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AdC Entrevista: Kalil Farran (parte II)

Depois da entrevista oficial que realizamos com Kalil Farran, ainda fomos presenteados com mais uma conversa descontraída para aprofundar alguns temas já abordados por ele!

Kalil Farran é Consultor Autônomo em Estudos e Projetos Socioambientais e ex- Diretor Executivo do Instituto Camargo Corrêa, sendo responsável pelo investimento social privado da CCInfra e de seus parceiros.

Confira abaixo os melhores trechos dessa conversa!

O que você achou das perguntas da nossa entrevista? Gostaria de aprofundar um pouco mais sobre alguma das suas respostas?

Eu posso falar um pouco, pois essas questões estão bastante interligadas. Eu acredito muito que esse momento tem uma característica ímpar para as empresas, que começam a perceber que seus negócios estarão comprometidos se a sociedade não estiver saudável. E isso está ficando cada vez mais claro. Me assusta a quantidade de empresas fechando em qualquer lugar que vou hoje, seja um lugar pequeno, médio ou de grande porte. E são muitas empresas saindo do país… Ou seja, a perspetiva não é tão boa. As empresas precisam ter neste momento um foco mais amplo, com uma visão um pouco mais holística, que não descole de seus negócios a saúde da sociedade. Eu também acredito que essa situação de vulnerabilidade está numa escalada, pois antes a gente tinha muito claro como identificar o vulnerável através de indicadores e dados oficiais, mas hoje essa escada se ampliou. Você percebe profissionais que estão deixando ou que perderam suas atividades. É a mesma coisa que aconteceu nos anos 1990, quando do dia para a noite a empresa que eu trabalhava demitiu 3000 funcionários. A gente via a inteligência saindo pela porta da empresa. E o que aconteceu? Grande parte desses funcionários acabaram abrindo pequenos negócios… Naquela época se falava muito do “engenheiro que virou suco”, hoje a gente tem clareza que ele virou Uber. Tem uma perda de capacidade de consumo da população e também do governo em investir em grandes projetos. 

Você enxerga alguma responsabilidade, um papel do Terceiro Setor em desenvolver algo a respeito disso? Não só o tema da inteligência saindo pela porta, mas também empresas que não podem mais substituir se não levam em conta todos os fatores do ecossistema. 

Sim, o Terceiro Setor é um grande articulador institucional que consegue conversar com todas as partes envolvidas. A gente consegue fazer uma intermediação muito grande entre as empresas, as comunidades mais vulneráveis e as pessoas que estão saindo do mercado. Por isso eu acho que temos um papel importante como articulador institucional.

E como você acha que o Terceiro Setor pode desenvolver esse papel? Ter autoridade, em termos de conhecimento e articulação? 

Eu acho que muitas instituições do Terceiro Setor já têm isso e se propõem a isso. Vejam uma coisa: sempre que o Terceiro Setor senta à mesa é uma pauta positiva. A gente tem essa vantagem de ser um ente positivo e se a gente consegue se antecipar e ser mais propositivo enquanto isso, eu acho que é uma forma muito saudável de encarar essa situação. Se eu consigo fazer uma interlocução entre o empreendedor e a comunidade que cerca o empreendimento, ou entre o empreendedor e essa mão de obra inteligente que está sendo disponibilizada no mercado, que também vai virar microempreendedor, essa visão de “periferia” vai aumentar. 

(…) Agora quero falar um pouquinho sobre Agenda 2030. O que eu vi nas empresas foi um esforço muito grande em pegar suas atividades e tentar encaixar os ODS, montando um panorama que é um pouco para inglês ver, mas que a sociedade e as empresas não conseguiram entender. Eu sempre acho que quando estamos falando de ODS, estamos falando para nós mesmos. É conversa da gente com a gente mesmo. Ninguém sabe o que está acontecendo e o atual governo deixa isso muito claro, é um desprestígio total em relação a questão social e ambiental. Eu vejo relatórios estruturados, mas não necessariamente com conteúdos de qualidade, dizendo: “eu atendo 5 de cada um dos objetivos”. Eu acredito que precisa ser algo mais participativo. 

Mas nós, Terceiro Setor, o que podemos fazer neste sentido? A AdC nasce disso: o que muda a realidade não é um princípio universal, mas uma história particular.

Perfeito, concordo com você! O que a AdC faz que me agrada muito? Ela joga luz sobre determinadas questões que não estão no imaginário ou na mente das pessoas. O que eu coloco ser uma grande surpresa? Foi perceber que existe uma realidade significativa num percentual que eu acredito ser alto, mas que a gente não está considerando. As comunidades vulneráveis dão conta de suas necessidades independentemente de políticas governamentais. Existe ali muita criatividade e trabalho que a gente precisa jogar luz! O papel do Terceiro Setor é esse: jogar luz! 

Vamos tentar aprofundar o conceito de rede na sua experiência?

Sim, mas das redes de pessoas para formar conhecimento. O que se destaca pra mim é a questão de uma rede operacional. A gente constrói uma rede em torno de um objetivo, que deve estar claro para todos e ser construído em conjunto para agregar mais inteligência àquela causa. Para isso precisamos de empatia compassiva. Quando eu consigo perceber qual é a necessidade do outro e colocar a minha inteligência e a minha organização à disposição daquele necessidade, porque às vezes a gente não tem humildade. A gente acaba levando uma visão nossa, dos nossos valores e o que a gente acha bom para o outro. A gente precisa ter humildade para perceber e se permitir que o outro construa soluções, padrões e comportamentos dentro da vulnerabilidade. Então vamos tentar entender o que ele construiu e a partir disso agregar inteligência, inovação e fomentar recursos. Talvez incentivar microempreendedores com tecnologias de baixo custo dentro de práticas que ele já desenvolve. Isso é uma coisa que me fascinou nos últimos anos, ter a humildade de admitir que eu não sei e preciso aprender muita coisa com eles. Mas eu tenho uma vantagem, eu consigo ter o papel articulador de pegar algumas startups super inteligentes e desenvolver soluções. Este é um papel do Terceiro Setor: buscar inteligência na acadêmia, recursos nas grandes empresas e conseguir ler a efetiva e real necessidade dessas comunidades. (…) Assumir que a gente não sabe mesmo. A gente precisa ter uma capacidade de fazer uma leitura integrada das coisas. Não é à toa que os dados sociais tem validade de 5 anos, porque eles são muito dinâmicos – diferentes das informações do meio natural. Mas a gente precisa ter a disponibilidade de mudar as coisas, eu acho que a pandemia vai revolucionar tudo em termos de dados secundários. 

A gente precisa ter um pouco mais de clareza sobre a nossa vulnerabilidade e tentar entender com mais humildade esse contexto no qual vivemos. Eu acho o trabalho de vocês [da Aventura de Construir] fantástico, ele está muito na linha das coisas que eu acredito e acho que não tem outra solução, o modelo é esse. 

