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Empreendedorismo feminino: desigualdade e novas oportunidades

O Brasil tem a 7º maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais. É o que aponta a pesquisa “Empreendedorismo Feminino no Brasil”, feita pelo SEBRAE e publicada em março do ano passado. Ao todo, são 24 milhões de mulheres empreendendo no país. 

Vale ressaltar que, apesar do número expressivo, ele ainda é inferior a quantidade de homens que empreendem – 28 milhões, no total, ainda de acordo com o estudo citado acima. Quando falamos sobre donos e donas de negócios, o cenário ainda é desigual: 9,3 milhões de mulheres para quase 19 milhões de homens. 

Igualdade de gênero é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS#5) da ONU, e, com isso, vale refletir: assim como no mercado de trabalho, mulheres são minoria no empreendedorismo. Por quê isso ainda acontece? 

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU

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Um novo ciclo aos ODS!!!

Como signatários do Pacto Global, a Aventura de Construir (AdC) está sempre atenta a este cenário. No último ano, o número de mulheres assessoradas cresceu expressivamente, passando de 59% para 71%. Uma delas é Adriana Barros, proprietária da ABarros Editora, que publica livros escritos a partir da visão de Arthur, seu filho autista. Seu empreendimento traz a possibilidade de dividir conhecimentos e experiências com mães e pais que, assim como ela, convivem com a condição em seu dia a dia.

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Série Elos de Impacto: As histórias por trás dos empreendimentos que transformam

Assim como muitas, Adriana leva uma dupla jornada: trabalhadora e mãe em tempo integral. Além disso, a empreendedora conta que novas dificuldades surgiram durante a pandemia de Covid-19. “O número de palestras vinha crescendo, as pessoas estavam começando a conhecer melhor o nosso trabalho e a nos chamar nas escolas. Estávamos vendendo ingressos para o primeiro grande evento do grupo, e as vendas foram a zero”, ressalta. 

Da direita para a esquerda: Adriana Barros e seu filho Arthur em assessoria presencial na AdC, antes da pandemia.  

Foi pensando em capacitar mais “Adrianas” que a AdC e Lamberti Brasil se uniram para tirar do papel o projeto Lamberti Transforma: Desenvolvendo Territórios, a ser executado em 2021 com o objetivo de reverter o cenário de desigualdade de gênero no empreendedorismo no território de imediata influência da empresa, dando suporte a mais negócios idealizados por mulheres por meio de capacitações e assessorias com foco em  alfabetização em informática para que este público aprenda a usar as novas tecnologias de forma humana, responsável e protagonista em iniciativas que promovam geração de renda.

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Existe futuro para a sustentabilidade dos microempreendedores no Brasil?

Para Silvia Caironi, Coordenadora Geral da Aventura de Construir, participar de uma iniciativa como esta é extremamente importante, uma vez que “um dos públicos atendidos pela AdC, mulheres com filhos que trabalham de casa, sofreu os maiores impactos e se tornou ainda mais vulnerável devido a crise de Covid-19. Esses dados nos interrogam profundamente: como reverter tal situação? Temos algo para propor em resposta? Nasce assim o projeto Lamberti Transforma. Trata-se de um desafio antes de tudo para nós, pois precisamos idealizar e desenvolver modelos de negócios através dos quais a tecnologia possa ajudar mulheres a gerar renda de forma sustentável e criativa.” 

Esperamos que, cada vez mais, iniciativas como esta sejam pensadas e colocadas em prática para que, em breve, o ODS#5 seja cumprido. 
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Sustentabilidade financeira por meio de cabelos, cachos e madeixas

O salão de cabeleireiro Lia Hair, atualmente é especializado em cabelos naturais com público majoritariamente afro. A maioria dos clientes são da região do bairro de Pirituba, zona oeste de São Paulo, onde está localizado o empreendimento.

O negócio começou em 2007, quando Maria Eliane e sua irmã resolveram abrir um salão de cabeleireiro em sociedade, voltado para serviços convencionais de cabeleireiro e com objetivo de sustentar suas famílias. Em 2015, a empreendedora começa a tocar o empreendimento com o auxílio de seu marido na parte administrativa e filhos: Caio, na divulgação em redes sociais e gerenciamento das mesmas e Carla, que ajuda na administração do negócio.

Com o apoio da família, Maria Eliane começa em 2015 uma reformulação em seus serviços, criando um novo modelo de negócio, totalmente voltado para cabelos naturais ondulados, cacheados e crespos. Os serviços contam com orientação para tratamento capilar sem químicas, além de elevação da autoestima das clientes por meio da conscientização e valorização da beleza natural.

Folhetos promocionais do Salão Lia Hair (Autor: Caio Caputo)

Com a mudança no modelo de negócio, o Salão teve que se reinventar, pois tinha que buscar um novo público e o futuro era incerto, então foi natural que os serviços diminuíram e o faturamento também, mas os principais questionamentos foram: quando teremos o retorno esperado? Será que há público para suprir as demandas do salão?

Mas, a transição para os serviços para cabelos naturais deu certo e a empreendedora passou a fidelizar clientes com essa nova demanda de serviços, tanto é verdade que o faturamento mensal médio vem crescendo, pois em 2019 ultrapassou os 10 mil reais. Atualmente, mesmo em meio a pandemia do Covid-19, o faturamento mensal médio do salão está em mais de 70% comparado ao período anterior a pandemia, ou seja, um número razoável para um salão que ainda não retornou seu trabalho de estética, como era antes do período de pandemia, além de ter parte de seus clientes com receio de sair de casa. 

