de pequeno a grande porte.

E em março de 2020, chega a pandemia do Coronavírus, paralisando qualquer possibilidade de eventos presencias. Após o choque inicial, sentido por todos e todas,  Natália respirou fundo e viu a possibilidade se planejar e reorganizar.

“O Brick aconteceu e se consolidou de forma muito orgânica, conforme aconteceu. Com a pandemia, vi a possibilidade de fazer cursos e estruturar um planejamento estratégico para o Brick.” 

Agora com a nova realidade imposta aos negócios que viviam especificamente de maneira presencial, o Brick Desapego também precisa se adequar ao mercado e mundo on-line para realizar seus eventos.

Ao longo das oficinas e assessorias do Crescendo em Rede, assim como outras que participou, o Brick vem estruturando seu plano de negócios adaptado à realidade digital, como necessidades de expertises específicas do novo mercado, planejamento de captação de recursos e estruturação de parcerias e, principalmente, realização da migração das feiras para o online.

O aprendizado de Natália pode mostrar sua força também na aplicação ao edital criado pela AdC no Crescendo em Rede (para saber mais, basta acessar aqui o link completo do blog que conta sobre esta jornada). Da análise minuciosa dos 25 projetos finais, 8 foram os vencedores e Natália estava entre eles! A empreendedora foi uma das ganhadoras do capital semente para continuar seu projeto e adaptá-lo conforme as necessidades deste outro normal. 

Neste momento o Crescendo em Rede está na etapa de acompanhamento através de assessorias individuais (fase de incubação e aceleração de negócios) com os ganhadores do prêmio e até agora já foram realizadas 3 sessões de um total de 6. 

A alegria de Natália ao ver seu trabalho reconhecido trouxe ainda mais fôlego para continuar seu processo de aprendizado e prática! Na busca de parcerias para contribuir com o desenvolvimento das feiras on-line, Natália conseguiu negociar com o Sebrae-RS, o fomento de 105 stands on-line no período de 3 meses. Os expositores interessados contribuem com uma taxa social, possibilitada pela parceria com o Sebrae.

Hoje, o @brickdedesapegos_ já está na sua 7ª edição online, fora as lives que acontecem frequentemente no Instagram do Brick. “As feiras já estão se pagando nesse novo formato, e os expositores estão vendendo. Existe uma dificuldade de adaptação de alguns, mas acredito que o online veio para ficar. Quando o contexto permitir, o Brick avaliará se e como voltar para o presencial”.

Facebook: https://www.facebook.com/BrickDeDesapegos/

O que é ser voluntário de verdade?

Texto escrito por Percival Caropreso, profissional de Comunicação, fundador da Setor 2 ½, Conselheiro da Aventura de Construir

Em 1997, ainda na agência de comunicação McCann-Erickson, fomos chamados pela então primeira-dama, Professora  Ruth Cardoso, fundadora do Comunidade Solidária. Ela não gostava de ser chamada de primeira-dama, nem de Dona. Era  Professora Ruth Cardoso mesmo. 

Glen Martins e Carlos Pinto, que comandavam a agência em Brasília, estavam comigo no projeto: lançar o correto conceito do que é ser VOLUNTÁRIO na vida.  

O objetivo era fomentar o nascimento de uma rede nacional integrada de centros de voluntariado, todos com a mesma  visão consciente do que é ser voluntário de fato e compartilhar tecnologias sociais, projetos comuns, aprendizados,  sucessos, erros e acertos. 

Team of volunteers stacking hands

O grande problema é que, no Brasil, a cultura do voluntariado é muito pessoal, emocional. A participação dos voluntários  costuma ser efêmera e se esgotar rapidamente nela mesma. Como se cada um estivesse fazendo o Bem pra contar  pontos num programa de milhagem pessoal para o Céu. 

O voluntário nem sempre trabalha numa causa, mas sim num lugar, num projeto, numa ong. E trabalha quando ele quer,  como ele quer e se ele quer. Geralmente falta consciência estratégica, planejamento, plano de ação, comprometimento,  capacitação, que qualifiquem e fortaleçam esse impulso inicial, apenas pessoal e generoso. 

Aí eu pensei numa hipótese para a campanha de comunicação, arrogante e metida a intelectual. Tive a ousadia de  discuti-la com a professora Ruth Cardoso: questionar essa essência, de que todo voluntário é movido por uma motivação  interna inicial e pessoal. Impetuosa, geralmente egoísta como um salto no escuro. Aí eu comecei o discurso. 