Ainda temos uma pergunta. Nos impressionou muito quando você falou que o legado não é nem geração de renda nem de emprego, mas  desenvolver a capacidade empreendedora de uma pessoa, de uma comunidade.  

Todo o Terceiro Setor é assim: qual o propósito deste projeto? Criar alternativas de trabalho e renda para as comunidades que não têm. Aí vem essa pandemia e mostra que trabalho e renda não é legado coisa nenhuma, pois todo mundo perdeu trabalho e renda. Então, efetivamente, o que é um legado? E também tem o outro lado da medalha, você percebe que essas comunidades mais vulneráveis não viveram o “novo normal”, isso foi só para nós, ele não existe para as comunidades periféricas, porque esse já era o cotidiano delas: um cotidiano de restrições. Uma série de questões relacionadas à restrições, tanto que agora a classe média está vivendo a mesma vida dessas pessoas mais vulneráveis, que já resolveram isso de outras formas. Então, legado é fomentar a capacidade empreendedora, ajudar essas comunidades a enxergar seus potenciais como articuladores. Legado é o que a Aventura de Construir trabalha. 

Tem uma frase de Antoine de Saint-Exupéry, escritor de “O pequeno príncipe” que diz: “Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para juntar madeira ou atribua-lhes tarefas e trabalho, mas sim ensine-os a desejar a infinita imensidão do oceano.” Parece a mesma visão! Na nossa experiência, quando trabalhamos com os indicadores – medição de renda e geração de trabalho, entre outros – se torna evidente quanto é mais difícil gerar essa cultura empreendedora, para que entre nas veias das pessoas.

Eu concordo totalmente com você. Isso é uma percepção que eu tenho. (…) E esse trabalho é fascinante, pois é também sempre de um aprendizado contínuo. 

Sobre o tema das redes, nossa experiência é parecida com o que você descreveu: uma causa clara que agrega, gerando emoção e compaixão. Mas como todos os elementos das redes podem ter consciência do escopo pelo qual estão trabalhando? O que pode ajudar a que se torne algo que funciona de forma sistemática e organizada?

Essa experiência eu não tenho. Quando eu saí do Instituto [Camargo Corrêa], a gente queria que este evento que aconteceu durante a pandemia fosse o suporte para a gente poder ter um programa de voluntariado interno na empresa. Uma das questões que a gente sempre colocou foi que o voluntário não pode sair do mundo dele para pintar paredes, não é isso. Para gerar empatia o voluntário deve levar a inteligência que ele tem. Quando a gente fez o programa de apoio para combater o Covid-19, o que os advogados iam fazer? Buscar alimentos em casa ou roupa para doar? Não, eles começaram a responder questões que o próprio governo não respondia. Uma delas é: eu tenho guarda compartilhada, como eu faço agora sem renda para pagar pensão alimentícia? Eles começaram a contribuir e a enxergar a dor do outro, mas dentro das competências que eles têm. Não se forçou com que eles fizessem uma ação que fosse estranha ao cotidiano deles e isso foi um sucesso! Então, primeiro: ter uma identificação forte que não saia da nossa área de conhecimento. A gente tem que contribuir com a nossa inteligência e conhecimento!

Notícias

AdC Entrevista: Kalil Farran (parte I)

Há algumas semanas tivemos a oportunidade de conversar com os ex-diretor do Instituto Camargo Corrêa. Atualmente, Kalil Farran é Consultor Autônomo em Estudos e Projetos Socioambientais e compartilhou com a gente uma visão de mundo cheia de desafios, necessidades de atitude, escuta e empatia compassiva. 

Não vamos dar mais spoiler porque a  entrevista vale cada palavra! Confira abaixo como foi esse bate papo virtuoso.

Sob a sua Diretoria, o ICC (Instituto Camargo Corrêa) teve um papel muito ativo durante a pandemia de Covid-19 em 2020. Esse papel continua em 2021?

Eu não posso mais responder pelo ICC. Mas eu diria que este momento que vivemos despertou nas pessoas o senso de cidadania e de responsabilidade coletiva pelo bem estar do “outro “. Para algumas empresas esta percepção foi além e ficou claro que não existem empresas de sucesso em sociedades que fracassam, o mundo dos negócios não está descolado da saúde da sociedade. Todas as empresas, institutos e fundações têm que reposicionar suas ações frente aos desafios que esta pandemia está trazendo, buscando um novo olhar para a sociedade. 

Qual é sua visão sobre o Brasil atual e as populações em maior vulnerabilidade diante deste cenário?

A recuperação da atividade econômica que estávamos experimentando foi interrompida. Se as previsões da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o crescimento médio do Brasil para a década de 2011 a 2020 se confirmarem “será a pior década em 120 anos”.

Combinação de instabilidade econômica com catástrofe sanitária traz um cenário assustador para as populações em maior vulnerabilidade. O desemprego disparou, o endividamento das famílias cresceu e o investimento na economia se retraiu. Isso significa um empobrecimento da população em geral, que se exacerba quanto mais nos deslocamos para a base da pirâmide, evidenciando a fragilidade das estruturas de sobrevivência das comunidades mais carentes.

Você considera que a Agenda 2030 da ONU, pautada pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), ainda seja atual após o terremoto que a pandemia provocou? Como podemos trabalhar para que este tema não seja somente assunto de reunião corporativa de alto escalão, mas algo realmente concreto e mensurável no dia a dia?

Em 2018 o IPEA divulga o documento – Metas Nacionais dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável com a proposta de adequação das metas globais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável à realidade brasileira e indicadores para acompanhamento, um documento consistente e muito bem elaborado, contou com a contribuição de diferentes órgãos governamentais e centenas de gestores e técnicos do governo federal, que participaram dos debates e enviaram sugestões.

É muito cedo para se avaliar os resultados deste trabalho se considerarmos todo um novo contexto que nos foi imposto com a pandemia. Uma coisa é certa, toda a linha de base dos dados que utilizamos para construção dos indicadores, que já vinham num cenário negativo em decorrência da crise econômica brasileira que se iniciou em 2014, com a pandemia esses dados, que sustentam este documento para a aferição de resultados, tem que ser revistos, principalmente os socioambientais. Assim sendo, eu acho que os princípios que norteiam a agenda se mantêm, mas os indicadores de performance de cada ODS têm precisam ser revistos.

Outra questão importante que vocês colocam é quanto ao compromisso empresarial e cidadão no atingimento das metas definidas pelas ODS. Posso estar equivocado, mas o que percebo é que esta é uma conversa entre os iguais, os ODS e as metas não estão claras para a sociedade, ainda não existe um entendimento do que é e para que se definiram as ODS. Assim existe um esforço muito grande do setor produtivo de tentar transformar ações (que já são obrigações legais decorrentes de processos de licenciamento ou necessários ao processo de produção) em atingimento de metas dos ODS. Tenho dúvidas sobre o compromisso do setor produtivo do país em fazer valer essas metas. Para mim ainda persiste uma distância bastante grande entre o que se define por sucesso econômico e desenvolvimento socioambiental.  