O faturamento mensal dos meses de reabertura do Salão Lia Hair no ano de 2020, mostram a evolução que o empreendimento vem conseguindo em meio aos inúmeros problemas do período. No mês de agosto o faturamento foi de 48%, setembro 85% e de outubro, mesmo antes de fechar as contas do mês, já é maior que os meses anteriores, cerca de 89% comparado ao período anterior a pandemia.

Os números apresentados demonstram uma evolução, mas não retrata a situação complicada que essa família enfrentou, em meio a crise econômica provocada pelo Covid-19. 

No mês de fevereiro 2020, Maria Eliane e Ilson Caputo buscaram ajuda para a gestão do negócio na sede da Aventura de Construir, em que relataram a dificuldade em gerir principalmente as finanças do salão.

Em meados de março de 2020, o decreto municipal pede o fechamento dos comércios de maneira presencial, situação que afeta diretamente as finanças e atuação do salão Lia Hair, pois os serviços capilares são realizados presencialmente, o que fez parar totalmente as atividades e consequentemente o faturamento do empreendimento.

Sem poder contar com os recursos advindo do salão, o casal Maria Eliane e Ilson pensou em realizar outra atividade, mas também não podiam sair de casa, já que estavam no grupo de risco da doença. A filha do casal havia saído do emprego recentemente e o filho, Caio, trabalhava com a gestão de marketing do salão. O que fazer diante desta situação?

A família buscou orientação na Aventura de Construir, por meio de assessoria jurídica e empresarial para enfrentar a crise. As assessorias jurídicas contribuíram na negociação do aluguel. As orientações empresariais foram cruciais, para que Maria Eliane participasse de projetos para campanha de doações financeiras (Matchfunding Enfrente e LEVILA), além do Fundo Emergencial para Mulheres Empreendedoras – FEME (Fundação Casas Bahia), Fundo de Apoio a Empreendedoras Periféricas (Grupo Pão de Açúcar/ Fundação Tide Setúbal) e o Auxílio do governo federal.

Os recursos captados totalizaram cerca de R$ 12.700,00 no período de abril a setembro de 2020. Uma média de R$ 2.000,00 por mês para enfrentar a crise econômica e o período de isolamento social. Os recursos conseguiram manter a família em suas necessidades básicas para poder retomar suas atividades, que voltaram em julho de maneira parcial, com serviços realizados apenas por meio de agendamentos e segurança sanitária necessária.

Por fim, Maria Eliane fez a transição de seu modelo de negócio com o objetivo de melhorar a vida e a autoestima de mulheres que não aceitavam seus cabelos naturais. Hoje está se concretizando no mercado da região de Pirituba como uma das referências em cabelos naturais. Embora o crescimento financeiro esteja ainda abaixo do mesmo período do ano de 2019, os últimos meses mostraram uma evolução nos números, que apresentam a sustentabilidade financeira do negócio. Este caso retrata bem, as dificuldades enfrentadas por empreendedores de todo o país e mostra também a importância do apoio aos empreendedores de pequenos negócios, seja em período de crises ou não.

Fim de um ciclo, início para novos negócios: valeu…

A jornada de capacitações do curso A Realidade Empreendedora foi concluída com muitos aprendizados! Conheça mais sobre os resultados deste projeto.

No final de setembro a equipe da AdC se debruçou na elaboração do relatório final do curso “A Realidade Empreendedora”. O trabalho realizado foi um convite para a reflexão de uma realidade que está em constante mudança.

Da elaboração a execução de um projeto existe uma trilha minuciosa a ser percorrida. Estratégias são criadas para que todas as ações ocorram como está previsto no cronograma. Mas parece que o ano de 2020 embaralhou alguns planejamentos.

Se no começo do ano a equipe da AdC estava fazendo, presencialmente, o reconhecimento dos espaços onde em breve aconteceriam as capacitações do curso “A Realidade Empreendedora”, na metade de março, a equipe  passou a realizar suas atividades remotamente em decorrência da pandemia do novo Covid-19 e o projeto ficou suspenso por um curto período…

A realidade nos convidou  a  “aprender a aprender” – e a AdC refletiu profundamente sobre sua própria missão levando em consideração o contexto atual e as novas (e não tão novas) necessidades do pequeno empreendedor periférico. 

Refletir sobre a própria missão é uma forma concreta de entender ainda mais o trabalho realizado. Esta ação permitiu avançar com fôlego, criar com potência e fundamento, novos caminhos. 

E este caminho abriu possibilidade para adaptar o projeto presencial “A realidade empreendedora” para o online. 
Com criatividade, ímpeto, e muito estudo saiu algo atento às novas necessidades. Algo que jamais seria possível se não fosse a confiança do ICCP na AdC.

Foram mais de 20 capacitações, 2 aulas totalmente especiais com a equipe do ICCP, 30 sessões de assessoria e envolvimento de mais de 15 voluntários altamente capacitados durante as atividades.

89 participantes assistiram pelo menos 1 aula desde o começo do curso, e 39 atingiram frequência igual ou superior a 70%. 