Vontade.  

Vem do Latim, do verbo transitivo volo, vis, velle, volui. Ou seja, basta vontade e pronto.  

Daí vieram vontade (voluntas-tis) e voluntário (voluntarius, a, um). Ou seja, de livre vontade, também uma característica  da atuação voluntária. 

Essa origem do querer, do desejar, é presente em verbos de muitas línguas: vouloir, volere, want, welle. Vontade é a intenção, a projeção que fazemos, hoje, de algo que queremos realizar. No futuro. 

Não por acaso o tempo futuro, em Inglês, é will. Vem do inglês medieval wille, que vem do anglo-saxão willa. Todos de  origem indo-europeia, de onde veio o itálico e também veio o nosso latim. 

Mas o verbo volo, as, are, avi, atum tem também uma forma intransitiva, com outro significado: voar. O mesmo radical está em muitas línguas: volare, volar, voler, voar. Nos idiomas anglo-saxões, a fonética transformou  em fleogan e flyen, que resultaram modernamente em flug e fly. 

Já dizia Ícaro que o Homem pode voar. E o voluntário também: atira-se por impulso para uma aventura que desconhece  o amanhã. 

Nosso papel é desconstruir essa noção inconsciente de que ser voluntário é um breve salto no escuro a partir  de uma vontade generosa e impetuosa, que desconhece o amanhã. 

Temos que comunicar que ser voluntário é manter um engajamento sério, que pressupõe consciência da nossa decisão e  compromisso duradouro com nosso trabalho. Com a causa. Não tem nada a ver com volátil, volúvel, voluteante.  

A professora Ruth Cardoso apenas sorriu, concordou em parte, mas destruiu essa minha hipótese para a campanha de  comunicação: não funcionaria para atrair multidões. Mudamos de assunto. 

Com outra abordagem, a campanha faz sucesso até hoje: “O que você faz bem, pode fazer bem pra alguém. Venha, seu  coração é voluntário.”

É possível encarar os novos desafios? E como?

Das respostas a estas perguntas nasce o projeto Alfabetização em informática em parceria com a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SMIT) da prefeitura de São Paulo. 

O ano de 2020 já chegando ao fim, mas o trabalho na Aventura de Construir (AdC) ainda segue à todo vapor! Na semana passada demos início a um novo projeto, uma realização da AdC financiada pela SMIT via Emenda Parlamentar da Vereadora Janaína Lima (Novo). 

O projeto visa desenvolver uma jornada digital de aprendizagem humana integral que prepare funcionários dos Telecentros e DigiLabs da cidade de São Paulo a formar microempreendedores a usufruírem de uma nova realidade virtual, garantindo uma alfabetização em informática que seja eficaz e aplicável às ofertas de produtos e serviços num cenário de pandemia e pós-pandemia que nos impõe uma série de adaptações e desafios para viver um “outro normal”. 

O Telecentro é espaço público que oferece computadores, internet e outras tecnologias de inclusão digital para que pessoas sem estes acessos possam comunicar-se e utilizar tais ferramentas para uma série de atividades, como procurar trabalho e estudar, enquanto desenvolvem, simultaneamente, habilidades digitais essenciais. Já o Digilab é um projeto piloto de modernização do Telecentro direcionado a públicos específicos, visando modernizar não somente os computadores, mas trazer uma nova vocação à unidade, de modo que supra as necessidades do público que a utiliza. 

O objetivo deste projeto realizado pela AdC com estes parceiros é formar multiplicadores  nos Telecentros e DigiLabs que possam replicar os conteúdos aprendidos de acordo com seus respectivos escopos de atividades, permitindo que novos modelos de negócio sejam desenvolvidos para atender de forma concreta às reais demandas e necessidades das “periferias” de São Paulo. Buscamos, assim, criar e democratizar oportunidades de aprendizado aplicáveis no cotidiano de microempreendedores de distintos ramos de atuação.

Este projeto surgiu no momento pelo qual a AdC partiu de uma realidade concreta: a crise econômica brasileira, agora acirrada pela disseminação do Covid-19, nos exigindo enfrentar a situação com soluções criativas para viver um “outro normal”. Neste sentido, nos orientamos pelo nosso próprio método de trabalho, propondo o empreendedorismo como umas das alternativas mais viáveis e interessantes para que famílias em situação de vulnerabilidade consigam obter renda de forma estável, assim como gerar oportunidades de emprego em seu entorno.