Em muitas iniciativas lançadas durante a pandemia ficou clara a necessidade de unir esforços, de trabalhar junto para responder às emergências e necessidades. Na sua trajetória, como você enxerga a construção de redes? Tem alguma experiência sobre isso para compartilhar o processo, os resultados e sugerir algo neste sentido?

O conceito de rede hoje é bastante usado, mas seu uso nem sempre se refere a mesma ação, apresentando características distintas.

As redes oficialmente constituídas, que eu conheço, são formadas por instituições do terceiro setor, por órgãos públicos ou pela academia com temas, os mais diversos. Em alguns casos o objetivo é de trocar experiências e formar conhecimento unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados. Em outros casos as redes são formadas com caráter bem operacional articulando agentes de mesma natureza em diferentes geografias para a realização de uma ação comum.

Gostaria de falar sobre minha experiência recente no apoio ao enfrentamento da pandemia e como construímos uma rede que sai do teórico metodológico para atingir objetivos bem práticos.  

Primeiro que uma rede operacional começa dentro de casa. Os parceiros internos da empresa, instituto ou fundação têm que estar alinhados e comprometidos quantos aos propósitos e resultados esperados. Esses objetivos e resultados esperados têm que estar claros para todos. Juntos se identificam as competências e possibilidades de agregar inteligência à causa. Assim se dá credibilidade ao projeto e permite que se busquem novos parceiros externos para aquela rede em específico.

Ficou claro para nós que a “causa“ precisa provocar a empatia compassiva, a percepção de que o outro precisa de ajuda e se colocar à disposição, no parceiro, seja um líder comunitário, uma organização do terceiro setor ou uma empresa, que vai compor a rede.  

Na sua experiência pessoal e profissional, o que significa olhar para o outro? Seja o outro o beneficiário final ou parceiro de um projeto, ou então pelo potencial e protagonismo da pessoa?

Nós profissionais que trabalhamos com causas sociais e ambientais aprendemos a entender a realidade de forma fracionada, em temas, como nos foi ensinado. Quando na verdade a realidade é integrada e sistêmica. Olhar para o outro é mais uma postura do que um ensinamento. É a permissão que nos damos de perceber de maneira mais ampla e harmônica como o “outro” constrói soluções, padrões e comportamentos dentro das vulnerabilidades que ele vivencia. E a partir daí agregar inteligência, inovação e recursos, fomentando práticas que o outro já desenvolve. Para mim este é o ponto de partida que nos possibilita incentivar o microempreendedorismo de baixa renda. 

Na AdC trabalhamos com desenvolvimento territorial inclusivo e o ICC sempre foi e ainda é muito ligado e radicado nos territórios onde atua. O que você aprendeu nestes anos e gostaria de compartilhar por considerar fundamental para realizar este trabalho?

Primeira coisa. O Investimento Social Privado não pode ser entendido como uma ação filantrópica, através de doações, que ameniza temporariamente as necessidades básicas de uma comunidade. Isso não é legado, como também emprego e renda não são legados. Legado é desenvolver a capacidade empreendedora de um cidadão, de uma comunidade. 

Como urbanista nunca consegui dissociar as diferentes dinâmicas de apropriação do território da situação socioeconômica das comunidades, principalmente aquelas mais vulneráveis que ocupam as franjas periféricas das grandes cidades e as áreas urbanas mais deterioradas, mesmo as mais centrais.  Nestas regiões o desenvolvimento territorial espelha o desenvolvimento socioeconômico das comunidades. Faz todo o sentido a inclusão socioeconômica nestes territórios de seus microempreendedores. Precisamos aprender a ter esta leitura integrada. 

Conheci uma comunidade historicamente fundada em um lixão periférico que conseguiu fazer disso uma grande oportunidade de negócios e de subsistência, independente da ausência do poder público e de infraestrutura básica. Conheci mestres, doutores e artistas plásticos que nasceram e se criaram ali, no lixo, que hoje são líderes comunitários que representam e advogam pelos direitos essenciais deles. 

O olhar para o outro de que falamos a pouco, consegue perceber as iniciativas empreendedoras que driblam as dificuldades cotidianas que existem entre os mais vulneráveis. Líderes comunitários que de fato representem os anseios daquela comunidade devem ser estimulados.    

Para encerrar, o que mais precisamos levar em conta no trabalho do Terceiro Setor neste ano 2021 que seguirá nos impondo diferentes desafios?

A humildade de perceber o quanto somos vulneráveis nos igualando sem distinção a todos os seres humanos. Deste lugar comum só avançaremos com soluções inovadoras, com resiliência. Se pretendemos continuar a trabalhar com o empreendedorismo comunitário e a busca de infraestrutura digna para as comunidades mais vulneráveis temos que considerar em ambos os casos tecnologias e soluções inovadoras de baixo custo.

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A carta de Jeff Bezos e seus aprendizados

O começo do mês de fevereiro deste ano foi marcado pela saída de Jeff Bezos do comando da Amazon para ocupar o cargo de Presidente-executivo do Conselho de Administração. Tal mudança, após 27 anos na posição de liderança, pode nos ensinar muitas coisas sobre o presente e nos orientar também para o futuro. 

Implacável talvez seja uma das formas mais assertivas de adjetivar o comportamento de Bezos. Não à toa, o termo este mesmo em inglês (relentless), foi o nome pelo qual Bezos idealizou a hoje chamada Amazon. 

Por curiosidade, clique aqui neste link e veja para onde será direcionado: www.relentless.com 

Mas tudo isso são só detalhes de uma grande jornada de empreendedorismo. Hoje queremos te estimular a ler a carta de Bezos, que anuncia sua transição de cargo. Mas por quê? Por que sua comunicação aos funcionários da Amazon reúne uma série de aprendizados de um ser humano atento às transformações digitais e às oportunidades de inovação contínua, aspectos que importam aos empresários de qualquer ramo de atividade e de qualquer porte. Afinal de contas, atitude empreendedora não é algo que se mede em pequeno, médio ou grande – tal como a classificação jurídica sobre o tema. 

Atitude empreendedora é algo que se vive todos os dias, seja como líder de uma Big Tech ou como microempreendedor autônomo à frente de seu negócio. E essa perspectiva particular de Bezos pode ser muito decisiva para o futuro de empreendedores em qualquer parte do mundo.

Contudo, e como tudo na vida, nem tudo são flores nessa trajetória. Sabe-se que Bezos pode construir esse império chamado Amazon por uma série de favorecimentos e flexibilidades que hoje já não existem mais, sobretudo ao que se refere às regras antitruste – criadas para evitar a construção de monopólios e vender produtos e/ou serviços abaixo do custo, eliminando concorrentes e, consequentemente, levando-os à falência. Mas isso é outra parte da história, a qual Bezos – atento ao presente – também soube aproveitar a oportunidade no momento certo. 