Para quem vivenciou o cotidiano deste projeto é fácil identificar as tendências gerais dos participantes: as perguntas recorrentes, a evolução, os pontos de melhora. Porém, como podemos validar estas impressões e compartilhar com os demais?

É fundamental entender se um programa social melhora a vida dos seus beneficiários e mensurar o quanto o projeto gera de impacto na população atendida e por isso, a AdC  avalia o impacto das suas atividades desde 2015.

Para realizar esta avaliação no projeto “A Realidade Empreendedora” os participantes responderam 2 questionários: o inicial, realizado em junho de 2020, e o final, em agosto do mesmo ano. 

As perguntas eram referentes ao empreendimento durante os meses de maio e agosto de 2020. E alguns dos temas abordados foram: receita e lucro mensal, controle financeiro, planejamento e cumprimento de metas, divulgação do negócio, objetivo de impacto (relacionado a consumo consciente), etc. 

A análise comparou a média dos indicadores pré-pós projeto dos 39 participantes que atingiram frequência igual ou superior a 70%. 

E o resultado?

Para melhor visualização, seguem abaixo três gráficos:

O gráfico 1 mostra que:

  • A variação de Faturamento foi de 40,33% a mais no fim do projeto;
  • A variação de Lucro foi de 39,40% mais no fim do projeto;
  • Os resultados mostram essa variação mesmo com o funcionamento parcial dos empreendimentos em decorrência da pandemia do Covid-19.

O gráfico 2 evidencia que:

  • Houve a necessidade de aumentar a divulgação nas mídias devido ao aumento do e-commerce;
  • Aumentou o registro de gastos e recebíveis devido ao foco dado nas capacitações para registros financeiros;
  • Aumentaram as dívidas e diminuição de número de funcionários por conta da crise.

O gráfico 3:

  • Pelo menos 10 pessoas reduziram o consumo de água e energia nesse período;
  • Pelo menos 15 pessoas passaram a registrar gastos financeiros;
  • Cerca de 10 pessoas passam a observar mais os aspectos sociais do bairro.

Os resultados são positivos, mas estamos longe de achar que a jornada empreendedora acabou. É preciso sim celebrar, mas sem perder de vista o foco constante na evolução. 

E para não perder de vista as potências deste belo projeto, compartilhamos algumas das dicas valiosas de voluntários e da equipe da AdC para todos os empreendedores:

Segundo o voluntário José Maurício (especialista em gestão de recursos humanos e logística): “Nesta situação atual eu destacaria a necessidade de entender o contexto e buscar ser criativo dentro das necessidades do momento. Porque não adianta você ter uma super ideia se ela não é aplicável naquele momento e às vezes tudo o que precisamos é de algo simples, mas que atenda as demandas do momento. Aquela coisa de não querer reinventar a roda quando a roda que temos atende nossas necessidades.”

Franklin Menezes, consultor da AdC, relembra ações fundamentais para garantir a sustentabilidade financeira do empreendimento:

Dica 1: Separe as finanças pessoas da finança do negócio!

Dica 2: Estipule um salário (pró-labore).

Dica 3: O negócio precisa ter independência, por isso, faça o planejamento financeiro, realize o controle de entradas e saídas para que você consiga fazer seu planejamento diário e mensal.

Dica 4: Elabore orçamento para que você consiga fazer projeções mensais e tome decisões fundamentadas para seu negócio.

Fica 5. Planilha sem análise não adianta! Separe 30 minutos do seu dia para realizar a contabilidade, o controle financeiro de seu negócio. 

Laila da Silva Covolan (Agência São Francisco – Comunicação e Marketing) foi participante assídua do curso e durante a jornada empreendedora se transformou também em uma voluntária fantástica, compartilhando seus conhecimentos com os colegas de sala.

A publicitária compartilha:

“Minha agência chama-se São Francisco porque eu sou louca pela vida dele! Acho que ele é um mega exemplo e tem uma frase que resume muito, tanto sobre marketing porque é muito a questão de sair da zona de conforto, como sobre empreender… A citação é assim:

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.” (São Francisco de Assis)

Eu fico imaginando quantas pessoas quando começaram o curso pensavam que empreender era impossível? E a Aventura de Construir mostra muito esse caminho!

Comece fazendo o que é possível, aí você faz o curso e aprende o que é necessário e de repente aquilo que parecia impossível se transforma em realidade.”

É minha cara Laila… e esta realidade só se tornou possível pela dedicação da equipe, voluntários e claro… os empreendedores. Sem a abertura e o protagonismo de cada um, não existiriam resultados positivos e nem realidade empreendedora.

A AdC aprendeu demais com cada pedaço deste projeto… a cada vivência. 

Dividimos algumas lições aprendidas com vocês:

Com a pandemia tivemos que nos reinventar e, para seguir acompanhando os microempreendedores, adaptamos o projeto para ser executado de modo remoto (1ª lição).

A mudança não movimentou apenas a AdC, moveu também os participantes que se viram imersos em outra realidade… Para alguns um pouco mais familiar, para outros… muito distante.

A equipe da AdC aprendeu mais uma vez a eliminar a palavra “óbvio” de seu vocabulário, pois só assim é possível criar um ambiente seguro de aprendizado. Todas as perguntas são importantes (2ª lição). 