Num cenário de imprevisíveis mudanças e aceleração da utilização de métodos, ferramentas e suportes digitais, decidimos então promover a alfabetização em informática. O acesso a este conhecimento tem o potencial de ampliar uma visão de negócios capaz de gerar diferentes transformações territoriais, permitindo ainda que os conteúdos ministrados sejam sempre multiplicados no interior de programas de inclusão digital da Prefeitura de São Paulo. 

Através desta jornada, buscamos:

  • Democratizar o uso das novas tecnologias que geram oportunidades de renda e emprego para um público que ainda tem acesso restrito a este tipo de conhecimento;
  • Promover uma real mudança de mindset, desenvolvendo nos participantes uma atitude flexível, proativa, colaborativa e, ao mesmo tempo, aberta para seguir aprendendo por meio de modelos à distância e multiplicar tais aprendizados;
  • Disseminar competências e habilidades exigidas para fortalecer economias de baixa renda através de processos autônomos e protagonistas; 
  • Compartilhar possíveis novos modelos de negócio que utilizem a informática como forma de atender concretamente às reais demandas e necessidades dos negócios de microempreendedores usuários dos Telecentros e Digilabs.

E sabe qual é a melhor parte disso tudo?! As capacitações já iniciaram com muito gás e feedbacks positivos! Por isso, queremos, além de divulgar essa nova iniciativa, celebrar o momento e agradecer muito a cada uma das pessoas envolvidas para tirar este projeto do papel! Em especial à Vereadora Janaína Lima que procurou a AdC para desenhar esta jornada e criar as pontes com a Secretaria Municipal de Inovação de Tecnologia (SMIT) para financiá-la. 

Para quem ficou ainda com um gostinho de quero mais, confere aqui os comentários que estão rolando dos participantes:

“Para mim, os exemplos reais de empreendedores, foi o que mais me surpreendeu. Gostei muito e achei bem legal a forma que vocês estão apresentando o curso”.

“(…) Os assuntos abordados são muito interessantes e, brilhantemente conduzidos, têm o poder de provocar a reflexão e o esforço no questionamento do que sei, do que não sei e estar atento para o que posso vir a aprender. Se instigam reflexões cujas respostas são concretas, realistas, complementados com comentários elucidadores”.

“(…) Conheci ferramentas de trabalho que nunca tinha usado”.

“Primeiro tenho que parabenizar este curso por estar capacitando nós agentes de inclusão digital ao atender uma classe que mais precisa com essa mudança tecnológica e infelizmente de forma mais rápido devido a pandemia (…)”. 

Gratidão demais aos envolvidos e também aos participantes que mergulharam nesta aventura com a gente!!!

Vamos Transformar o Mundo Juntos? #DiaDeDoar

Se você sente vontade de contribuir com alguma causa, o dia é hoje! <3

Neste primeiro de dezembro, milhares de pessoas em dezenas de países mobilizam-se para defender e apoiar organizações que atuam com impacto social – como a AdC! 🙂

Pessoas físicas, empresas, igrejas… todo mundo pode colaborar! Não deixe o dia de hoje passar em branco e faça parte da mudança! Juntos, construímos uma sociedade mais justa, igualitária e cheia de oportunidades para todos. 

Existem muitas formas de fazer parte desta ação e a doação em dinheiro é somente uma delas!

Você pode colaborar com:

O Natal está chegando… que tal presentear alguém querido e ainda colaborar com a causa da AdC?

A VOZ SOCIAL ABRAEL 
é uma ação criada pela Associação Brasileira das Empresas de Luxo e a Aventura de Construir. A parceria não é de hoje, e o resultado, desta vez, foi um bazar de luxo onde 100% do lucro das vendas será revertido para a AdC! 

Quer saber mais? Clique AQUI!

SEJA VOLUNTÁRIO!  <3

O tempo é uma das formas mais eficazes de doação. Aqui, na AdC, valorizamos cada voluntário que nos ajuda a seguir com a nossa missão!

Faça parte da transformação clicando AQUI. 

Faça uma doação diretamente para a AdC 🙂

A partir de R$30, você ajuda a AdC a seguir transformando os cenários do empreendedorismo de periferia.

Clique AQUI para doar.

E aí, vamos juntos nessa? 🙂

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