Agora leia abaixo a carta da íntegra, reflita e compartilhe com sua rede de amigos e parceiros, mas também não deixe de colocar em prática os aprendizados que ela traz neste presente momento, assim como manter no horizonte o que será importante para construir o futuro!

Carta de Jeff Bezos aos funcionários da Amazon

Amigos da Amazon,

Tenho o prazer de anunciar que neste terceiro trimestre farei a transição para presidente do conselho da Amazon e Andy Jassy se tornará o CEO. Na função de presidente do conselho, pretendo concentrar minhas energias e atenção em novos produtos e novas iniciativas. Andy é bem conhecido dentro da empresa e está na Amazon há quase tanto tempo quanto eu. Ele será um líder notável e tem toda a minha confiança.

Essa jornada começou há cerca de 27 anos. A Amazon era apenas uma ideia e não tinha nome. A pergunta que me faziam com mais frequência naquela época foi: “O que é a internet?” Felizmente, não tenho de explicar isso há muito tempo.

Hoje, empregamos 1,3 milhão de pessoas talentosas e dedicadas, atendemos centenas de milhões de clientes e empresas e somos amplamente reconhecidos como uma das empresas mais bem-sucedidas do mundo.

Como isso aconteceu? Invenção. A invenção é a raiz do nosso sucesso. Fizemos coisas malucas juntos e depois as tornamos normais. Fomos pioneiros em reviews de consumidores, em compras com 1-Clique, recomendações personalizadas, remessa incrivelmente rápida do plano Prime, compras no modelo Just Walk Out, compromissos climáticos, Kindle, Alexa, marketplace, infraestrutura de computação em nuvem, escolhas de carreira e muito mais. Se você acerta, alguns anos depois de uma invenção surpreendente, a nova coisa se torna o padrão. As pessoas bocejam. E esse bocejo é o maior elogio que um inventor pode receber.

Não conheço outra empresa com um histórico de invenções tão bom quanto o da Amazon, e acredito que estamos no nosso momento mais inventivo. Espero que você esteja tão orgulhoso de nossa criatividade quanto eu. Eu acho que você deveria estar.

À medida que a Amazon se tornou grande, decidimos usar nossa escala e escopo para liderar em importantes questões sociais. Dois exemplos de alto impacto: nosso salário-mínimo de 15 dólares a hora e o Compromisso Climático. Em ambos os casos, demarcamos posições de liderança e depois pedimos a outros que nos acompanhassem. Em ambos os casos, está funcionando. Outras grandes empresas estão vindo em nossa direção. Espero que você também esteja orgulhoso disso.

Acho meu trabalho significativo e divertido. Eu trabalho com os companheiros de equipe mais inteligentes, talentosos e engenhosos. Nos tempos de fartura, vocês foram humildes. Quando tivemos momentos difíceis, vocês foram fortes e solidários, e fizemos um ao outro rir. É uma alegria trabalhar nessa equipe.

Por mais que eu ainda esteja no escritório, estou animado com essa transição. Milhões de clientes dependem de nós para nossos serviços e mais de 1 milhão de funcionários dependem de nós para seu sustento. Ser o CEO da Amazon é uma responsabilidade profunda e desgastante. Quando você tem uma responsabilidade como essa, é difícil colocar a atenção em qualquer outra coisa. Como presidente executivo, continuarei envolvido em iniciativas importantes da Amazon, mas também terei o tempo e a energia de que preciso para me concentrar no Fundo Day 1, no Fundo Bezos Earth, na empresa Blue Origin, no Washington Post e em minhas outras paixões. Nunca tive mais energia e não se trata de me aposentar. Estou muito entusiasmado com o impacto que acho que essas organizações podem ter.

A Amazon não poderia estar melhor posicionada para o futuro. Estamos acelerando em todas as direções, assim como o mundo precisa de nós. Temos coisas em desenvolvimento que continuarão a surpreender. Atendemos indivíduos e empresas, e fomos pioneiros em dois setores completamente novos e em uma classe totalmente nova de dispositivos. Somos líderes em áreas tão variadas como aprendizado de máquina e logística, e se uma ideia da Amazon exigir mais uma nova habilidade institucional, somos suficientemente flexíveis e pacientes para aprendê-la.

Continue inventando e não se desespere quando a princípio a ideia parecer maluca. Lembre-se de vagar. Deixe a curiosidade ser sua bússola. Continua sendo o Dia 1.

Jeff

Notícias

10 dicas para avaliar o impacto do seu projeto…

Você não dirigiria o seu carro sem o painel de controle, não é?

Do mesmo modo, você não dirigiria o seu programa social sem entender se as suas ações estão melhorando a vida do seu público-alvo.

Simples assim, essa é a razão pela qual cada dia mais se fala de Avaliação de Impacto. Não é só medir quantos livros foram distribuídos ou horas de aula ministradas em uma iniciativa de apoio, mas medir quanto recuou o analfabetismo na região, e se recuou devido ao programa ou por outras causas.

Um programa de avaliação de impacto aumenta fortemente a transparência dos projetos sociais, mostrando se os recursos de fato ajudam os destinatários ou se servem apenas para a auto conservação da organização pública ou privada que os gerencia. Para a realidade do Terceiro Setor isso está se tornando fundamental mesmo para a arrecadação de fundos e a sustentabilidade de um projeto. Um estudo sobre filantropia na América Latina feito pelo Hauser Institute da Harvard Kennedy School monstra claramente que, com o foco passando da caridade para a mudança, muitos recursos são disponibilizados só com a presença de planos que possam evidenciar quantitativamente os resultados a ser alcançados.

Implementar esses planos não é, porém, nem fácil nem barato. ONGs e órgãos públicos normalmente não tem as competências estatísticas necessárias e os recursos para a coleta dos dados.

A Associação Aventura de Construir é uma realidade pequena, mas obcecada em realizar uma melhoria real na vida dos microempreendedores de baixa renda de regiões “periféricas”, agindo com o máximo profissionalismo, realismo e parcimônia.

Começamos o nosso trabalho em 2012 com um questionário envolvendo cerca 150 indivíduos para entender as principais exigências não atendidas, desde o início registramos todos os contatos com o público alvo para poder chegar a indicadores gerenciais (“Quantas pessoas participaram das nossas palestras? Quantos participaram uma, duas, três vezes?” “Quantos receberam uma consultoria individual?”), e – depois da primeira fase de start-up – começamos o nosso programa de avaliação de impacto, definido com a ajuda da Kellogg Institute da Notre Dame University, da ALTIS, da Universidade Católica de Milão, e da Comunitas de São Paulo. Para mais informações sobre o nosso programa de avaliação de impacto, leia aqui.