Sabemos que o engajamento dos participantes em um curso presencial se realiza principalmente com as capacitações e nos espaços entre uma e outra. Para um curso online esta segunda dinâmica é ainda mais pertinente e  foi vivenciada na prática (3ª lição).

A criação de vínculos e o conhecimento que o projeto possibilitou transborda as salas cibernéticas do Zoom (4ª lição) e se expande para fora das telas …

Num momento como este, construir conjuntamente é crucial! Esta jornada foi a possibilidade de verificar que quanto mais o financiador, o intermediário e os beneficiários estão unidos, mais se consegue responder de forma abrangente e profunda a uma necessidade! 

Gratidão ICCP por acreditar em nós e fazer esta jornada tão viva!! 

A expografia Identificam-se Protagonistas chegou ao fim, mas segue…

O uso livre da imaginação pode criar infinitas narrativas, e são estas narrativas que dão voz a boas histórias. Este foi o ponto de partida da expografia Identificam-se Protagonistas, realizada pela Aventura de Construir nas estações do Metrô, Via Mobilidade e ViaQuatro de São Paulo entre dezembro de 2019 e setembro de 2020. 

Pelas lentes do fotógrafo Diego de Jesus, o que antes era só um projeto ganhou vida! Seu trabalho, que pode ser visto também na matéria “Nossa missão através das lentes de Diego de Jesus, publicada no blog da AdC, captou a rotina de diversos microempreendedores das periferias de São Paulo que foram – e ainda são – impactados pelo nosso trabalho. 

Resgate e entrega: para Diego, este foi o significado da expografia. “No meu modo de ver, as pessoas que estão em mais vulnerabilidade são as que desfrutam mais dos prazeres do empreendedorismo, e, além disso, os microempreendedores de comunidade misturam tudo isso com amor (…). Fazer este trabalho com a AdC me trouxe a certeza do que eu quero seguir e com que tipo de pessoas eu gostaria de trabalhar”, pontuou o fotógrafo. 

Anderson Roberto da Silva (marido da Janaina Aparecida da Silva), fabricação e comércio de móveis em Cajamar.

Quando o assunto é impacto social, a técnica por si só não é suficiente. O que realmente faz uma história ser contada do jeito que ela é, na realidade, é a capacidade de se colocar no lugar de quem narra. “Como sou microempreendedor de periferia, entendo que isso é uma luta particular. Eu sei como é estar na pele deles”, afirma Diego.

Mais uma vez, sem o apoio de nossos parceiros, a mostra não teria saído do papel. A ViaQuatro e ViaMobilidade, do Grupo CCR, foram peças chaves para que o projeto fosse o sucesso que foi. Para o grupo, sustentabilidade é um compromisso: “Apresentar a exposição foi uma ação que reforçou o nosso compromisso com o fortalecimento da sociedade. Mostrar esses protagonistas representados de forma digna e forte, indicando a atividade que eles se dedicam, pode servir de inspiração ou incentivo para que outras pessoas possam seguir por esse caminho”.  

A pandemia de Coronavírus pegou todos de surpresa e o momento, apesar das incertezas, também é de reflexão. Todos os dias, milhares de pessoas transitam no transporte público subterrâneo e, mesmo diante do cenário, para ambas empresas a expografia foi, também, inspiradora. “A pandemia teve e continua tendo um forte impacto sobre todos nós e a ação de empreender pode ser uma alternativa de sobrevivência para algumas pessoas neste momento. Quem sabe um dos exemplos de empreendedores mostrados nas exposições, que ocorreram entre março e abril, no início do período de isolamento social, possa ter lançado essa ideia de empreender para outras pessoas?”

Camila Rosa de Lima, produção e venda de cosméticos naturais na Lapa de Baixo.

Para o Grupo CCR, o recado aos microempreendedores é: vivam seu caminho! “Vivam seu caminho enquanto nós trabalhamos para proporcionar uma viagem segura e confortável para que cada um possa se dedicar aos seus projetos”.

Mais uma vez, fica aqui o nosso MUITO OBRIGADO a todos que se dispuseram a ouvir a Aventura de Construir e embarcar nesta jornada conosco. 

Conheça o trabalho de Diego de Jesus aqui; e para acompanhar o Grupo CCR, assim como as empresas ViaQuatro e Mobilidade, acesse: http://www.grupoccr.com.br/

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A teoria da mudança no outro normal

Em participação do evento “Prosa de sexta – Teoria da mudança” realizado por videoconferência pela Consultoria Quintaessecia, o especialista em inteligência organizacional, Dov Rosenmann, apresentou o conteúdo voltado especificamente para organizações do 3º setor.

Mas o que é, afinal, a Teoria da Mudança?

“A Teoria da Mudança é essencialmente uma descrição abrangente e ilustrativa de como e por que uma mudança desejada deve acontecer em um contexto particular. Ela é focada em mapear ou “preencher” a lacuna (gap) entre o que um programa ou iniciativa de mudança faz (suas atividades, intervenções) e como isso determina que os objetivos desejados sejam alcançados” (TheoryofChange.org).

A participação do consultor da Aventura de Construir (AdC) Franklin Menezes no evento, mostra que a instituição está atenta aos novos conceitos e as mudanças estabelecidas pelo mercado. A participação na conferência teve como foco o entendimento da metodologia para a aplicação em possíveis novos projetos.

Eventos como este contribuem para o constante exercício da reflexão sobre o papel da AdC, ainda mais em um cenário tão urgente quanto este.