Foi um caminho desafiante, e gostaríamos de oferecer algumas poucas dicas para facilitar quem está considerando começar agora:

  1. Pense bem se você quer fazer: nós gastamos 9 meses para definir e fazer a pesquisa de linha de base, mais duas semanas a cada 6 meses para reaplicar o questionário a 70 sujeitos impactados do nosso trabalho e a 40 empreendedores do grupo de controle.
  2. Se quer fazer, contrate um estatístico: mais cedo ou mas tarde você vai pedir sua ajuda, e pode ser tarde demais. O estatístico é fundamental para definir o que e como medir, não só na analise dos dados coletados.
  3. Contratando ou não um estatístico, leia Avaliação de Impacto na Prática. É gratuito e está em português, foi feito pelo Banco Mundial e explica os fundamentos que até gerentes podem entender.
  4. Na medida do possível, defina os seus processos antes: como lidar com valores extremos (outliers)? Como substituir sujeitos que saem dos grupos de pessoas de impacto e de controle? Se você reage ao longo do caminho, a tentação de adaptar as regras aos resultados desejados é forte, e avaliadores externos sempre vão suspeita-lo.
  5. Cuidado com os fatores de confusão: se as receitas melhoram pode ser devido ao trabalho de vocês ou pela melhoria geral da economia. Sem um grupo de controle bem escolhido nem vale a pena fazer avaliação de impacto.
  6. Não poupe recursos na coleta de dados inicial (a linha de base): sem conhecer o ponto de partida é impossível medir progresso. Nas perguntas e no número de entrevistados é melhor errar por excesso: você sempre vai descobrir coisas inesperadas.
  7. Na avaliação periódica seja gentil com os seus entrevistados: nessa fase limite ao máximo as perguntas. Roubar mais que 5 minutos para responder é má educação, e aumenta o número de quem sai da pesquisa (e isso vai afetar a qualidade dos seus resultados).
  8. Faça perguntas simples e com respostas objetivas: não “Você gosta de ler?” mas “Quantos livros você leu no último mês?”
  9. Considere um período de warm-up: no começo haverá muitos problemas inesperados (na coleta, na elaboração, na interpretação) que devem ser acertados antes de produzir resultados comparáveis. Nós realizamos 3 levantamentos testes com intervalo de três meses antes de considerar o programa consolidado.
  10. Na análise, não espere dos números mais do que eles podem oferecer:
    • “Nem tudo o que é importante pode ser medido, e nem tudo o que pode ser medido é importante”: o objetivo da medição de impacto é relatar causa e efeito. Os números não podem fazer isso: podem provar ou desaprovar uma hipótese, nunca criar uma do zero, então não se esqueça de ficar atento ao seu público e coletar informações qualitativas. Eles ajudarão o seu “insight”.
    • A primeira coisa que se aprende no ensino técnico é que cada medida tem erros. Vale para medir pedras, imagina para respostas de humanos!
    • Cuidado com as médias: antes de tirar conclusões dê uma boa olhada em todos os pontos. Um valor anormal (ou um erro de transcrição!) ou as médias podem contar uma história completamente diferente da realidade.

Última nota: Goodhart, um economista inglês, virou famoso pela sua lei: “Quando uma medida vira um objetivo, cessa de ser uma boa medida”. Com toda a pressão sobre os resultados, se corre o risco de agir – conscientemente ou não – em prol da melhoria dos indicadores, e não para o bem estar do público alvo. Ética é também lembrar que os números descrevem a realidade, mas nunca podem tomar o seu lugar.

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APRENDENDO COM O ODS 17

O último Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) não é o menos importante! A ordem desta formatação não configura nenhum aspecto de prioridade. No entanto, o ODS 17 é o responsável por abraçar todos os outros por tratar justamente sobre COMO implementar todas as outras metas da Agenda 2030. 

Ao trabalhar o conceito de PARCERIA E MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO, o ODS 17 visa “fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável”.

Mas de novo nos deparamos com a já famosa pergunta anunciada por aqui em outros artigos: O que a Aventura de Construir tem a ver com isso?

Se você ainda não está por dentro deste assunto, te indicamos retomar nossa série ODS EM PAUTA, onde você encontra conteúdos sobre o tema – sempre articulando o método de trabalho da Aventura de Construir aos ODS da Agenda 2030 da ONU. 

Afinal, o que é ODS?
ODS1 Erradicação da Pobreza
ODS4 Educação de Qualidade
ODS5 Igualdade de Gênero
ODS8 Trabalho Decente e Crescimento Econômico
ODS10 Redução das DesigualdadesODS11 Cidades e comunidades sustentáveis

Mas e o ODS 17?!

Quando nos referimos ao ODS 17 aqui na Aventura de Construir estamos falando sobre seguir com um trabalho que sempre foi feito, pois sem nossos parceiros jamais teríamos alcançado os resultados que atingimos até o momento presente! Muitos desses resultados são tangíveis e mensuráveis (conheça aqui os indicadores oficiais deste ODS), mas muitos outros não, pois tratam-se de ações e atitudes do dia a dia que transformam uma tomada de decisão, reorientam a rota de um microempreendedor ou mesmo reestrutura todo o escopo de um projeto. 

Em 2020, por exemplo, tivemos que aprender a aprender, nos adaptar às adversidades impostas pela pandemia de Covid-19 e fazer e refazer TUDO em conjunto: equipe, consultores externos, muitos voluntários, órgãos diretivos e organizações financiadoras… TODOS EM REDE, fazendo COM e não meramente PARA atingir um objetivo comum ou de interesse privado. 

Tudo isso entra no espaço do imensurável, mas nos abre um outro espaço: o do sentimento de gratidão que só podemos exprimir com o coração! Para isso, não há indicador, mas há o reconhecimento que nos dá força para seguir acompanhando protagonistas!


Entrega dos Cartões Alimentação durante a emergência da pandemia de Covid-19 em 2020. Saiba mais aqui sobre a construção desta rede de parceria com o Banco de Alimentos.

Praticamente 100% dos projetos da Aventura de Construir são idealizados e desenvolvidos com parceiros. Conheça aqui, por exemplo, todas as organizações que nos apoiam ou já realizaram alguma atividade de suporte, consultoria e/ou financiamento com a gente. E tudo, absolutamente TUDO, que construímos a várias mãos e é estruturado num modelo coletivo que pensa de baixo para cima, torna-se elementar para a profundidade e concretude dos impactos alcançados. 

Neste sentido é que levamos o ODS 17 com a Aventura de Construir: sempre envolvendo diferentes formas de colaboração que buscam garantir que as características singulares de comunidades desfavorecidas do ponto de vista socioeconômico sejam aproveitadas para promover o desenvolvimento local. Por isso é tão importante trabalhar COM, para que diferentes organizações consigam enxergar e responder às problemáticas de um território em conjunto – facilitando, e não confundindo aqueles que estão na linha de frente da implementação de soluções!