Como os objetivos devem ser traçados para o período de pandemia e pós pandemia? Como devemos atiçar os sentidos para entender profundamente as dificuldade dos empreendedores acompanhados pela AdC?

A Teoria da Mudança trouxe reflexões concretas para as alterações que ocorreram e ainda estão ocorrendo neste período de pandemia.

Desde a metade de março de 2020, a equipe da AdC passou a realizar suas atividades de forma remota em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Com muito ímpeto, responsabilidade, troca de experiências e estudo, a equipe conseguiu continuar com o acompanhamento de seus beneficiários, incluindo o aprendizado de novas competências como o acesso a tecnologia. 

Não foi fácil e nem era para ser, afinal, lidar com pessoas é algo vivo. E há muita beleza nisso. Pessoas que no começo, diziam não saber usar a ferramenta Zoom (plataforma de videoconferência) hoje utilizam sem problemas. As pessoas mudam.

Neste período, as assessorias remotas mostraram uma tendências: os beneficiários estão cada mais cientes de suas necessidades. E isso é fundamental para avançar e criar estratégias de como superá-las. 

Refletir é um hábito recorrente da equipe da AdC, e refletir sobre a própria missão é uma forma concreta de entender ainda mais o trabalho realizado. Esta ação permite avançar com fôlego, criar com potência e fundamento novos caminhos. 

Ao se debruçar sobre os 7 pilares metodológicos da AdC, pode-se perceber alguns pontos que foram fundamentais para refletir e responder às necessidades encontradas. Pontos que transparecem fortemente na atuação prática junto aos empreendedores e são eles: 

  1. Partir da realidade
  2. Gerar protagonismo acreditando na centralidade da pessoa
  3. Atuar em rede e criar pontes

Ao partirmos da realidade de um empreendedor para identificar suas necessidades, motivamos e conscientizamos a importância do seu protagonismo, com isso, o empreendedor passa a fazer redes de contatos efetivas e cria pontes que ajudam na continuidade de seu negócio.

O caso do agricultor de hortaliças orgânicas, Edvaldo dos Santos é um exemplo desses pilares, que viu seu contrato com a prefeitura ser congelado e sem previsão de retorno no período de crise, o que fez o rendimento do seu negócio cair de forma drástica, passando a contar apenas com poucas vendas de hortaliças para o seu sustento.

Com o apoio da AdC, Edvaldo se conscientizou de que precisava ser protagonista da sua própria história. Durante as assessorias, surgiu a oportunidade de enviar um projeto para a Plataforma de financiamento coletivo Matchfunding Enfrente, lançado pela Fundação Tide Setubal em parceria com a Benfeitoria, para responder às demandas da nova realidade imposta pela emergência do COVID 19.

Edvaldo atuando em rede para implementar seu projeto

Esta oportunidade contemplou vários empreendedores acompanhados pela AdC. Para Edvaldo, o projeto deveria responder não só às suas necessidades, mas também daqueles que estavam em seu entorno passando por muitos outros desafios.

O projeto “Alimentação Orgânica para a Sociedade” foi aprovado, as doações recebidas ultrapassaram o valor de R$18.000,00. Com essa iniciativa o Edvaldo pode ajudar 10 pessoas desempregadas, além de fazer rede com 9 agricultores da região e ainda pode distribuir mais de 2.000 mil hortaliças e levar alimento para mais de 4.000 mil pessoas.

A Teoria da Mudança é uma metodologia colaborativa que trabalha com um mapa que mostra todos os caminhos possíveis para chegar no objetivo futuro, mas é utilizado apenas o caminho mais eficiente para chegar lá.  

A AdC vem percorrendo caminhos em meio ao outro normal com criatividade e atenção aos empreendedores, para buscar soluções que atendam a essas novas demandas,  então a Teoria da Mudança surge para nós como uma metodologia eficiente, que poderá fazer parte do nosso mapeamento e assim traçar trilhas que nos levem aos objetivos e as novas demandas.

Por fim, com a prática de “olhar para dentro”, ou seja, em busca de aperfeiçoar sua gestão, a AdC traz a Teoria da Mudanças como complemento aos seus pilares metodológicos e consequentemente a orientação aos empreendedores assessorados, na busca de novos desafios. Esse método pode ajudar organizações de vários setores, inclusive do 3º setor, a buscar novos objetivos em meio ao período de incertezas imposto no mercado atual.

ALTIS, da Universidade Católica de Milão, fala de nós

ALTIS, da Universidade Católica de Milão, fala de nós

Altis – Alta Escola de Negócio da Universidade Católica de Milão – fez uma materia sobre o projeto de micro empreendedorismo nas periferias de São Paulo da Aventura de Construir e sobre o nosso método para a avaliação de impacto: original em italiano,  versão em inglês.

Silvia Caironi

Mensagem de Natal da Aventura de Construir

Caro leitor,
Há anos que valem por três…
Este 2016 foi assim para o Brasil, e também para nós da Aventura de Construir. Portanto, pensamos de retomar neste blog os momentos mais significativos junto com algumas imagens que publicamos em nossas mídias sociais e nosso site durante o ano.

FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL

  • fizemos o nosso primeiro gesto público na Semana de Investimento Social do GIFE
  • auditamos o balanço patrimonial de 2015 e publicamos nosso relatório de atividades
  • continuamos aumentando os empreendedores atendidos (1200 só neste ano, 25% deles novos) e estreitando ainda mais os laços: algumas dezenas se associaram formalmente a Aventura de Construir, para construi-la juntos. Para sustentar este esforço começamos a aceitar voluntários para trabalhar conosco.

ENCONTROS MARCANTES

  • encontramos grandes pessoas: Aron Zylberman, diretor executivo do Instituto Cyrela, uma das principais fundações sociais brasileiras,
    Cássia D’Aquino, uma das maiores especialistas brasileiras em Educação Financeira, Carlos Ferreirinha, Presidente da MCF Consultoria, “guru” do luxo… Foi interessante – para nós e para elas – ver quantas descobertas surgem quando mundos tão diferentes começam a dialogar. Precisamos de verdade de pontes!

  • temos que dar um adeus: Claudio Pastro, grande artista e grande amigo, que faleceu há poucos meses. O silêncio maravilhado dos empreendedores nas suas palestras continua inesquecível.

MAIS EXPOSIÇÃO

Foi um ano de grande abertura e trabalhamos muito para fazer conhecer as exigências dos empreendedores que atendemos: além do Facebook, abrimos a conta no Instagram e até rádios e televisões começaram a tocar no assunto.
Há 12 meses lançamos o nosso site, que agora recebe rotineiramente 5000 visitas semanais.

APOIE MICROEMPREENDEDORES

A última adição é a página na qual se pode apoiar financeiramente a Aventura de Construir, doando capacitações ou assessorias: que tal nesse Natal experimentar doar uma dose de coragem, uma fatia de persistência, um baú de protagonismo?

ALGUMAS LIÇÕES APRENDIDAS DE 2016

  • Convidar palestrantes de alto nível cria pontes e promove o diálogo de duas vias entre o “mundo deles” e o “mundo dos micro-empreendedores” e isso permite enxergar diversas e novas possibilidades de crescimento de negócios e humano – como se tirasse uma venda que cobria aos olhos de todos. Portanto, esse é definitivamente um caminho a ser seguido.
  • Por outro lado, consolidamos uma maneira mais horizontal de realizar as palestras que resgata o conhecimento dos beneficiários, permite maior troca de experiências e informações entre eles e avalia o nível de aprendizado dos novos conteúdos propostos.
  • Na área de Assessorias e Mentorias, a maior lição deste ano foi a necessidade de ensinar criatividade e resiliência nos negócios para conseguir encarar e superar a recessão e a alta competitividade, além de oferecer uma visão estratégica das mudanças do nosso tempo para preparar o microempreendedor para elas.
  • Nas atividades do Sistema de Avaliação de Impacto, nos demos conta que só um trabalho que atinge a uma demanda real pode ao longo dos anos mostrar resultados tão valiosos, inclusive quantitativamente. A lição é escolher o que medir e medir com pragmatismo.
  • Na área de Comunicação, podemos destacar a necessidade de uma comunicação progressivamente mais alinhada com a estratégia da instituição e mais integrada entre as suas diversas ferramentas, sempre visando passar a unicidade, a originalidade e o propósito de existir da Aventura de Construir para seus diversos públicos.
  • Na área de Sustentabilidade e Relações Institucionais, o maior aprendizado foi não desistir de semear, através do fortalecimento institucional, da elaboração e apresentação de projetos e da criação de novos e duradouros relacionamentos.

Estamos ainda mais convencidos depois deste ano 2016 que o diferencial que a Aventura de Construir oferece para a realidade do micro empreendedorismo na baixa renda existe através do relacionamento one-to-one e do acompanhamento a 360°, os quais foram apreciados por vários profissionais que chegavam do Brasil, mas também de outros países, e que no tempo será valorizado por ser a única forma de gerar uma mudança mensurável e de longo prazo no protagonismo das pessoas.

Sabemos que, assim como para nós da ADC, para muitos no Brasil foi um ano de semear muito … que o 2017 seja um ano de alegria e de colheita!

Feliz Natal!

Silvia Caironi

Como fortalecer o seu projeto social

No mundo do Terceiro Setor, quando falamos de fatores críticos para o sucesso de um projeto de desenvolvimento as primeiras coisas que nos vêm à mente são os eixos tradicionais de gerenciamento de um projeto, como cronogramas, orçamentos, se o escopo do projeto está claro, quem será a equipe que vai executar o projeto, como se dará o monitoramento e avaliação – a lista é longa e pode ser complementada com metodologias como o PMI. Para a Aventura de Construir estas questões sempre foram levadas bem a sério, basta lembrar-se das dezenas de relatórios trimestrais realizados esmiuçando estes temas e muitos outros.

O que pouco se encontra a respeito dos fatores de sucesso de um projeto é a respeito da participação dos beneficiários em sua execução, para além da criação do seu escopo. Foi diante desta constatação que passamos a olhar mais de perto as experiências com as quais temos parcerias, e foi através da Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo (ATST-SP) que encontramos o caminho mais recentemente trilhado para fortalecer a efetividade do nosso projeto: nós passamos a aceitar o pedido de inclusão de microempreendedores como Associados Colaboradores da Aventura de Construir.