Microempreendedores acompanhados pela Aventura de Construir discutem em  “World café” – realizado no evento ProtagonizAí (2019) – sobre como criar, desenvolver e potencializar redes de parcerias em benefício de seus negócios.

Por isso precisamos, cada vez mais, fortalecer a atitude empreendedora, sobretudo para aqueles que não se enxergam como empreendedores. Mas isso deve ser feito em sinergia, pensando o tema como um ecossistema: não se trata apenas de olhar e capacitar microempreendedores individualmente, mas formá-los coletivamente para que possam multiplicar seus aprendizados para seus pares e, em conjunto, tenham as ferramentas necessárias para realizar mudanças concretas em seus respectivos territórios, fomentando novas parcerias que alimentem um ciclo de impacto positivo.

A Aventura de Construir tem a intenção de seguir desenvolvendo e trabalhando em rede através de relações de confiança que fortaleçam o fazer de baixo para cima de modo sustentável e crescente. O ano de 2020 nos ensinou que ações fragmentadas não deixam marcas na vida das pessoas, mas que o acompanhamento contínuo e feito com amor é o que gera mudança efetiva e deixa um legado consistente. 

Para 2021, junto ao Pacto Global – rede que a Aventura de Construir participa desde 2018 -, enxergamos alguns pontos de regressão sobre alguns aspectos e metas específicas dos ODS. Os indicadores apontam que o Brasil não está atuando em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na velocidade e qualidade proposta pela ONU. No entanto, mesmo diante deste cenário não tão otimista, trabalhamos a cada dia para fazer diferente e fazer melhor. Mas para mudar este cenário, não podemos esquecer: PRECISAMOS FAZER JUNTOS!

E você, topa avançar COM a gente nesta jornada?! Se sim, conheça aqui o programa de voluntariado da Aventura de Construir e democratize oportunidades você também!

Notícias

UM NOVO NORMAL TAMBÉM NA ESCOLA

Embora ainda incerta a data da volta às aulas presenciais em muitos estados e municípios, as escolas já estão se preparando para receber seus alunos, não da mesma maneira como retornavam das férias, mas com uma experiência vivida que pode ter deixado diversos impactos negativos, não apenas na aprendizagem, mas no desenvolvimento socioemocional causado pelo isolamento social e distanciamento escolar.

O primeiro ponto a ser pensado é que neste momento os sentimentos deverão ser acolhidos, e a maneira como isso será feito será primordial para tudo o que virá depois. Diversos são os motivos para o acolhimento, nossas crianças passaram por experiências de luto próximas a elas, de familiares, amigos e pessoas conhecidas, e as perdas vividas precisam ser tratadas de maneira especial.

Além disso, as mudanças de rotina que ocorreram, em suas vidas e na vida dos pais, irão novamente se transformar. Se foi difícil de repente estarem todos em casa, mudar a rotina novamente, e se ausentar da segurança que o lar representa, pode também gerar alguns impactos. Principalmente aos menores, todo um período de readaptação à escola e de afastamento dos pais terá que ser feito novamente.

Kid got stress doing homework or prepare for exam Free Vector

Há ainda o medo da doença, da contaminação. O medo dos adultos influenciam diretamente as crianças, portanto teremos que lidar com níveis diferentes de ansiedade, pois as crianças trarão de casa toda uma bagagem do que vivenciaram e vivenciam desde o início da pandemia.

A melhor forma de acolher os pequenos é ajudá-los a lidar com os próprios sentimentos, através de momentos de conversa, de escuta individual e coletiva. Não minimize o sentimento da criança. Zelar pela segurança e pela saúde dentro da escola trará para eles também mais confiança e segurança.

A escola deverá ser divertida, um lugar agradável para estar, por mais responsabilidades que se tenha dentro dela, o lúdico deve estar sempre presente, os jogos, a música, as brincadeiras.

Neste momento, os pais devem ser um grande aliado da escola, e essa aproximação é fundamental para que tudo dê certo, tanto em relação aos cuidados necessários para que a pandemia se mantenha controlada, como para que as questões emocionais das crianças possam ser trabalhadas.

O professor é uma figura fundamental, é o que está mais próximo fisicamente e emocionalmente da criança, é ele que ela irá procurar se sentir-se insegura ou desconfortável. Este deve sempre estar atento ao comportamento de seus alunos, bem como ao desempenho escolar, e se necessário, juntamente com a família, encaminhar para profissionais que poderão ajudá-los.

Teacher and students wearing face mask in class Free Vector

É ainda importante desenvolver a empatia dos alunos, ser tolerante em relação aos conteúdos a serem cumpridos, rever as expectativas e objetivos para o semestre letivo. Avaliar o aluno, observar os que necessitam de maior apoio pedagógico, verificar conteúdos e disciplinas a serem priorizados, pensar atividades e estratégias para repor aquilo que não foi alcançado é também papel do professor.

Adequar o aprendizado significa ter o foco na aprendizagem do que é mais importante, desenvolver as habilidades socioemocionais previstas na BNCC, reorganizar conteúdos de acordo com a nova realidade educacional, rever e adaptar objetivos. Avaliar e criar estratégias de recuperação da aprendizagem, disponibilizar meios tecnológicos e outros recursos de complementação da aprendizagem.

A pandemia acentuou a diferença entre aqueles que tinham mais dificuldades de aprender; exigiu um novo educador, que precisou se reinventar, teve que se adaptar à novas tecnologias, novas metodologias, transformando-se. Agora é preciso estabelecer metas de aprendizagem diferentes para crianças com níveis de aprendizado diferentes.

A inclusão de todos na escola é um direito antes, durante e depois da pandemia.

GLEIDIS R. GUERRA
Fonoaudióloga
REABILIT-AÇÃO
(11) 99977-7766
(11) 2375.8036

Notícias

Estamos prontos para 2021?!

2020 pode até nos enganar se não o enxergarmos em profundidade.
Quando olharmos para a quantidade de ausências que preencheram este ano de isolamento social, parece que mais nada aconteceu além da pandemia. No entanto, foi também um ano que trouxe uma nova dimensão, um outro normal. 
O ritmo da vida mudou, tivemos que trocar de pele para nos adaptar à somatória de intempéries. Aprendemos a ser mais camaleão, disponíveis para a mudança e cuidadosos ao responder à realidade. Essa travessia desafiadora foi possível porque a realizamos JUNTOS e, para entendê-la, precisamos cruzar algumas barreiras!

A primeira barreira talvez seja a de estar abertos a um processo de questionamentos contínuos: perguntar e escutar antes de responder ou agir. Mas afinal, o que mudou concretamente?

Uma resposta simples: descobrimos como fazer coisas inéditas! Fortalecemos e ampliamos impressionantemente (em número e regiões do pais atendidas) o público, apoiando-os a tornarem-se mais protagonistas e multiplicadores de um impacto social positivo em suas vidas e comunidades. Essa atitude nos permitiu enxergar e aprender ainda mais quem somos e o que é a Aventura de Construir. 