A ATST-SP é uma associação que aglomera pessoas interessadas em comprar coletivamente grandes porções de terra nas periferias da cidade de São Paulo, loteia o terreno e ajuda que cada pessoa construa sua própria casa com um pequeno projeto civil. O processo todo pode levar anos e durante este tempo os interessados em adquirir o terreno participam de reuniões sobre o andamento do processo de compra, mas que também trazem um juízo sobre aquela luta pessoal que cada um está individualmente e coletivamente desenvolvendo. É estando junto dos beneficiários todo o tempo em reuniões quase diárias que a ATST-SP consegue não só entender melhor o seu público alvo, mas também fazer com que eles se apropriem da ATST-SP. Essas ações são uma via de mão dupla, em que os beneficiários participam da execução do projeto e em que a organização consegue ter cada vez melhor consciência sobre os verdadeiros desafios do projeto.

A Aventura de Construir entendeu que era preciso ir a fundo, pois além de trazer o Associado Colaborador formalmente para a Associação era preciso criar novos mecanismos de contatos, além daqueles já existentes. Dessa forma, o Associado Colaborador tem acesso a encontros exclusivos com os dirigentes da Aventura de Construir e com nossa rede ativa de parceiros em que poderão aprofundar seus conhecimentos sobre temas de negócios, de desenvolvimento humano e em que haverá troca de experiências reais. Devido ao valor reconhecido em nosso trabalho, ele também se torna um promotor do projeto para seu bairro e seus conhecidos. Tudo é parte de um processo educativo que objetiva o desenvolvimento do empreendedor em protagonista do seu futuro, inclusive nos projetos sociais dos quais se beneficia.

Claro, há sempre requisitos básicos para a criação de uma associação, como um trabalho em grupo sério e constante, uma boa equipe e corpo diretivo, bem como um financiador que confia no trabalho desenvolvido porque vê resultados concretos na melhoria de vida e de trabalho do seu público alvo, como no caso da Aventura de Construir. Os desafios também não faltam, como as dificuldades burocráticas que surgem no meio do caminho e um processo de amadurecimento necessário a todos os envolvidos que só chega com o tempo.

Leve em consideração, caro leitor, no entanto, os benefícios de ter o seu publico alvo tão próximo no cotidiano do seu projeto de desenvolvimento. A presença deles é inestimável e sua ausência deve verdadeiramente ser levada mais a sério ainda.

Silvia Caironi

Suporte a microempreendedores de baixa renda: impacto real ou…

Somos criaturas de hábito, e mudar de hábito é difícil: requer convicção, esforço, determinação e, como cantava Ringo com os Beatles, um pouco de ajuda dos amigos.

Nós e os microempreendedores que ajudamos não somos exceção. Saber como fazer o mínimo de contabilidade necessária é uma coisa, anotar todas as vendas e despesas e gastar a manhã de sábado para avaliar como foi a semana no seu negócio, é outra. Infelizmente, é a segunda que traz um efeito positivo.

Além dessa dificuldade comum, os empreendedores que atendemos têm tipicamente outros impedimentos: alergia a matemática (mas isso, pensando bem, acontece em qualquer camada social), às vezes analfabetismo, fragilidade familiar (quantos pais ausentes e mães solteiras).

Naturalmente, não atuamos como babás de ninguém, mas nos damos conta que para impactar de verdade esse público-alvo é preciso de uma ajuda que vai além do ensino de técnicas e competências. Uma palestra de duas horas ou um ciclo de 10 palestras de duas horas, não muda nada. Se uma dessas gera UM momento “a-há!” em alguém, já estamos no lucro. Oferecendo ciclos de palestras, acompanhamento constante, insistência sobre os fatores críticos de cada um – no tempo – pequenas mudanças para melhor acontecem: uma placa bem legível, um nome memorável, as contas da loja separadas daquelas da família… Os nossos pais sabiam: água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Essa companhia é essencialmente de pessoa para pessoa, e não tem mágica: é preciso de muito tempo e, para organizações com recursos limitados, os números que se podem colocar no site não são muito sexy. Seria possível inchá-los, focando em ações mais superficiais, mas qual seria a verdadeira utilidade?

Nós preferimos enfrentar o problema real e atravessar a nossa encruzilhada: como escalar? Entramos em contato com 2.000 empreendedores em três anos, geramos alguma mudança em 400: como atingir 20.000 deles sem aumentar na mesma medida o número de funcionários?

Pensamos em rede de voluntários atuando como mentores, assumindo assim o desafio de capacitá-los para garantir a inteligência emocional necessária e o foco metodológico da Aventura de Construir, com o microempreendedor ao centro como protagonista. Pensamos em fomentar redes de microempreendedores para oferecer suporte recíproco, mas encontramos uma desconfiança mútua profunda entre eles, embora – ultimamente – com novos pequenos sinais de abertura.

São tentativas orientadas a privilegiar melhorias de impacto real a qualquer estatística bacana e útil para o nosso marketing social.

Silvia Caironi

10 dicas para a Avaliação de Impacto do seu…

Você não dirigiria o seu carro sem o painel de controle, não é?

Do mesmo modo você não dirigiria o seu programa social sem entender se as suas ações estão melhorando a vida do seu público alvo.

Simples assim, essa é a razão pela qual cada dia mais se fala de Avaliação de Impacto. Não é só medir quantos livros foram distribuídos ou horas de aula ministradas em uma iniciativa de apoio, mas medir quanto recuou o analfabetismo na região, e se recuou devido ao programa ou por outras causas.