Nesta jornada, muitas vezes precisamos do outro para consolidar algo novo, mas sempre fomos surpreendidos com este outro nos superando, tanto que em algum momento não tivemos nem como manifestar esta gratidão desbordante. E a lista de pessoas que compõem esta transformação não tem limite, deixando a nós o imenso prazer que é doar e receber em afeto e gratidão! 

Tudo isso nos arrebata numa alegria inominável que queremos compartilhar, neste momento presente de festa que é o Natal e dizer: Valeu demais por fazerem COM a gente!

Quer celebrar o Natal presenteando alguém especial e ainda fortalecer o microempreendedorismos de periferia? Conheça AQUI o bazar de luxo on-line Voz Social Abrael!

E ainda tem mais: 100% do lucro deste projeto será destinado para a continuidade da causa da AdC. Valeu demais Abrael!!!

Feliz Natal e bom final de ano!
Nos vemos em novas aventuras em 2021!!! 🙂

Metodologia

Por que neste tempo é tão relevante falar de…

Sem a pretensão de ter uma resposta exaustiva, contamos neste texto a experiência dos últimos meses, com a campanha #ParceirosAdC, como uma tentativa de resposta.

O termo Governança, apesar de ser extremamente importante, pode gerar algumas dúvidas – ainda mais se você não é familiarizado com este universo (o que é completamente normal, afinal, não estamos todos inseridos nele). 

  • Mas, então, o que é Governança?!

Caracteriza-se por ser uma área de estudo com múltiplas abordagens. Ou, de maneira mais simplificada: é o conjunto de processos, costumes, políticas e leis que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada. 

No segundo semestre do ano, com o apoio da Diretoria e do Conselho Consultivo, lançamos a campanha #ParceirosAdC, onde compartilhamos em nosso Instagram algumas dicas para entender melhor como funciona a Governança na Aventura de Construir, sempre respondendo a pergunta #ComoGovernar?  

O primeiro depoimento publicado em nosso Instagram foi o de Cinzia Abbondio, que trouxe um trecho de uma frase de Albert Einstein: “Quem atribui à crise as suas falhas e dificuldades, faz violência ao seu próprio talento e dá mais valor aos problemas do que às soluções.”

Para ela, participar de um Conselho com demais pessoas interessadas é uma ocasião de crescimento, enriquecimento e inspiração. 

A opinião de Rafael Marcoccia assemelha-se a de Cinzia. Para ele, um dos pontos positivos de participar da Diretoria é uma oportunidade de aprendizado. “Sou membro da Diretoria da Aventura de Construir desde sua fundação. Sem dúvida nenhuma, de lá para cá aprendi muito. E acredito que a contribuição que a Diretoria oferece para a instituição também cresceu significativamente”. 

Marcelo Turri também segue a linha do colega Rafael e ressalta: “Participar da Diretoria da Aventura de Construir é muito gratificante, pois as decisões consideram genuinamente o empreendedor, a sua realidade, a sua necessidade.”

Além disso, Rafael Neves, Fabio Deboni e Taynara Alves, igualmente membros do Conselho, participaram da campanha trazendo algumas dicas sobre #ComoGovernar. 

Para assistir as falas completas, clique nas imagens abaixo:

Para Fabio Deboni, governar é ter uma visão de futuro. “Para além de compliance e integridade, a governança é a chave para a perenidade e a efetividade de qualquer organização”. 

Em contrapartida, Taynara ressalta a importância do Conselho Consultivo de uma organização com o objetivo de conhecer a fundo todas as áreas – só assim é possível ter uma visão 360º dos possíveis problemas e soluções.  

Com a participação de Fernando Gomes, quase chegamos ao final das dicas sobre Governança. Para ele, “Quanto mais transparente uma instituição é, mais informações são levadas à mesa e mais fácil é a tomada de decisão. Com isso, outros agentes passam a ver essa empresa com mais credibilidade, permitindo superar alguns desafios mais facilmente. Com a confiança de outros em seu negócio muitas portas se abrem”.

Por fim, vale ainda retomar a fala de Percival Caropreso, militante no terceiro setor há mais de 30 anos, que compartilhou conosco sua trajetória inspiradora de envolvimento com causas sociais. O início de tudo foi com a adoção de sua primeira filha. Depois, vieram as demais e a fundação de um abrigo que, ao longo de sua existência, ajudou mais de 500 crianças. Hoje, Percival Caropreso é consultor de comunicação para Organizações da Sociedade Civil e membro super atuante no nosso Conselho Consultivo.

Para assistir a história dele, clique no vídeo abaixo:

Quando se torna crucial ter uma mão firme e segura no timão de um barco, a  capacidade de ler os mapas de bordo e o conhecimento dos segredos do mar? 

Neste ano de contínuas, profundas e também turbulentas transformações, nas quais a Aventura de Construir foi chamada a mudar de pele para responder a este outro normal, percebemos ainda mais o valor de ter profissionais com esta humanidade viva e atenta e com este entendimento realista das situações nos nossos órgãos diretivos. Por isso o extremo valor da governança agora: é o momento de caminhar juntos, é o momento no qual todos que vivemos com responsabilidade e paixão pelo bem comum podemos e precisamos dar uma contribuição significativa.        

Aproveitamos para deixar aqui o nosso agradecimento a todos os membros da Diretoria e do Conselho Consultivo, pelo tempo, disposição e desejo cheio de atrevimento e coragem na construção desta vertiginosa jornada! <3 

Notícias

Já ouviu falar sobre Moda Sustentável?

A indústria da moda ocupa o segundo lugar no ranking dos mais poluentes do mundo segundo a BBC. Esse fato se dá pela produção rápida de peças e o estímulo ao consumo frequente, compondo o chamado fast fashion (uma alusão ao conhecido fast food). As pessoas consomem, em média, 60% mais peças do que há 15 anos, e cada item é mantido no armário por metade do tempo que no passado, segundo Aliança das Nações Unidas para Moda Sustentável. A combinação desses fatores resulta em imagens como a que segue:

O quadro pintado não é dos mais agradáveis, não é mesmo? Natália Guasso, de Porto Alegre, definitivamente acha que não. E mais: acredita que nós, hoje, temos meios para transformar essa realidade. 

Neste ano de 2020 seu empreendimento, o Brick de Desapegos, completa 9 anos. A feira de moda sustentável pioneira na capital gaúcha começou em 2011 no maior estilo ativismo. A missão central era (e continua sendo) incentivar o desapego de peças e o consumo sustentável.

Como? Realizando feiras com brechós da cidade, “que na época ainda não estavam na moda como estão hoje”, relembra Guasso, além de incentivar os próprios frequentadores da feira a levarem seus desapegos. “Ofereço o espaço. Quem quiser expor, paga uma taxa fixa na entrada, retendo o lucro de suas vendas.”

A ideia é realmente simplificar, incentivando as pessoas a olharem para o armário com um olhar crítico, oferecendo uma alternativa sustentável.

As feiras também contam com eventos paralelos, como atividades em parceria com universidades que levam conteúdos e oficinas para o evento. O que começou em 2011 como atividade paralela se tornou o sustento e atividade principal da empreendedora há 4 anos. Em 2019 realizam mais de 100 eventos, de pequeno a grande porte.

E em março de 2020, chega a pandemia do Coronavírus, paralisando qualquer possibilidade de eventos presencias. Após o choque inicial, sentido por todos e todas,  Natália respirou fundo e viu a possibilidade se planejar e reorganizar.

“O Brick aconteceu e se consolidou de forma muito orgânica, conforme aconteceu. Com a pandemia, vi a possibilidade de fazer cursos e estruturar um planejamento estratégico para o Brick.” 

Agora com a nova realidade imposta aos negócios que viviam especificamente de maneira presencial, o Brick Desapego também precisa se adequar ao mercado e mundo on-line para realizar seus eventos.

Ao longo das oficinas e assessorias do Crescendo em Rede, assim como outras que participou, o Brick vem estruturando seu plano de negócios adaptado à realidade digital, como necessidades de expertises específicas do novo mercado, planejamento de captação de recursos e estruturação de parcerias e, principalmente, realização da migração das feiras para o online.

O aprendizado de Natália pode mostrar sua força também na aplicação ao edital criado pela AdC no Crescendo em Rede (para saber mais, basta acessar aqui o link completo do blog que conta sobre esta jornada). Da análise minuciosa dos 25 projetos finais, 8 foram os vencedores e Natália estava entre eles! A empreendedora foi uma das ganhadoras do capital semente para continuar seu projeto e adaptá-lo conforme as necessidades deste outro normal. 

Neste momento o Crescendo em Rede está na etapa de acompanhamento através de assessorias individuais (fase de incubação e aceleração de negócios) com os ganhadores do prêmio e até agora já foram realizadas 3 sessões de um total de 6. 

A alegria de Natália ao ver seu trabalho reconhecido trouxe ainda mais fôlego para continuar seu processo de aprendizado e prática! Na busca de parcerias para contribuir com o desenvolvimento das feiras on-line, Natália conseguiu negociar com o Sebrae-RS, o fomento de 105 stands on-line no período de 3 meses. Os expositores interessados contribuem com uma taxa social, possibilitada pela parceria com o Sebrae.

Hoje, o @brickdedesapegos_ já está na sua 7ª edição online, fora as lives que acontecem frequentemente no Instagram do Brick. “As feiras já estão se pagando nesse novo formato, e os expositores estão vendendo. Existe uma dificuldade de adaptação de alguns, mas acredito que o online veio para ficar. Quando o contexto permitir, o Brick avaliará se e como voltar para o presencial”.

Facebook: https://www.facebook.com/BrickDeDesapegos/

Notícias

O que é ser voluntário de verdade?

Texto escrito por Percival Caropreso, profissional de Comunicação, fundador da Setor 2 ½, Conselheiro da Aventura de Construir

Em 1997, ainda na agência de comunicação McCann-Erickson, fomos chamados pela então primeira-dama, Professora  Ruth Cardoso, fundadora do Comunidade Solidária. Ela não gostava de ser chamada de primeira-dama, nem de Dona. Era  Professora Ruth Cardoso mesmo. 

Glen Martins e Carlos Pinto, que comandavam a agência em Brasília, estavam comigo no projeto: lançar o correto conceito do que é ser VOLUNTÁRIO na vida.  

O objetivo era fomentar o nascimento de uma rede nacional integrada de centros de voluntariado, todos com a mesma  visão consciente do que é ser voluntário de fato e compartilhar tecnologias sociais, projetos comuns, aprendizados,  sucessos, erros e acertos. 

Team of volunteers stacking hands

O grande problema é que, no Brasil, a cultura do voluntariado é muito pessoal, emocional. A participação dos voluntários  costuma ser efêmera e se esgotar rapidamente nela mesma. Como se cada um estivesse fazendo o Bem pra contar  pontos num programa de milhagem pessoal para o Céu. 

O voluntário nem sempre trabalha numa causa, mas sim num lugar, num projeto, numa ong. E trabalha quando ele quer,  como ele quer e se ele quer. Geralmente falta consciência estratégica, planejamento, plano de ação, comprometimento,  capacitação, que qualifiquem e fortaleçam esse impulso inicial, apenas pessoal e generoso. 

Aí eu pensei numa hipótese para a campanha de comunicação, arrogante e metida a intelectual. Tive a ousadia de  discuti-la com a professora Ruth Cardoso: questionar essa essência, de que todo voluntário é movido por uma motivação  interna inicial e pessoal. Impetuosa, geralmente egoísta como um salto no escuro. Aí eu comecei o discurso. 

Vontade.  

Vem do Latim, do verbo transitivo volo, vis, velle, volui. Ou seja, basta vontade e pronto.  

Daí vieram vontade (voluntas-tis) e voluntário (voluntarius, a, um). Ou seja, de livre vontade, também uma característica  da atuação voluntária. 

Essa origem do querer, do desejar, é presente em verbos de muitas línguas: vouloir, volere, want, welle. Vontade é a intenção, a projeção que fazemos, hoje, de algo que queremos realizar. No futuro. 

Não por acaso o tempo futuro, em Inglês, é will. Vem do inglês medieval wille, que vem do anglo-saxão willa. Todos de  origem indo-europeia, de onde veio o itálico e também veio o nosso latim. 

Mas o verbo volo, as, are, avi, atum tem também uma forma intransitiva, com outro significado: voar. O mesmo radical está em muitas línguas: volare, volar, voler, voar. Nos idiomas anglo-saxões, a fonética transformou  em fleogan e flyen, que resultaram modernamente em flug e fly. 

Já dizia Ícaro que o Homem pode voar. E o voluntário também: atira-se por impulso para uma aventura que desconhece  o amanhã. 

Nosso papel é desconstruir essa noção inconsciente de que ser voluntário é um breve salto no escuro a partir  de uma vontade generosa e impetuosa, que desconhece o amanhã. 

Temos que comunicar que ser voluntário é manter um engajamento sério, que pressupõe consciência da nossa decisão e  compromisso duradouro com nosso trabalho. Com a causa. Não tem nada a ver com volátil, volúvel, voluteante.  

A professora Ruth Cardoso apenas sorriu, concordou em parte, mas destruiu essa minha hipótese para a campanha de  comunicação: não funcionaria para atrair multidões. Mudamos de assunto. 

Com outra abordagem, a campanha faz sucesso até hoje: “O que você faz bem, pode fazer bem pra alguém. Venha, seu  coração é voluntário.”

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