Um programa de avaliação de impacto aumenta fortemente a transparência dos projetos sociais, mostrando se os recursos de fato ajudam os destinatários ou se servem apenas para a auto conservação da organização pública ou privada que os gerencia. Para a realidade do terceiro setor isso está se tornando fundamental mesmo para a arrecadação de fundos e a sustentabilidade do projeto. Um estudo recente sobre filantropia na América Latina feito pelo Hauser Institute da Harvard Kennedy School monstra claramente que, com o foco passando da caridade para a mudança, muitos recursos são disponibilizados só com a presença de planos que possam evidenciar quantitativamente os resultados a ser alcançados.

Implementar esses planos não é, porém, nem fácil nem barato. ONGs e órgãos públicos normalmente não tem as competências estatísticas necessárias e os recursos para a coleta dos dados.

A Associação Aventura de Construir é uma realidade pequena, mas obcecada em realizar uma melhoria real na vida dos microempreendedores de baixa renda das periferias de São Paulo (por enquanto), agindo com o máximo profissionalismo, realismo e parcimônia.

Começamos o nosso trabalho em 2012 com um questionário envolvendo cerca 150 indivíduos para entender as principais exigências não atendidas, desde o início registramos todos os contatos com o público alvo para poder chegar a indicadores gerenciais (“Quantas pessoas participaram das nossas palestras? Quantos participaram uma, duas, três vezes?” “Quantos receberam uma consultoria individual?”), e – depois da primeira fase de start-up – começamos seis meses atrás o nosso programa de avaliação de impacto, definido com a ajuda da Kellogg Institute da Notre Dame University, da ALTIS, da Universidade Católica de Milão, e da Comunitas de São Paulo. Para mais informações sobre o nosso programa de avaliação de impacto, leia aqui.

Foi um caminho desafiante, e gostaríamos oferecer algumas poucas dicas para facilitar quem está considerando começar agora:

  1. Pense bem se você quer fazer: nós gastamos 9 meses/homem para definir e fazer a pesquisa de linha de base, mais duas semanas homem cada 6 meses para reaplicar o questionário a 70 sujeitos impactados do nosso trabalho e a 40 empreendedores do grupo de controle.
  2. Se quer fazer, contrate um estatístico: mais cedo ou mas tarde você vai pedir sua ajuda, e pode ser tarde demais. O estatístico é fundamental para definir o que e como medir, não só na analise dos dados coletados.
  3. Contratando ou não um estatístico, leia “Avaliação de Impacto na Prática“. É gratuito, é em português, é feito pelo Banco Mundial, é simples e explica os fundamentos que até gerentes podem entender.
  4. Na medida do possível, defina os seus processos antes: como lidar com valores extremos (outliers)? Como substituir sujeitos que saem dos grupos de pessoas de impacto e de controle? Se você reage ao longo do caminho, a tentação de adaptar as regras aos resultados desejados é forte, e avaliadores externos sempre vão suspeita-lo.
  5. Cuidado com os fatores de confusão: se as receitas melhoram pode ser devido ao trabalho de vocês ou pela melhoria geral da economia. Sem um grupo de controle bem escolhido nem vale a pena fazer avaliação de impacto.
  6. Não poupe recursos na coleta de dados inicial (a linha de base): sem conhecer o ponto de partida é impossível medir progresso. Nas perguntas e no número de entrevistados é melhor errar por excesso: você sempre vai descobrir coisas inesperadas.
  7. Na avaliação periódica seja gentil com os seus entrevistados: nessa fase limite ao máximo as perguntas. Roubar mais que 5 minutos para responder é má educação, e aumenta o número de quem sai da pesquisa (e isso vai afetar a qualidade dos seus resultados).
  8. Faça perguntas simples e com respostas objetivas: não “Você gosta ler?” mas “Quantos livros você leu no último mês?”
  9. Considere um período de warm-up: no começo haverá muitos problemas inesperados (na coleta, na elaboração, na interpretação) que devem ser acertados antes de produzir resultados comparáveis. Nós realizamos 3 levantamentos testes com intervalo de três meses antes de considerar o programa consolidado.
  10. Na análise, não espere dos números mais do que eles podem oferecer:
    • “Não tudo o que é importante pode ser medido, e nem tudo o que pode ser medido é importante”: o objetivo da medição de impacto é relatar causa e efeito. Os números não podem fazer isso: podem provar ou desaprovar uma hipótese, nunca criar uma do zero, então não se esqueça de ficar atento ao seu público e coletar informações qualitativas. Eles ajudarão o seu “insight”.
    • a primeira coisa que se aprende no ensino técnico é que cada medida tem erros. Vale para medir pedras, imagina para respostas de humanos!
    • cuidado com as médias: antes de tirar conclusões dê uma boa olhada em todos os pontos. Um valor anormal (ou um erro de transcrição!) ou as médias podem contar uma história completamente diferente da realidade.

Última nota: Goodhart, um economista inglês, virou famoso pela sua lei: “Quando uma medida vira um objetivo, cessa de ser uma boa medida”. Com toda a pressão sobre os resultados, se corre o risco de agir – conscientemente ou não – em prol da melhoria dos indicadores, e não para o bem estar do público alvo. Ética é também lembrar que os números descrevem a realidade, mas nunca podem tomar o seu lugar.

Silvia Caironi

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